Deodoro proclamou a primeira ditadura militar
"A vocação autoritária de Deodoro surgiu apenas nove dias depois da sua ascensão ao poder, quando ele nomeou governadores com permissão para prender e arrebentar quem quisessem", escreve Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "Até mesmo o jornal “Deodoro da Fonseca”, publicado em homenagem ao marechal a 24 de setembro de 1892, um mês depois de sua morte definiu seu curto governo como ditadura", lembra
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
“Era um grande cidadão e um grande soldado o marechal Deodoro” escreveu Ruy Barbosa, que fora seu ministro da Fazenda, em “A Imprensa”, no dia 15 de novembro de 1898, “mas não era um homem de estado, não tinha a menor ciência do governo dos homens, não podia compreender e praticar uma constituição, muito menos lançar-lhe os alicerces, inaugurá-la, penetrar-se da sua verdade, comunicá-la aos seus atos, ao seu governo, ao seu tempo. A ocasião era de calma, paciência e confiança no Direito. Não são essas as virtudes da espada feita poder. A oposição parlamentar, que fora sempre a sua obsessão desde o governo provisório fê-la saltar da bainha e a primeira amostra da autoridade republicana em ação que tivemos foi um golpe de estado”.
A vocação autoritária de Deodoro surgiu apenas nove dias depois da sua ascensão ao poder, quando ele nomeou governadores com permissão para prender e arrebentar quem quisessem.
“As medidas ditatoriais devem terminar” protestou o “Diário do Commercio” de 24/11/1889. Mas não terminaram. Não havia dúvida, na época, a respeito do caráter militarista do novo governo, como Aristides Lobo, ministro do Interior do governo provisório confirma em sua carta ao “Diário Popular”, de São Paulo: “Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula”.
Até mesmo o jornal “Deodoro da Fonseca”, publicado em homenagem ao marechal a 24 de setembro de 1892, um mês depois de sua morte definiu seu curto governo como ditadura: “Não há na história da humanidade um fato idêntico: a ditadura do general Deodoro foi de uma benignidade que o tornou digno do amor e do respeito de todos os brasileiros”.
Em artigo de 15/11/1898, Ruy Barbosa escreveu que as desgraças da República não terminaram com a deposição de Deodoro e ascensão do marechal Floriano Peixoto: “À espada sucedeu a espada neste regime que a espada fundou e em que desde então se devia ter contentado com a honra de obedecer. Do bastão de um marechal passamos ao de outro. Menos de seu ofício nos predicados brilhantes da guerra, o segundo era ainda mais soldado que o primeiro no espírito de classe, mais impenetrável que ele aos sentimentos civis, ao espírito de administração. Ao espírito de legalidade, ao espírito de Justiça. Para o firmar no governo, rasgou-se o preceito constitucional e privou-se a nação do direito que ele lhe assegurava de eleger o sucessor a uma vaga aberta nos primeiros dois anos da presidência. Era o golpe de estado pelo sofisma depois do golpe de estado pela força. Este custara ao primeiro ditador o governo em que o segundo se consolidou pelo outro. A custo escapamos de terceiro pela proclamação formal da ditadura, que esteve a pique de rebentar em 15 de novembro de 1894, obstando ao evento do primeiro presidente civil (Prudente de Moraes)”.Deodoro proclamou a primeira ditadura militar
“Era um grande cidadão e um grande soldado o marechal Deodoro” escreveu Ruy Barbosa, que fora seu ministro da Fazenda, em “A Imprensa”, no dia 15 de novembro de 1898, “mas não era um homem de estado, não tinha a menor ciência do governo dos homens, não podia compreender e praticar uma constituição, muito menos lançar-lhe os alicerces, inaugurá-la, penetrar-se da sua verdade, comunicá-la aos seus atos, ao seu governo, ao seu tempo. A ocasião era de calma, paciência e confiança no Direito. Não são essas as virtudes da espada feita poder. A oposição parlamentar, que fora sempre a sua obsessão desde o governo provisório fê-la saltar da bainha e a primeira amostra da autoridade republicana em ação que tivemos foi um golpe de estado”.
A vocação autoritária de Deodoro surgiu apenas nove dias depois da sua ascensão ao poder, quando ele nomeou governadores com permissão para prender e arrebentar quem quisessem.
“As medidas ditatoriais devem terminar” protestou o “Diário do Commercio” de 24/11/1889. Mas não terminaram. Não havia dúvida, na época, a respeito do caráter militarista do novo governo, como Aristides Lobo, ministro do Interior do governo provisório confirma em sua carta ao “Diário Popular”, de São Paulo: “Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula”. Até mesmo o jornal “Deodoro da Fonseca”, publicado em homenagem ao marechal a 24 de setembro de 1892, um mês depois de sua morte definiu seu curto governo como ditadura: “Não há na história da humanidade um fato idêntico: a ditadura do general Deodoro foi de uma benignidade que o tornou digno do amor e do respeito de todos os brasileiros”.
Em artigo de 15/11/1898, Ruy Barbosa escreveu que as desgraças da República não terminaram com a deposição de Deodoro e ascensão do marechal Floriano Peixoto: “À espada sucedeu a espada neste regime que a espada fundou e em que desde então se devia ter contentado com a honra de obedecer. Do bastão de um marechal passamos ao de outro. Menos de seu ofício nos predicados brilhantes da guerra, o segundo era ainda mais soldado que o primeiro no espírito de classe, mais impenetrável que ele aos sentimentos civis, ao espírito de administração. Ao espírito de legalidade, ao espírito de Justiça. Para o firmar no governo, rasgou-se o preceito constitucional e privou-se a nação do direito que ele lhe assegurava de eleger o sucessor a uma vaga aberta nos primeiros dois anos da presidência. Era o golpe de estado pelo sofisma depois do golpe de estado pela força. Este custara ao primeiro ditador o governo em que o segundo se consolidou pelo outro. A custo escapamos de terceiro pela proclamação formal da ditadura, que esteve a pique de rebentar em 15 de novembro de 1894, obstando ao evento do primeiro presidente civil (Prudente de Moraes)”.
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