Curitiba é muito mais e melhor que a Lava Jato
Prefiro a Curitiba da “Boca Maldita” — espaço democrático que acolheu o primeiro comício pelas Diretas Já em 1984. Curitiba é a Praça Santos Andrade, onde fica a UFPR, espaço de encontro de todas as manifestações políticas e culturais. Curitiba é muito mais que Lava Jato, felizmente
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Faço hoje uma defesa pública de Curitiba, tão injuriada nesses tempos sombrios de caças às bruxas pela Lava Jato. A capital paranaense é muito mais e melhor do que esse espetáculo horrendo oferecido pelo juiz Sérgio Moro e sua máquina de propaganda mentirosa.
Temo que Curitiba passe para a História como a nova Nuremberg, ou seja, como sede de um tribunal de exceção que hoje os moradores dessa cidade sequer dão conta de sua existência como ele realmente é. (Aliás, alguns extremistas até aplaudem o rito sumário, sem mesmo existir provas contra os acusados, em virtude da hipnose coletiva perpetrada pela velha mídia golpista).
O Art. 5º Inciso XXXVII da Constituição Federal tem a dicção clara ao proibir tribunais de exceção como a Lava Jato: “não haverá juízo ou tribunal de exceção”. Portanto, há uma violação objetiva à Carta Maior sob o pretexto de combater a corrupção no país.
Na última quinta, 22 de setembro, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o TRF-4, liberou vergonhosamente Moro para estuprar quantas vezes quiser a Constituição Federal.
Somente um desembargador, Rogério Favreto, teve coragem para divergir em voto contra a maioria na Corte que disse “amém” ao juiz da Lava Jato.
Favreto colocou em dúvida a “imparcialidade” do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba e pôs o dedo na ferida: “Sua não observância em domínio tão delicado como o Direito Penal, evocando a teoria do estado de exceção, pode ser temerária se feita por magistrado sem os mesmos compromissos democráticos do eminente relator e dos demais membros desta corte”.
Curitiba não quer o título de “Nova Guantánamo” – em referência à base militar norte-americana em Cuba, onde prisioneiros são mantidos há anos mesmo sem julgamento; rejeita a pecha de “Masmorra de Moro”, QG do coronel Ustra das Araucárias, “República de Curitiba”; enfim, somos todos a República Federativa do Brasil.
Curitiba é muito mais e melhor que a Lava Jato. Seria uma injustiça essa cidade linda passar para a História como aquela que abrigou um tribunal de exceção, fascista, antidemocrático, onde há presos políticos em pleno século XXI.
Prefiro a Curitiba da “Boca Maldita” — espaço democrático que acolheu o primeiro comício pelas Diretas Já em 1984. Curitiba é a Praça Santos Andrade, onde fica a UFPR, espaço de encontro de todas as manifestações políticas e culturais. Curitiba é muito mais que Lava Jato, felizmente.
Seria de bom grado que o próximo prefeito de Curitiba pleiteie o fim ou a transferência desse tribunal de exceção para outra parte do país que queira ser cúmplice deste evidente ataque às liberdades democráticas.
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