De Glauber Rocha para Bolsonaro: “Não me entrego ao capitão”

"Glauber está na ordem do dia. Ele dá nome ao aeroporto de Vitória da Conquista, onde nasceu, em 1939, inaugurado hoje em meio a um festival de ataques à constituição, à civilidade e aos nordestinos, perpetrado pelo capitão que os brasileiros houveram por bem colocar na cadeira de presidente da República", afirma o jornalista Alex Solnik



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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia - “Corisco”, um dos mais conhecidos cangaceiros de Lampião foi assassinado pela polícia do Estado Novo, a 25 de maio de 1940, em Jeremoabo, na Bahia.

  A cena, dramatizada por Glauber Rocha em “Deus e o Diabo na terra do Sol” é uma das sequências mais extraordinárias do cinema brasileiro.

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  Enquanto “Corisco”, interpretado por Othon Bastos, tenta se esquivar das balas dos “macacos”, sem jamais abdicar da sua dignidade, ouve-se a voz grave de Sérgio Ricardo cantando o tema, de sua lavra e que virou sinônimo do filme.

  Você ouve a música e lembra do filme; vê o filme e lembra da música.

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  Dificilmente tenha havido outra música e filme tão siameses na história do cinema brasileiro.

  Glauber está na ordem do dia. Ele dá nome ao aeroporto de Vitória da Conquista, onde nasceu, em 1939, inaugurado hoje em meio a um festival de ataques à constituição, à civilidade e aos nordestinos, perpetrado pelo capitão que os brasileiros houveram por bem colocar na cadeira de presidente da República.

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  Lançado a 10 de julho de 1964, o filme é um libelo contra o obscurantismo do Estado Novo e do regime militar que tinha sido inaugurado a 1º. de abril daquele ano.

  E a letra, uma aula de resistência aos tiranos, parece adivinhar o que aconteceria 65 anos depois quando diz: “eu não me entrego ao capitão”.

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  Basta colocar o povo brasileiro no lugar do Corisco.

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