Debate entre PT e PSol é inútil

Escrevo para que fique claro que é inútil debater com esse partido. Pelo menos enquanto não amadurecer, não desenvolver o mínimo senso de ridículo. E, sobretudo, enquanto continuar dopado pela pior das drogas: o rancor contra o partido do qual nasceu



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Não houve propriamente um “debate entre o PT e o PSOL”, como amigos blogueiros escreveram sobre um debate que, em verdade, foi travado na internet entre duas importantes lideranças desses dois partidos tão diferentes, apesar da origem comum.

Quem debateu foram Valter Pomar, uma liderança histórica do PT, e o professor e cartunista Gilberto Maringoni, do PSOL. Mas, sim, eles debateram sobre as divergências – que vejo insanáveis – entre os seus partidos.

Para informar quem não os conhece: Pomar esteve à frente da Secretaria de Relações Internacionais do PT de 2005 a 2009 e, desde então, ocupa o cargo de Secretário Executivo do Foro de São Paulo; Maringoni foi candidato a vereador pelo PSOL em 2012.

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Uma dúvida: será que alguém dirá que um petista que ajuda a dirigir o Foro de São Paulo é “de direita”?

Ironicamente, não conheço Pomar em pessoa. Contudo, conheço Maringoni, com quem estive na Conferência Nacional de Comunicação (Confecom) em 2010 – ambos fomos delegados por São Paulo –, em encontros de blogueiros e em vários outros eventos.

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Antes de prosseguir, uma explicação: prometi a um amigo de quem gosto muito – e que me avisou do ataque de Maringoni – que não responderia ao ataque que eu e outros que pensam como eu recebemos, mas tenho uma razão para romper a promessa, a qual irei expor mais adiante.

Maringoni, por opção própria, tornou-se desafeto deste que escreve. Surtou quando fiz a primeira crítica aos protestos de junho do ano passado, convocados pelo Movimento Passe Livre.

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Em 12 de junho de 2013, escrevi o post Por que levam coquetéis molotov a “manifestações pacíficas”? O trecho daquele post que fez o psolista em tela surtar, foi este:

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“(…) Quem leva rojões (…), gasolina e coquetéis molotov a uma imensa aglomeração, por certo está procurando encrenca (…)”.

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No alto deste texto, o leitor vê imagem do protesto que comentei no post supracitado. Essa cena ocorreu no dia 6 de junho de 2013. Matéria do portal G1 relatou o episódio. Abaixo, trecho da matéria.

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“(…) Os protestos realizados nesta quinta-feira (6) contra o aumento das tarifas do transporte público deixaram um rastro de destruição e sujeira na Avenida Paulista. O vandalismo atingiu a estação Brigadeiro do Metrô, o Shopping Paulista, bases móveis da PM, bares e bancas de jornais da região (…)”

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Alguns dirão: “Ah, você, então, agora acredita na Globo?”. Não, não tomo ao pé da letra nada do que sai na grande mídia. Mas, nesse caso, foi diferente.

Naquele mesmo dia, mas no começo da noite, na hora em que o Movimento Passe Livre estava tocando o terror na avenida Paulista, eu, que resido na região, tive que levar minha filha caçula (hoje com 15 anos) às pressas ao hospital Santa Catarina – que fica naquela avenida.

Era urgente levar a menina ao hospital porque ela tem paralisia cerebral e estava com começo de pneumonia – quem conhece direito alguém com tal quadro de saúde sabe o que isso significa.

Levei minha filha de carro porque a ambulância estava demorando e resido a poucas quadras do hospital. Contudo, não consegui chegar lá. Devido ao que estava acontecendo, fomos para outro hospital.

Comigo, no carro, estavam minha mulher, minha filha e a enfermeira dela. Porém, não havia como chegar ao Santa Catarina. Era um risco transitar pela região com uma pessoa tão doente junto, além do que havia bloqueios feitos pelos manifestantes.

E aqueles manifestantes estavam enfurecidos. Na verdade, estavam enlouquecidos. Tocavam fogo por toda parte, quebravam tudo que viam pela frente. Perderam totalmente o controle.

As mulheres, no carro, entraram em pânico. A menina estava passando mal. Tinha 40 graus de febre, batimentos cardíacos baixíssimos, era uma situação de emergência. E como ela nasceu e sempre se tratou no Santa Catarina, queríamos levá-la para lá.

Aliás, cansei de ver ambulâncias impedidas por protestos, ano passado.

Interrompo a narrativa, neste ponto, para dar uma informação relevante à compreensão do caso: este que escreve não tem ligação alguma com o PT ou com qualquer partido político, sindicato etc. e nunca se candidatou – e jamais se candidatará – a nada.

