Datafolha sobe à cabeça, Bolsonaro defende Queiroz e confessa crime
Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia, avalia que, "ao taxar Queiroz de 'injustiçado', Bolsonaro coloca em dúvida a conduta do MP". "Bolsonaro se inclui, dessa maneira, no escândalo da rachadinha. Não tem mais como o MP-RJ não pedir autorização ao STF para Bolsonaro se manifestar nos autos do inquérito encabeçado por seu filho e por Queiroz"
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
Inebriado com a surpreendente aprovação apontada pelo Datafolha, Bolsonaro resolveu deixar de lado a discrição com que vinha tratando o maior escândalo de seu governo. Desde a prisão de Queiroz na casa do advogado de Flávio Bolsonaro, a 18 de junho deste ano, o presidente vinha tentando se afastar do homem-bomba, aquele que sabe tudo e mais um pouco sobre o clã Bolsonaro.
Ontem, em entrevista ao Datena, na Band, ele quebrou o jejum.
Começou afirmando que o ex-PM, com oito mortes nas costas (quando policial) e que já confessou ter extorquido parte do salário de funcionários do gabinete de Flávio “para pagar cabos eleitorais”, no total de ao menos R$1,2 milhão, é “um injustiçado”, o que, na boca de um presidente da República não fica nada bem.
Defender criminosos confessos não faz parte da liturgia do poder. Principalmente à luz do dia. Significa uma enorme pressão sobre o Judiciário.
Palavra de presidente – qualquer presidente – tem peso.
E interferência sobre o Judiciário é crime de responsabilidade.
Ao taxar Queiroz de “injustiçado”, Bolsonaro coloca em dúvida a conduta do Ministério Público e joga a opinião pública contra a instituição.
Advoga a favor de um criminoso confesso, com intuito muito claro. Tenta inocentar Queiroz para inocentar Flávio. Se Queiroz é inocente, Flávio também é. Se Queiroz é criminoso, Flávio também é.
Não vai colar nas instâncias superiores da Justiça, mas serve para manter seu curral coeso. Afinal, ele está em campanha.
Mas nessa de falar pelos cotovelos, achando que ninguém mais segura sua reeleição, ele foi além.
Disse ao Datena que Queiroz pagava suas contas.
Ora, se o MPF do Rio encontrou R$1,2 milhão de dinheiro oriundo de rachadinha na conta de Queiroz e ele pagava as contas de Bolsonaro com esse dinheiro, Bolsonaro se beneficiou de crimes.
Pode ser investigado também por lavar a dinheirama.
Porque quando ele afirma que suas contas eram pagas pelo ex-PM não é que ele mandava valores relativos aos pagamentos para a conta dele, e Queiroz mandava os recibos; Queiroz pagava as contas com aquele montante encontrado em sua conta.
Bolsonaro se inclui, dessa maneira, no escândalo da rachadinha. Não tem mais como o Ministério Público do Rio não pedir autorização ao STF para Bolsonaro se manifestar nos autos do inquérito encabeçado por seu filho e por Queiroz.
Queiroz deve estar emocionado até agora com o presente de Natal que ganhou de Bolsonaro.
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