De volta à razão
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No século XVIII, ao tempo dos iluministas, acreditou-se que, caótico como estava, o ambiente social não poderia encontrar o diapasão de suas verdadeiras vontades. A aristocracia defendia os direitos adquiridos, pouco lhe importando o sofrimento dos demais, os mais pobres. O acirramento dos costumes e de uma teoria crítica contribuiu para o desenvolvimento de uma concepção nova: a razão. Acontecimentos posteriores, na busca efetiva de tal conceito criou uma contrapartida de visão pela qual a noção em pauta dos iluministas não dava conta do recado. O caos dominava o mundo, de repente amparando-se na própria ideia de razão para cometer atrocidades, dos campos de concentração à explosão da bomba atômica...
É fato que mesmo agora, no século XXI, lutando para melhorar os sistemas de organização, o muro que se ergue diante de nós, não sem apoio popular, esconde mal as sombras que nos contaminam, quando mais desejamos a claridade. Defensores das trevas imaginam que descobriram a chave do sucesso pela manipulação da opinião pública e a inversão dos ingredientes que, mal ou bem, obedecem a vontades, ainda que dos de cima. As eleições reequilibrariam as forças em disputa, mas estas igualmente permanecem sob o alvo de contaminações que, em vez de difundir felicidade, arrastam a maioria para a fome e o infortúnio. Para reequilibrar a balança, existe ainda, por outro lado, quem defenda as hipóteses da razão. Somente com elas, supõe-se, deteremos os esforços da opressão, da falta de inteligência e do exibicionismo cruel com que nos últimos quatro anos, os homens de boa vontade, com um mínimo de lucidez se transformaram em alvo de disparates alucinados. Na epidemia, riram-se dos mortos; as universidades foram abandonadas e se encontram à míngua; não se investe em educação, não se constroem entendimentos e dão de ombros para o aumento da miséria cada vez mais visível e escandalosa. Mesmo fechados em suas mansões magníficas, observadores tocados pela fortuna não ignoram o que acontece em volta.
É assim que, novamente, neste período eleitoral, derrotar o bolsonarismo e o capitão que nos desgoverna tornou-se uma prioridade da razão, além de todos os sentidos da justiça. O Brasil, com ecos na América Latina e fora dela, incluindo a Europa, clama por mudança. Continuar como estamos corresponderia a uma espécie de suicídio nacional. Observando as adesões de um lado e de outro parece o bastante para distinguir por onde se encaminham a razão e o caos, os dois lados da moeda em que nos colocamos, ansiosos atrás de soluções. Isto porque o caos, afeito às armas e a infrações militarizadas, gosta do autoritarismo atrasado, combate a lucidez em seus campos de atuação, e odeia o uso da inteligência. Donos do caos acreditam que a popularidade os alcançará, já que os alcançou na Alemanha nazista e na Itália fascista. Enganam-se. Dotado de razão, o pensamento vê, analisa e conclui. Está acima de contingências imediatas.
A maior qualidade de Luís Inácio Lula da Silva, na circunstância, consiste em não se deixar abalar pelo desvario que varre alguns cantos do país à procura de adeptos. Nem mesmo a máquina administrativa, funcionando a todo vapor, dará conta do recado. Ele, o Lula, tem espírito forte. Viveu e superou situações dificílimas. É, com efeito, um vitorioso. As tropas da estupidez chegarão ao fim quase sem fôlego. Sentindo os eflúvios do fracasso, dão sinais de perder o fôlego. Por isso reclamam dos tribunais e dos magistrados que garantem, com seus ajustes, o curso da campanha. O caos é rápido, a razão é lenta, mas logo se vê por que o primeiro não nos serve e a segunda traz resultados. Mesmo aos trancos e barrancos, a racionalidade, mais do que irracionalidade provou que tem o que dizer. E dirá.
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