Daniel Silveira e a condecoração da irracionalidade, da estupidez, da ignorância e da violência
Uma medalha que costuma ser destinada aos mais reconhecidos intelectuais. Ver o irascível, estúpido e violento parlamentar ser agraciado com ela, é uma afronta
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Embora eu entenda o conceito de intelectualidade como algo amplo e irrestrito, não se reservando apenas aqueles que possuam formação acadêmica e outros títulos provenientes dela. Promover questionamentos ao que foi estabelecido, e, a partir de suas ideias e percepções conseguir provocar reflexões que estimulem a produção de novos conhecimentos, pensamentos, valores e saberes, ao meu ver, é intelectualidade. Porém, como diriam os já de saco cheio de tanta distopia social e intelectual que tenta nos fazer submergir aos esgotos da ignorância, tudo tem limite. É o caso de se conceder a medalha da Ordem do Mérito do Livro, honraria que já foi entregue a personalidades como o poeta Carlos Drummond de Andrade e o sociólogo e escritor Gilberto Freyre, por exemplo, ao deputado federal Daniel Silveira, famoso por ter destruído uma placa em homenagem a ex-vereadora Marielle Franco e por ter recebido a graça presidencial de Bolsonaro, após ter sido condenado à prisão. Uma prisão mais do que justa, diga-se de passagem.
A condecoração de Silveira me lembra a história do Imperador Romano Calígula, que nomeou o seu cavalo Incitatus (Impetuoso) como Senador do seu império. Claro que Incitatus, ao contrário do deputado bolsonarista, fazia mais jus ao regalo por ser um exímio cavalo de corrida e não oferecer nenhum risco à sociedade da sua época. Eu não sei se Daniel Silveira chega a ser um cavalo de estimação de Bolsonaro, mas a relação do equino, digo, do deputado, com o atual governo me parece muito estreita e familiar. Como disse anteriormente, o prêmio que é oferecido pela Biblioteca Nacional do Brasil, é o mais importante da casa que foi construída ainda no Império. Uma medalha que costuma ser destinada aos mais importantes e reconhecidos intelectuais, escrit ores e acadêmicos brasileiros. Ver o irascível, estúpido e violento parlamentar ser agraciado com ela, é uma afronta, mais uma, que a atual gestão do país cospe na nossa cara.
Constam como contribuição intelectual de Daniel Silveira para a literatura brasileira, obras como: venda ilegal de anabolizantes, 80 dias de prisão e mais de 70 punições disciplinares em 4 anos de Policia Militar, inúmeras licenças médicas que impediram a sua expulsão da corporação, estar sob investigação no inquérito das Fake News, participação nos atos pró-ditadura e defesa da tortura e do AI-5, condenação a 8 anos de prisão por ataques ao STF e, mais recentemente, ter sido o relator de um projeto do governo que amplia as situações de excludente de ilicitude e legítima defesa, para beneficiar agentes de segurança e militares das forças armadas. Um currículo que, sem sombra de dúvidas, faz do c avalo de Calígula um grande pensador. Silveira é a personificação do extremismo e da inteligência bolsonarista. Um monte de músculos ambulante que produz raciocínio enquanto evacua os anabolizantes que consome. Sua condecoração evidencia não só o aparelhamento do estado sob Bolsonaro, como também o aparelhamento cognitivo entre os membros da espécie bolsonarista.
É óbvio, que Silveira tem em seu poder algum podre que possa comprometer ainda mais o império do Calígula de Rio das Pedras. Sua energia pessoal é densa, negativa e tóxica. Nem precisa ser médium sensitivo para captar a sua ligação com o mundo das trevas e com os seres sem luz que lá habitam. O sujeito tem cara, corpo, mente e cheiro de morte. Logo, a identificação com Bolsonaro é instantânea. Duas almas podres se reconhecendo pela energia que ambas emanam. Ele receberá a medalha da Ordem do Mérito do Livro, por ter ajudado a escrever uma das páginas mais horríveis e nefastas da nossa história, que é o bolsonarismo. Um movimento que trouxe à superfície da nossa sociedade, bichos escrotos saídos dos esgotos do ódio, d a violência e da maldade. Dito cristão e defensor da família, se leu algum livro na vida, deve ter sido o evangelho segundo Ustra. Sua condecoração na Biblioteca Nacional do Brasil, é a concessão de um excludente de inteligência para ocupar um espaço destinado a produtores de pensamentos, conhecimentos e saberes.
Termino o texto com duas frases de Carlos Drummond de Andrade, um dos que tiveram a memória violentada com a homenagem à Daniel Silveira, e que definem bem o momento social e cultural que vivemos com Jair Bolsonaro no poder. A primeira é quando o poeta nos alerta de que “a liberdade é defendida com discursos e atacada com metralhadoras.”, e a segunda, quando diz que “precisamos educar o Brasil.” Como diria um trecho do samba da Estação Primeira de Mangueira no enredo em sua homenagem e que ficou imortalizado na voz do saudoso intérprete Jamelão: “Carlos Drummond de Andrade, suas obras são palavras de um reino de verdade.“ Quem tem ouvidos, ouça!
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