De todos os lugares do Brasil

A jornalista Denise Assis rebate cada ponto do documento do Ministério da Defesa que exalta o Golpe Militar de 1964

(Foto: 1992 ACCUSOFT INC, ALL RIGHTS RE)


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Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

Brasília, DF, 31 de março de 2020.

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De todos os lugares do Brasil

O Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. O Brasil reagiu com determinação às ameaças que se formavam àquela época.

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Sim. Ameaças americanas à nossa soberania. Ou os militares golpeavam o presidente João Goulart, ou eles mesmos o fariam. E pela gravação feita no salão oval da Casa Branca, a verba para o golpe já estava até disponibilizada: 8 milhões de dólares (“O Dia que durou 21 anos” – filme de Camilo Tavares). Apoio americano assumido e fartamente documentado em telegramas diplomáticos entregues pelo governo americano à CNV.

O entendimento de fatos históricos apenas faz sentido quando apreciados no contexto em que se encontram inseridos.  O início do século XX foi marcado por duas guerras mundiais em consequência dos desequilíbrios de poder na Europa. Ao mesmo tempo, ideologias totalitárias em ambos os extremos do espectro ideológico ameaçavam as liberdades e as democracias. O nazifascismo foi vencido na Segunda Guerra Mundial com a participação do Brasil nos campos de batalha da Europa e do Atlântico. Mas, enquanto a humanidade tratava os traumas do pós-guerra, outras ameaças buscavam espaços para, novamente, impor regimes totalitários.  

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Em toda a América do Sul, como de fato assistimos. Ditaduras sanguinárias foram estabelecidas e tuteladas pelos EUA.

Naquele período convulsionado, o ambiente da Guerra Fria penetrava no Brasil.  Ingredientes utópicos embalavam sonhos com promessas de igualdades fáceis e liberdades mágicas, engodos que atraíam até os bem-intencionados. As instituições se moveram para sustentar a democracia, diante das pressões de grupos que lutavam pelo poder. As instabilidades e os conflitos recrudesciam e se disseminavam sem controle. Instabilidades planejadas e organizadas pelo Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais – IPÊS, com o apoio da mídia – como sempre, a fim de desmoralizar e forçar a queda do presidente Jango.

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A sociedade brasileira, os empresários e a imprensa entenderam as ameaças daquele momento, se aliaram e reagiram. As Forças Armadas assumiram a responsabilidade de conter aquela escalada, com todos os desgastes previsíveis.  

Conforme descrito acima e no próprio parágrafo, uma verdadeira confissão.

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Aquele foi um período em que o Brasil estava pronto para transformar em prosperidade o seu potencial de riquezas. Faltava a inspiração e um sentido de futuro. Esse caminho foi indicado. Os brasileiros escolheram.  Entregaram-se à construção do seu País e passaram a aproveitar as oportunidades que eles mesmos criavam. O Brasil cresceu até alcançar a posição de oitava economia do mundo. (Ler artigo de hoje, da jornalista Míriam Leitão, em que os pesquisadores e economistas Marcelo Medeiros e Rogério Barbosa, falam de suas pesquisas que, enfim, comprovam cientificamente:  

Nossa principal conclusão até o momento é de que o crescimento de 1960 a 1970 foi altamente pró-ricos (...)”.

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A Lei da Anistia de 1979 permitiu um pacto de pacificação. Um acordo político e social que determinou os rumos que ainda são seguidos, enriquecidos com os aprendizados daqueles tempos difíceis.  

Acordo: igualar e anistiar torturados e torturadores, a fim de que os horrores praticados fossem esquecidos e ignorados. Sem punição para os verdugos, que agiram sob o comando do Estado Brasileiro, matando e desaparecendo com os corpos de suas vítimas.

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O Brasil evoluiu, tornou-se mais complexo, mais diversificado e com outros desafios.  As instituições foram regeneradas e fortalecidas e assim estabeleceram limites apropriados à prática da democracia. A convergência foi adotada como método para construir a convivência coletiva civilizada. Hoje, os brasileiros vivem o pleno exercício da liberdade e podem continuar a fazer suas escolhas.  

A custa de muitas vidas de jovens estudantes, trabalhadores, sacerdotes, freiras, professores, jornalistas... Suas mortes ecoaram no exterior, até que os próprios americanos, patrocinadores do golpe reconhecessem os abusos e dissessem: chega, no período do ditador Geisel. Foi a Constituinte e a Constituição de 1988 que os colocou de volta aos quartéis e fortaleceu as instituições.

As Forças Armadas acompanharam essas mudanças. A Marinha, o Exército e a Aeronáutica, como instituições nacionais permanentes e regulares, continuam a cumprir sua missão constitucional e estão submetidas ao regramento democrático com o propósito de manter a paz e a estabilidade.  

Desde que o ministério da Defesa, depois de 1988, passou às mãos civis e os militares, com os crimes expostos em várias oportunidades, por estudiosos e jornalistas, recolheram-se.

Os países que cederam às promessas de sonhos utópicos ainda lutam para recuperar a liberdade, a prosperidade, as desigualdades e a civilidade que rege as nações livres.  

Com dificuldades, embargos econômicos e sob muita hostilidade americana e de países alinhados contra o regime que escolheram para viver.

O Movimento de 1964 é um marco para a democracia brasileira. Muito mais pelo que evitou.  

Sem dúvida. Para os que têm memória dos horrores perpetrados, para os que buscaram ler e pesquisar todos os abusos cometidos, para os que lutam para que NUNCA MAIS ACONTEÇA, 1964 É UM MARCO! E que assim seja.

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