Deixem Joaquim Levy trabalhar

Ao cortar com mãos de cirurgião a gordura das finanças públicas sem picotar a saúde da economia, Levy retomará o consenso ensaiado a seu favor e ultrapassará o tumulto gerado pela dualidade ideológica

Ao cortar com mãos de cirurgião a gordura das finanças públicas sem picotar a saúde da economia, Levy retomará o consenso ensaiado a seu favor e ultrapassará o tumulto gerado pela dualidade ideológica
Ao cortar com mãos de cirurgião a gordura das finanças públicas sem picotar a saúde da economia, Levy retomará o consenso ensaiado a seu favor e ultrapassará o tumulto gerado pela dualidade ideológica (Foto: Leonardo Attuch)


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Um consenso e uma paranoia envolvem, neste momento, o personagem-chave para o sucesso ou não do segundo governo da presidente Dilma Rousseff. Anunciado na quinta-feira 27 como novo ministro da Fazenda, o economista Joaquim Levy tem a missão considerada unânime de ajustar as contas públicas. Na largada, Levy conseguiu, por seu histórico profissional no serviço público e no setor privado, uma proeza que nenhum de seus antecessores alcançou. Para lembrar o mínimo, ele detém o aval dos antagônicos ex-presidentes Lula e  FHC e dos concorrentes bancos Bradesco e Itaú, com o bancário Luiz Carlos Trabuco e o banqueiro Roberto Setubal ambos respaldando seu nome. Ele conta, ainda, com a admiração tanto de Armínio Fraga, que seria o ministro do tucano Aécio Neves, como do ex-ministro petista Antônio Palocci. 

Nesta medida, Levy chega o mais próximo possível, no campo político-partidário, do que se pode ter como nome aceito por (quase) todos.

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Porém, há igualmente, e talvez com mais peso ainda, uma forte esquizofrenia à volta dele. Quando Levy era ainda apenas um boato, ao virar especulação e até lhe ser dado, pela presidente Dilma, o uso da palavra como ministro indicado oficialmente, o ministro indicado foi o maior, e para muitos o único, responsável pela euforia que tomou conta do mercado financeiro. A bolsa de valores subiu com consistência no dias anteriores ao ato da quinta-feira, no Palácio do Planalto, deixando para trás a depressão de quase todo um ano.

Exatamente porque agradava demais aos investidores, Levy se viu instalado no meio da permanente luta interna do PT. Ele despertou temores de que suas ‘mãos de tesoura’ retalhariam os manequins da vitrine social do partido, esfiapando figurinos como o vistoso bolsa família. Nos dias que separaram sua escolha informal do anúncio oficial, Levy entendeu rapidamente o que os petistas costumam chamar de fogo amigo. 

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Bastou ele falar – e falar, como ministro indicado, em preservar os programas sociais tão caros ao PT – e pronto! A bolsa, que vibrava a favor, reverberou contra. Os papeis da Petrobras, elemento principal na construção do índice de todas as companhias listadas, despencaram.

Pela mesma medida da fala inaugural de Levy, é de se acreditar que os petistas descontentes com a escolha de Dilma programariam uma festa para dançar alegremente ao som de abertura inicial produzido por ele.

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A bipolaridade, como hoje se sabe, é uma doença de diagnóstico complexo e cura vagarosa. Não há sinais de que a instabilidade de opiniões sobre o novo ministro venha a se dissipar com a velocidade desejada pelo Brasil, o paciente que tem pressa. O remédio certo virá mesmo das receitas objetivas a serem escritas pelo novo ministro e praticadas pelo governo. Ao cortar com mãos de cirurgião, isso sim, a grossa gordura das finanças públicas sem picotar a saúde da economia, Levy retomará o consenso ensaiado a seu favor e ultrapassará o tumulto gerado pela dualidade ideológica. Para tanto, com o máximo de tranquilidade possível que se lhe possa conceder, o correto a fazer agora é deixar Joaquim Levy trabalhar. Como dizia Vladmir Iitch Ulianóv, o Lenin, a prática é o critério da verdade. 

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