Delegado da Operação Carne Fraca é o mesmo que tentou dar um golpe no PT do Acre
No estado, onde o PT mais governou até hoje no país, pode-se dizer que os setores da Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Judiciário comprometidos com o golpe parlamentar no mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff, tentaram, com Maurício Moscardi à frente, fazer seu primeiro grande laboratório midiático para extirpar do poder o partido que tirou 40 milhões de brasileiros da fome e da miséria
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No Jornal Nacional da TV Globo desta segunda-feira, 20/03, o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luís Boudens, fez severa crítica à atuação do delegado Maurício Moscardi, na coordenação da investigação da Operação Carne Fraca, que está pondo em risco US$ 14,5 bilhões anuais que a venda de carne brasileira representa para balança comercial do país. Segundo ele, o delegado "não tem experiência para tratar de assuntos delicados, como o eventual abalo econômico advindo de uma grande operação como a Carne Fraca".
A crítica do maior representante da entidade dos policiais federais pode até soar suave diante do passado recente de Maurício Moscardi. Chamado agora, em outras palavras, de incompetente, o delegado protagonizou no Acre, em maio de 2013, um grande espetáculo circense para proporcionar grandes manchetes à mídia golpista do país com o único propósito de tentar sujar o governo local do PT, que já vai para 20 anos governando o estado com os petistas Tião Viana e Jorge Viana, velhos amigos e aliados de primeira hora do ex-presidente Lula.
Ali no estado, onde o PT mais governou até hoje no país, pode-se dizer que os setores da Polícia Federal, Ministério Público Federal e do Judiciário comprometidos com o golpe parlamentar no mandato legítimo da presidenta Dilma Rousseff, tentaram, com Maurício Moscardi à frente, fazer seu primeiro grande laboratório midiático para extirpar do poder o partido que tirou 40 milhões de brasileiros da fome e da miséria.
O dia era 10 de maio de 2013 de uma manhã ensolarada em Rio Branco, capital acreana. Ali, Maurício Moscardi, também protagonizou algo absolutamente inacreditável para a história do Judiciário brasileiro. Acompanhado de uma equipe especial da Globo golpista, o delegado e dezenas de policiais federais desembarcaram no Acre para garantir, naquele mesmo dia, a manchete do Jornal Nacional, espalhada imediatamente e nos dias seguintes pelos demais órgãos de comunicação do país.
A manchete do JN alardeava que a Polícia Federal cumpria desde a madrugada, na operação chamada de G-7, 34 mandados de busca e apreensão e executava 15 prisões de secretários do governo Tião Viana e empresários acreanos acusados de formarem uma "quadrilha" responsável por desvios de milhões do programa federal Minha Casa Minha Vida. Estava, enfim, garantida por Moscardi e sua equipe, a primeira manchete para manchar nacionalmente toda uma administração pública do PT num estado do país.
Passados os momentos do sensacionalismo, descobriu-se que Maurício Moscardi, que foi quem interrogou Lula em condução coercitiva em São Paulo, estava cumprindo ordens não da Justiça Federal, como seria esperado, mas de uma desembargadora (Denise Bonfim) do Tribunal de Justiça do estado, descontente com o governo local, conforme foi ventilado pela imprensa estadual. Afinal, a Polícia em ação era federal e o objeto da denúncia advinha de pretenso desvio de recursos de um programa federal. Lembro, como se fosse hoje, da pergunta que fiz a Moscardi na coletiva de imprensa falando de meu espanto da ordem ter vindo da Justiça estadual e não da Justiça Federal.
Outro espanto maior na imprensa e nos meios jurídicos locais veio com a informação confirmada de que o Ministério Público, nem o estadual e muito menos o federal, não teve acesso, e ficou várias semanas sem conhecer, o teor das denúncias que levaram às buscas e às prisões dos secretários e empresários.
O terror da falta do estado democrático de direito
O fato é que o tempo passou, o processo foi enviado para o âmbito da Justiça Federal - como deveria ter ocorrido desde seu início -, o Ministério Público Federal entrou no processo, dois empresários adoeceram e depois faleceram e o juiz Jair Facundes, da 3ª Vara Federal do Acre, decidiu quase quatro anos depois, no dia 10 de janeiro deste ano, absolver os 21 acusados na tal Operação G-7 por absoluta falta de provas (ver link Estadão http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/justica-absolve-21-da-operacao-g7-no-acre/)
"Se, por um lado, o exame isolado de cada um dos elementos indiciários é insuficiente para mostrar até mesmo a tipicidade dos fatos descritos, por outro lado a perspectiva em conjunto de todos os elementos revela-se igualmente insuficiente para afastar dúvidas razoáveis que afetam diretamente o tipo penal", escreveu o juiz Jair Facundes em sua sentença.
Representante do um secretário e dois empresários, o advogado Rodrigo Mudrovitsch foi mais longe ao afirmar que "a sentença encerra com tecnicidade e correção um processo que jamais deveria ter existido". Para Mudrovitsch, os acusados foram "injustamente submetidos a uma série de medidas descabidas".
Em entrevista concedida em quatro de junho de 2013 (ver link http://ptnosenado.org.br/operacao-g7-da-pf-anibal-diniz-exige-que-justica-do-acre-cumpra-a-lei/), o então senador e jornalista Anibal Diniz (PT-AC) falou de sua total perplexidade sobre os fatos da operação G-7. "Para que se tenha ideia, enquanto o Ministério Público desconhecia a ação policial, a mídia local acompanhou a operação em tempo real, com ampla divulgação na internet e na televisão, como se fosse um espetáculo", assinalou o senador.
E prosseguiu o ex-senador: "Isso evidencia o uso político de todo o processo. Como explicar que os advogados dos acusados não receberam cópias do processo, mas a Rede Globo sim? Como explicar que o Ministério Público desconhecia a operação policial, mas a equipe da Rede Globo que viajou do Rio de Janeiro desembarcou em Rio Branco já sabendo detalhes do que a polícia iria fazer. É, no mínimo, muito estranho".
O ex-senador Diniz foi mais longe ainda ao ser indagado sobre a ausência do Ministério Público no início do processo da operação chefiada por Moscardi. "Essa é a pior parte. Nem o Ministério Público, nem os advogados das pessoas que estão presas há 23 dias tiveram acesso ao processo. Elas não sabem do que estão sendo acusadas. Foram julgadas e condenadas antecipadamente, sem que se respeite o direito de defesa. Não há provas contra elas. Elas foram moralmente condenadas pelo noticiário, como se as reportagens fossem provas irretocáveis. As pessoas que estão presas sem acusação formal transformaram-se em criminosos indefensáveis, sem que haja acusação formal da Justiça contra elas", afirmou o senador.
Mais do que não apresentar provas, mais do que condenar pessoas sem julgamento, mais do que execrar a honra e a dignidade de 19 inocentes, mais do que matar duas pessoas por "indignação e revolta" e mais do que condenar previamente um partido, que há cinco eleições é escolhido de forma livre e soberana pelo povo, o ato tresloucado e irresponsável de Maurício Moscardi e sua trupe televisiva e golpista deve ficar como exemplo da escuridão e do terror que a falta do estado democrático de direito faz às pessoas, a um estado, a um país e mesmo ao mundo.
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