Debate fundamental

O jornalista Breno Altman avalia a entrevista em que o senador eleito Cid Gomes (PDT-CE) defende uma oposição "programática" ao governo de Jair Bolsonaro (PSL); Cid não tem papas na língua: sua 'frente democrática' simplesmente exclui o PT, tanto por cálculo eleitoral para 2022, aparentemente, quanto por considerar incompatível a tática que propõe com um forte partido da classe trabalhadora que não aceite a hegemonia ou os limites das franjas liberais-democráticas da futura oposição a Bolsonaro", diz Altman

Debate fundamental
Debate fundamental (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)


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A entrevista do senador eleito pelo Ceará, Cid Gomes (PDT), irmão de Ciro, publicada pelo Estadão de hoje, merece ser lida com atenção.

Ao ele propor que a oposição a Bolsonaro deve ser "programática", e não "sistemática", propondo alianças com a centro-direita e até a direita (ele revela simpatias por Rodrigo Maia, do DEM, por exemplo), ao mesmo tempo em que critica duramente o PT, expõe a existência de duas táticas no campo progressista.

A primeira opção, aparentemente majoritária no PT, é a de frente popular e oposição frontal. Aliança orgânica apenas com os setores progressistas, embora realizando acordos pontuais com outros segmentos em defesa da democracia política. Programa centrado na defesa dos direitos sócio-econômicos e da soberania nacional. Prioridade às lutas sociais e não aos espaços institucionais.

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A outra alternativa foi vocalizada por Cid, mas conta com forte apoio no PDT, no PSB e até no PCdoB, podendo arrancar apoios mesmo no PT. Esses setores defendem "frente democrática", embora nem todos sejam favoráveis à "oposição programática" contra à tese da "oposição sistemática". Na prática, representa estender a coalizão anti-Bolsonaro até à centro-direita e mesmo à direita. O mínimo denominador comum dessa aliança seria a defesa da democracia política, já que a política econômica defendida pelos partidos de centro-direita e direita está no campo do bolsonarismo. Essa lógica empurra seus defensores ao privilégio do espaço institucional e à busca de contradições no bloco neofascista como motor de ampliação da frente proposta.

Cid não tem papas na língua: sua "frente democrática" simplesmente exclui o PT, tanto por cálculo eleitoral para 2022, aparentemente, quanto por considerar incompatível a tática que propõe com um forte partido da classe trabalhadora que não aceite a hegemonia ou os limites das franjas liberais-democráticas da futura oposição a Bolsonaro.

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