Retomando: o psolista em questão leu meu post, enfureceu-se, veio a este blog e deixou um comentário virulento, cheio de insultos. Tentei contemporizar, pois conheço essa pessoa, mas nem explicando o que acabo de explicar acima ele quis saber.

Perdi a paciência e deletei seus comentários.

Como conheço o sujeito, ainda lhe enviei um e-mail depois que a situação se acalmou, tentando contemporizar. Dessa vez ele foi mais receptivo. Chegamos a nos encontrar depois, em um evento da Agência Carta Maior, e conversamos civilizadamente.

Porém, quando os black blocs mataram o cinegrafista da Bandeirantes e postei relatos sobre o envolvimento do PSOL com eles, Maringoni surtou de novo e começou a espalhar ataques a mim no Facebook por conta da minha opinião. Ataques pesados, cheios de insultos.

Não dei bola. Escrevo sobre política. Tenho opiniões bem sólidas. Dessa maneira, tem gente que me adora e tem gente que me odeia.

Uma curiosidade: outro dia descobri que uma turminha do PSOL criou um clube no Twitter que se dedica exclusivamente – acredite quem quiser – a falar mal deste que escreve. Criticam até a minha barriguinha, cultivada ao longo de quase trinta anos.

Bem, eu quero mais é que se explodam. Não dou bola a essas coisas. Se nem Jesus Cristo conseguiu ser unanimidade, não serei eu a conseguir.

Conto toda essa história para que entendam o que vem a seguir.

Nesse debate improvisado com Valter Pomar, Maringoni fez ataques a mim, a Paulo Henrique Amorim e ao colunista da revista Carta Maior Antonio Lassance, quem não conheço. Agiu desse modo simplesmente por nossas opiniões contrárias aos protestos do ano passado e deste, contra a Copa.

O texto em que começou essa bobagem irrelevante, porém, obviamente (de novo) partiu de Maringoni. Ele, como tantos outros, não me esquece. Não consigo entender a importância que tucanos, pefelês (ou demos, como preferirem) e psolistas me dão. Mas eles dão. E muita.

Mas não foi por isso que escrevi este post. Escrevo para demonstrar que Pomar – quem defendeu a mim, a PHA e a Lassance – gastou vela com mau defunto. O PSOL é infantil. Sua maioria age como garoto briguento – há exceções, como Jean Wyllys, mas são exceções.

Abaixo, pois, reproduzo o primeiro ataque que Maringoni fez recentemente aos blogueiros acima citados, a primeira defesa que Pomar fez de nós, um segundo ataque de Maringoni aos mesmos blogueiros e a segunda defesa que Pomar nos fez.

Maringoni escreveu a seguinte enormidade em seu perfil no Facebook:

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Há algumas semanas, setores do PT passaram a atacar de forma violenta o PSOL, sem motivo aparente. Primeiro foram blogueiros das franjas petistas – que podem ter ligações com o aparato de segurança do governo – como Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães e Antonio Lassance. Essa primeira investida tentava vincular a morte do cinegrafista da Bandeirantes, Santiago Andrade, em manifestação pública no Rio de Janeiro, ao deputado [do PSOL] Marcelo Freixo (…)”.

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Pomar respondeu:

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Prezado Maringoni, acho que não ajuda dizer que ‘blogueiros das franjas petistas’ como Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães e Antonio Lassance ‘podem ter ligações com o aparato de segurança do governo’. Primeiro, porque é irrelevante: conheço centenas de petistas sem nenhuma ligação com o governo e que fizeram críticas duríssimas ao PSOL em função dos fatos citados. Segundo, porque trata-se de uma especulação totalmente sem fundamento. Terceiro, porque – ao menos para quem é da tradição da esquerda – este tipo de insinuação envenena o ambiente, quando o teu objetivo deveria ser distensionar o ambiente entre PT e PSOL, certo? (…)”

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Maringoni voltou ao ataque:

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“(…) Você diz que minha afirmação sobre blogueiros das franjas petistas – que podem ter ligações com o aparato de segurança do governo – como Paulo Henrique Amorim, Eduardo Guimarães e Antonio Lassance é uma especulação sem fundamento.

Sinto, mas prefiro manter minha desconfiança alerta. Em junho do ano passado, tive uma ácida discussão com Guimarães aqui pelo FB. Antes dos black blocs começarem suas arruaças, quando havia poucos provocadores nas manifestações, Guimarães afirmou que os manifestantes portavam coquetéis molotov nas mochilas. Eu o desafiei a provar a afirmação. Ele demorou, demorou e depois me apareceu com a declaração do comandante da PM, dada a um jornal, para corroborar sua sentença. Denunciei imediatamente que ele – ausente dos atos – se valia da palavra da polícia para comprovar suas acusações.

