De golpe de golpe se destroi uma nação
Domingo não é apenas mais uma eleição, trata-se de pôr fim ao delírio golpista e retomar o caminho da democracia, sem mais sustos ou golpes
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A ditadura civil-militar que se instalou no Brasil após o golpe de 1964, foi um processo bem planejado, tanto que teve apoio da opinião pública. A imprensa foi fundamental na manipulação de informações e criação de um ambiente favorável ao golpe, envolvendo o clero e empresários.
O Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais (IPES) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD), criados em 1961, cuidaram da articulação de ações, preparatórias ao golpe. Se dedicavam, diuturnamente, a uma campanha midiática para manipular a opinião pública e amplificar oposição ao governo de João Goulart nas diversas classes e depois incitar a necessidade da derrubada de seu governo.
O método do IPES foi intensa campanha midiática frente a opinião pública; o mesmo método garantiu o sucesso das marchas de junho de 2013, da Lava-Jato e da campanha do impeachment.
Grupos como a American Economic Foundation e o Latin American Information Committee, financiavam o necessário para depor os presidentes da América Latina que se negassem a se alinhar ao projeto político estadunidense.
Com dinheiro de sobra o IPES montou a estrutura necessária para semear o terror em torno de um inexistente “perigo vermelho”; acusar o governo de João Goulart de comunista, apesar de as políticas proposta por Goulart terem natureza capitalista e reformista.
A “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”, organizada pelo IPES, levou cerca de 500 mil pessoas às ruas para protestar contra as ‘Reformas de Base’ e teve forte impacto na opinião pública e normalizou o golpe que implantou a ditadura.
Nasci em 1964, João Goulart ainda era o presidente.
Não vivi os anos negros da ditadura, contudo, participei, a partir de 1979, do processo de restauração do movimento estudantil.; da volta do pluripartidarismo; das eleições de 1982; das manifestações pelas Diretas em 1984; assisti pela TV a eleição de Tancredo e a posse de Sarney; a transição democrática; a vitória de Jacó Bittar em Campinas em 1988; o nascimento da Nova República em 1989 com a eleição direta de Collor, sua posse em 1990 e o impeachment em 1992; descobri em Itamar Franco um democrata e progressista, que venceu a inflação; depois, FHC, eleito e reeleito, rendeu-se ao liberalismo, vendeu “a preço de banana” o que poderia ser privatizado e também o que jamais deveria ter sido; FHC entregou ao seu sucessor um país refém do FMI, com inflação e desempregos altíssimos, um PIB medíocre e sem reservas cambiais.
Em 2003 finalmente o povo brasileiro chegou ao Planalto representado por um torneiro mecânico, que fez-se sindicalista, fundou um partido social-democrata e tornou-se uma das lideranças populares mais importantes do final do século XX e das primeiras décadas do século XXI. Após oito anos Lula pode comemorar um governo exitoso e a eleição da sua sucessora, Dilma Rousseff em 2010.
Em 2013 assistimos, sem entender, as marchas de junho que derrubaram a aprovação de Dilma de mais de 80%, para pouco menos de 10%, testemunhamos o nascimento do MBL e afins.
Acredito que as ‘marchas de junho de 2013’ tinham por objetivo criar as condições para a derrota de Dilma em 2014.
Contudo, Dilma venceu, para desespero daqueles que planejaram sua derrota e, por essa razão, teve início, antes mesmo da sua posse em 2015, uma campanha para sua destruição, do PT, de Lula e pelo impeachment, o que ocorreu em 2016.
Diante dessa retrospectiva é possível comparar a atuação do IPES, com as ‘marchas de 2013’, com estruturas como o ‘MBL’ e com a Lava-Jato, todos financiados por interesses internacionais.
MBL seria criação dos irmãos Koch, donos de um conglomerado de empresas, inclusive na área petrolífera, tanto que seus coordenadores receberam treinamento no Students for Liberty, organização que é financiada pelos irmãos Koch.
Bem, já sob influência da Lava-Jato em março de 2015, um milhão e 350 mil manifestantes tomaram as ruas para protestar contra o governo de Dilma e, um ano depois, novo protesto levou 3 milhões de pessoas às ruas para exigir o impeachment da Presidenta e a prisão de Lula. A voz das ruas emprestou legitimidade aos golpistas que contestaram os resultados das urnas e propuseram, ato contínuo à vitória de Rousseff no segundo turno da eleição presidencial, o seu impedimento.
As ‘marchas de junho’ criaram junto à opinião pública um clima geral de insatisfação em relação às instituições da democracia representativa, descrença nas organizações políticas tradicionais e recolocaram as ruas como lugar da luta política, rompendo com um padrão de institucionalização das demandas, que marcou o período democrático. Seria o fim da Nova República?
Os protestos foram destrutivos para o PT e seus governos, mas a direita brasileira compreendeu o “espírito das marchas de junho” e colocou em ação sua natureza golpista.
E, a mídia diligente transmitiu o caos institucional ao vivo pela TV, o que causou forte impacto na opinião pública, apesar de os protestos terem mobilizado, principalmente, as classes médias e altas que responderam à convocação de organizações como o MBL.
O alvo não era apenas o PT, mas toda a esquerda. Mas, os vários partidos não perceberam isso e, na tentativa de preservar-se, omitiram-se, acovardarem-se ou apoiaram o golpe de 2016, na forma de impeachment.
Fato é que, com apoio da mídia, organizações de direita como o MBL, conseguiram mobilizar uma base social sem tradição em protestos de rua, sustentaram uma campanha que destituiu uma presidenta democraticamente eleita.
E essa direita, representada pelo ‘MBL’, tendo como sócias a Lava-Jato e a mídia corporativa, ajudou a retirar do chorume a extrema-direita e a eleger Bolsonaro.
Vejam o quão importante é a eleição de Lula.
Por isso domingo não é apenas mais uma eleição, trata-se de pôr fim ao delírio golpista e retomar o caminho da democracia, sem mais sustos ou golpes, além de devolver a extrema-direita à obscuridade de onde saiu.
São minhas reflexões.
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