Datafolha mostra esquerda se fortalecendo para 2018
O óbvio ululante (perdoe o trocadilho, leitor), é constatar o fortalecimento de Lula justamente em um momento em que operação de extração tucana dita "Lava Jato" e a mídia de direita o fustigam com ímpeto redobrado
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O senso comum sobre o rumo político do país diz que ele está dando uma forte guinada à direita e que, se houvesse uma eleição presidencial neste momento, haveria risco até de uma ameaça ambulante como o proto-nazista Jair Bolsonaro (PSC-RJ) virar presidente.
Porém, não é o que diz pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira.
O mais evidente, o óbvio ululante (perdoe o trocadilho, leitor), é constatar o fortalecimento de Lula justamente em um momento em que operação de extração tucana dita “Lava Jato” e a mídia de direita o fustigam com ímpeto redobrado.
Apesar de, a esta altura, o gráfico abaixo estar publicado em milhares de páginas na internet e em todos os grandes portais, vale a pena dar mais uma olhada pela imagem impressionante que revela em relação ao ex-presidente petista, mas não só.
Salta aos olhos como Lula se fortaleceu após a condução coercitiva ilegal que a Lava Jato lhe impôs em março deste ano. Como este blog vem dizendo, com o tempo as pessoas vão comparar como a vida melhorou sob os governos do PT (sobretudo de Lula) e como tirar Dilma do poder sob uma farsa piorou a vida dos brasileiros.
Antes de prosseguir, porém, vale rever (você já deve estar cansado de ver esses gráficos) os gráficos sobre o segundo turno.
Em primeiro lugar, ainda sobre Lula, vale PROVAR que ele vem se fortalecendo. Em julho deste ano, ele perdia para TODOS os adversários no segundo turno. Agora, só perde para Marina e a margem nem é tão grande – 9 pontos percentuais podem ser facilmente revertidos no calor de uma campanha; bastaria Lula crescer 5 pontos percentuais.
O que deixa mais evidente o fortalecimento de Lula após a prisão ilegal e a campanha de destruição movida contra ele é que, em novembro de 2015, ele perdia para TODOS os adversários tanto no primeiro quanto no segundo turno e hoje, no primeiro turno, vence todos com folga e, no segundo, perde (por pouco) de Marina.
Contudo, há vários fatores que podem tirar Lula da disputa de 2018. O mais óbvio é a pretensão nefasta dos fascistas do Judiciário, do MP, da PF, da mídia, da elite branca e dos seus partidos de direita de prenderem Lula para que ele não possa voltar ao poder pela vontade do povo.
Ocorre, porém, que, após a ONU aceitar monitorar os processos contra Lula, ficou muito mais complicado – talvez, impossível – prendê-lo ou condená-lo só à base de “convicções”. E o fortalecimento político dele torna ainda mais difícil condená-lo sem provas cem por cento irrefutáveis.
Porém, mesmo que Lula esteja em condições de disputar a próxima eleição presidencial, suspeito de que ele, a pedido de sua família, pode não concorrer – a família do ex-presidente pede para ele deixar a política desde que ele deixou o poder, em 2011.
Então, sem Lula, o país está à mercê da direita? Negativo. A pesquisa Datafolha mostra exatamente o contrário. Tanto no primeiro quanto no segundo turno, a esquerda mostra ter muito mais votos do que a direita. É só fazer as contas.
Fiquemos no último cenário do primeiro turno, onde é possível comparar os votos de praticamente todos os candidatos ditos viáveis.
No cenário 1, os supostos candidatos de esquerda (Lula, Marina, Ciro e Luciana Genro) somam 47% das intenções de voto, enquanto que os supostos candidatos de direita (Aécio, Bolsonaro, Temer, Ronaldo Caiado e Eduardo Jorge) somam 27%.
No cenário 2, os supostos candidatos de esquerda (Lula, Marina, Ciro e Luciana Genro) somam 51% das intenções de voto, enquanto que os supostos candidatos de direita (Alckmin, Bolsonaro, Temer, Ronaldo Caiado e Eduardo Jorge) somam 23%.
No cenário 3, os supostos candidatos de esquerda (Lula, Marina, Ciro e Luciana Genro) somam 49% das intenções de voto, enquanto que os supostos candidatos de direita (Serra, Bolsonaro, Temer, Ronaldo Caiado e Eduardo Jorge) somam 25%.
No cenário 4, os supostos candidatos de esquerda (Lula, Marina, Ciro e Luciana Genro) somam 41% das intenções de voto, enquanto que os supostos candidatos de direita (Aécio, Alckmin, Serra, Bolsonaro, Sergio Moro, Roberto Justus, Temer, Ronaldo Caiado e Eduardo Jorge) somam 40%.
Apesar de no cenário 4 direita e esquerda estarem empatadas, é um cenário para lá de improvável. Colocaram até Roberto Justus na equação e todos os tucanos de uma vez só – parece ser uma piada – e nem assim a direita consegue supremacia.
Esses cenários contradizem fortemente a crença largamente difundida de que a direita está se fortalecendo tanto. As manifestações de direita e a estridência de movimentos fascistas como O MBL ou Vem pra Rua fazem parecer que a esquerda está mais forte do que realmente está.
O que a direitona se esquece é de que voto na urna é outra coisa. Aí quem fala é aquele sujeito que mora na periferia ou no campo e que não faz estardalhaço de suas opiniões políticas, mas que ali, sozinho diante da urna, a cada quatro anos dá seu recado tonitruante.
A notícia que essa pesquisa Datafolha traz é altamente alvissareira, com exceção de uma reflexão mais do que necessária: esse quadro de enfraquecimento da direita deve se aprofundar ainda mais, com o passar do tempo.
Quanto mais a direita se enfraquecer, portanto, maiores serão as tentações da direita de não permitir que o povo escolha livremente em 2018, caso a tendência for fazer uma escolha que desagrade aos “donos do poder” tão bem descritos na obra imortal de Raymundo Faoro.
A grande luta democrática dos próximos anos, portanto, não será tirar Michel Temer do cargo ou antecipar as eleições presidenciais. Será garantir que o Brasil possa escolher livremente seu próximo presidente em 2018.
O povo brasileiro – não aqueles nazistas de verde-amarelo, mas o povo mesmo –, agora escaldado por seus erros monumentais em 2015 e 2016, certamente fará uma boa escolha quando finalmente se pronunciar de novo sobre os rumos do país.
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PS: fanáticos de direita e de esquerda costumam pôr em dúvida minhas análises dizendo que “não acerto uma”. Porém, os fatos são outros. Prognostiquei que as “jornadas de junho de 2013″ terminariam em golpe, prognostiquei que a derrubada de Dilma não melhoraria a crise política ou a econômica e prognostiquei que a esquerda iria se fortalecendo conforme o povo fosse experimentando as “delícias” de ser governado pela direita. Não tenho bola de cristal, foi apenas o exercício da boa e velha lógica.
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