Amorim, por sua vez, em 27 de janeiro deste ano, sapecou em seu blog uma manchete digna de nota: ‘Não vai ter Copa é um movimento terrorista!’. Deploro a palavra de ordem ‘Não vai ter Copa’. Mas chamar o movimento de terrorista significa adentrar um terreno perigoso.

Pois logo em seguida, setores da direita no Congresso – alguns da base aliada e pelo menos um senador petista – começaram a articular a aprovação da lei antiterror.

Já Lassance, em 11 de fevereiro, soltou uma pérola, na Carta Maior: ‘A conivência do PSOL com os black blocs’. Talvez este tenha sido o pior. Deu a senha – ou a ‘linha’, como se dizia em outros tempos – para os destrambelhados ataques da Globo e da direita contra nosso partido e, em especial, contra Marcelo Freixo.

Foi o que bastou para que Alckmin, ato contínuo, desatasse aquela ação alucinada do batalhão Ninja, elogiada pelo ministro Cardozo e pelo prefeito Haddad (…)”

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Antes de publicar a resposta de Pomar, um comentário: quer dizer que Alckmin leu Eduardo Guimarães, Paulo Henrique Amorim, Antonio Lassance e, num lampejo de petismo (já que pertencemos, os blogueiros, ao “aparato de segurança do governo”), decidiu montar o “batalhão ninja”?!

Fala sério…

E um detalhe: demorei coisa nenhuma a responder sobre a “prova” que Maringoni pediu de que havia coquetéis molotov na manifestação. Não havia prova possível. Estava no carro com minha família e vi. Como exigia “provas”, dei o link da declaração de um oficial da PM.

O que Maringoni queria, que eu tivesse tirado fotos enquanto minha filha convulsionava no banco de trás do carro?

Contudo, pouco me importa no que esse indivíduo acredita. Escrevo este texto para chegar ao que diz seu título, ou seja, à inutilidade de o PT pedir serenidade e maturidade ao PSOL.

Abaixo, pois, a resposta de Pomar ao segundo ataque de Maringoni aos blogueiros:

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“(…) Você acusou [Paulo Henrique] Amorim, Eduardo [Guimarães] e [Antonio] Lassance de ‘ligações com o aparato de segurança do governo’.

Agora você apresenta teus indícios disto: Eduardo teria citado uma ‘declaração do comandante da PM, dada a um jornal, para corroborar sua sentença’. Amorim no dia 27 de janeiro teria chamado o ‘Não vai ter Copa’ de ‘terrorista’ e ato contínuo setores da direita no Congresso começaram a ‘articular a aprovação da lei antiterror’. E Lassance escreveu sobre a ‘A conivência do PSOL com os black blocs’, depois do que Alckmin e outros patrocinaram a barbárie.

Desculpe, Maringoni, mas nada disto permite você acusar alguém de ter ‘ligações com o aparato de segurança’.

Você está criticando opiniões políticas. Não é preciso ter ligações com o aparato de segurança para citar uma declaração de um policial, para considerar o não vai ter Copa como terrorista ou para falar das ligações do PSOL com os Black Blocks. E o aparato de segurança controlado pela direita não precisa de pretextos, nem de instruções de gente de esquerda, para fazer o que está fazendo.

Respeitosamente, acho que você pesou a mão. E faria melhor em reconhecer isto. Manter a desconfiança ligada é um dever; alardear esta desconfiança, sem que haja embasamento sólido, é uma estultice, no mínimo(…)”

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Retomo: quando, lá atrás (em 12 de junho de 2013), eu disse que havia coquetéis molotov e outros artefatos perigosos nas mãos dos que protestavam, Maringoni surtou. Negou que existiam esses artefatos nos protestos, apesar dos incêndios, de tudo o que todos viram.

O ex-candidato a vereador pelo PSOL diz que, naquele momento (junho de 2013), não havia black blocs. Conversa fiada. Havia, sim. Se ainda não se autoproclamavam black blocs, faziam o que fazem os black blocs. Ponto.

Uma derradeira pergunta, antes de terminar: hoje em dia alguém põe em dúvida que os que fazem protestos desde o ano passado usam coquetéis molotov e outros artefatos perigosos?

Enfim, escrevi este texto não pelos ataques que eu e outros blogueiros sofremos de Maringoni. Recebemos ataques muito piores todos os dias, ainda que de gente bem menos relevante do que o ex-candidato a vereador que não conseguiu se eleger pelo PSOL.

Escrevo para que fique claro que é inútil debater com esse partido. Pelo menos enquanto não amadurecer, não desenvolver o mínimo senso de ridículo. E, sobretudo, enquanto continuar dopado pela pior das drogas: o rancor contra o partido do qual nasceu.

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