De volta para o futuro
O ex-presidente Lula poderá ser compelido a voltar à liça eleitoral este ano, como candidato a Presidente da República, caso a presidenta Dilma Roussef não consiga superar em curto prazo as dificuldades com o PMDB
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá ser compelido a voltar à liça eleitoral este ano, como candidato a Presidente da República, caso a presidenta Dilma Roussef não consiga superar em curto prazo as dificuldades de relacionamento com o seu principal aliado, o PMDB. Na visão dos que defendem a candidatura do ex-presidente, essa seria a única solução para impedir que o seu partido, o PT, seja apeado do poder. Isto porque as ações de rebeldia da base aliada, sob a batuta dos peemedebistas, poderão causar danos político-eleitorais irreversíveis para o projeto de reeleição da Presidenta, com efeitos negativos junto ao eleitorado.
A convocação (ou convite) aprovada pela base aliada esta semana, para que pelo menos dez ministros compareçam à Câmara Federal a fim de prestarem esclarecimentos, embora considerada como procedimento natural num regime democrático, na verdade foi uma demonstração de força, especialmente do PMDB, para mostrar ao Planalto que a Presidenta não tem o controle do Congresso. Os rebeldes, liderado pelo deputado peemedebista Eduardo Cunha, ao aprovarem também a criação de uma comissão para investigar a Petrobrás simplesmente estão mandando um aviso bastante claro para Dilma, como se dissessem: “Se não formos tratados a pão-de-ló faremos muito pior”.
O ato radical de rebeldia, um dia depois da divulgação de notícias sobre a pacificação do PMDB, que levou a presidenta Dilma Roussef a afirmar no exterior que o partido só lhe dava alegrias, por outro lado deixou mal o vice-presidente Michel Temer, que coordenara as conversas de conciliação, ao mesmo tempo em que reforçava a liderança do deputado Eduardo Cunha que, agora, se atribui o direito de avalizar ou vetar aspirantes a ministro. De repente, o líder da bancada na Câmara Federal passou a ser o homem forte do partido, assumindo a pose de comandante, ofuscando até mesmo o presidente Valdir Raupp.
Não há dúvida de que atitudes de independência do Legislativo fortalecem o regime democrático, mas os descontentes só contabilizariam crédito junto ao eleitorado se os motivos da rebeldia estivessem relacionados com os interesses do povo. Não é o caso. A revolta tem como causa interesses pessoais contrariados, o que apequena a postura dos rebeldes aos olhos da população mais esclarecida. Por outro lado, tem-se a impressão de que o PMDB, que sempre esteve atrelado ao poder, está dando um tiro no pé. Se com Dilma é ruim, pior sem ela. Ou será que os peemedebistas imaginam que terão mais espaço num eventual governo tucano? Ou que terão chances de vitória com uma candidatura própria?
O fato é que a revolta liderada pelo deputado Eduardo Cunha só está beneficiando mesmo a oposição que, rindo de orelha a orelha, assiste de camarote a briga de comadres. E, contrariando o que afirmou a presidenta Dilma, o PMDB está dando alegrias mesmo é à oposição, cujos candidatos à sua sucessão até reduziram os ataques, esperando pelos estragos na base aliada para recolherem os cacos. Diante desse panorama, com evidentes prejuízos para o governo, é que os admiradores de Lula engrossam o coro pela sua volta, convencidos de que ele tem mais carisma e jogo de cintura para pacificar os peemedebistas e garantir uma vitória mais tranqüila para o Partido dos Trabalhadores. Embora defensor da reeleição de Dilma, o ex-presidente poderá antecipar, forçado pelas circunstâncias, a sua candidatura, antes prevista para 2018.
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