Cunha pode ser a garantia da queda de Temer

O homem que viabilizou o impeachment de Dilma, em conluio com um magote de peemedebistas e tucanos, acaba de ser condenado a 15 anos de prisão pelo juiz Sergio Moro, condenação que pode destravar a língua dele, até agora contida dentro da boca pelo próprio Moro

Brasília - O vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante solenidade de entrega da Medalha do Mérito Legislativo 2015 (Antonio Cruz/Agência Brasil)
Brasília - O vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, durante solenidade de entrega da Medalha do Mérito Legislativo 2015 (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Ribamar Fonseca)


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Se Temer não for cassado o mais rápido possível, o Brasil não chega inteiro nem ao final do ano, quanto mais em 2018. Os vendilhões da pátria, que tomaram o poder de assalto para recolocarem a coleira dos Estados Unidos no pescoço do país, estão trabalhando na surdina em várias frentes, com o silêncio conivente da mídia, esquartejando o território nacional para entregar todas as nossas riquezas ao Tio Sam. Além do programa de privatizações, orientado pelo Citybank, que prevê até a venda da Petrobrás, estão sendo firmados acordos militares que, sob o pretexto de cooperação tecnológica, deverão garantir, entre outras coisas, a entrega da base espacial de Alcântara, no Maranhão, para os norte-americanos. E teremos uma nova Guantânamo encravada em território brasileiro, com a aparente aprovação silenciosa de nossas Forças Armadas, onde se acreditava existiam nacionalistas do quilate do general Ernesto Geisel.

Embora a cassação do mandato de Temer tenha sido pedida pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação dos tucanos contra a chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral, as forças que o apoiam estão empenhadas em encontrar uma fórmula mágica capaz de salvá-lo, pouco se importando com a desmoralização da Justiça, hoje tão desacreditada, desde que consigam seu objetivo. Já se fala, inclusive, em mantê-lo elegível para que ele possa voltar ao Planalto, caso venha a ser cassado, por meio de eleição indireta, aproveitando a força da sua base no Congresso Nacional, cúmplice no golpe que destituiu Dilma da Presidência da República. Considerando que ele tem recebido o apoio explícito da mídia e do Poder Judiciário, ambos também coniventes com o golpe, tudo é possível nos sombrios dias de hoje. Se isso se confirmar, então só restará aos brasileiros sair às ruas com força total para salvar o Brasil ou, então, fechar a porta e entregar as chaves para o Tio Sam.

O cinismo e a hipocrisia, marca desse governo e de todos os que o apoiam, estão mais uma vez presentes nas alegações finais do PSDB no processo que tramita no TSE, em que pediu a cassação da chapa Dilma-Temer. Diz Aécio Neves, através dos seus advogados, que "o presidente Michel Temer não deve ser penalizado por não ter realizado "qualquer prática ilícita" mesmo integrando a chapa de Dilma". Ou seja, o que eles disseram antes, quando entraram com a ação no TSE, não vale mais. Os tucanos, na verdade, revoltados com a derrota e na ânsia louca para tirar Dilma do Planalto de qualquer maneira, não acreditaram que poderiam derrubá-la mediante um golpe e ingressaram com a ação no TSE, por abuso de poder econômico, imediatamente após a divulgação do resultado das eleições presidenciais de 2014. Acabaram dando um tiro no pé, pois agora compartilham o governo do golpe com Temer e, obviamente, não querem deixar o osso. E cinicamente defendem a separação da chapa.

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O julgamento da ação tucana, conforme já anunciou o presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, vai começar, o que não significa necessariamente que Temer será cassado. Todas as manobras possíveis e imagináveis estão sendo feitas, tanto no âmbito político como na área do Judiciário, para preservar o presidente golpista que, à custa de jantares e promessas de cargos e verbas, tem conseguido mudar até a cabeça de jornalistas. E vai abusar de recursos, inclusive no Supremo Tribunal Federal, para manter-se no Palácio do Planalto como grude. Se isso acontecer será, sem dúvida, a desmoralização total das instituições, com consequências desastrosas para a democracia. E o Brasil, caso não aconteça algo inesperado que possa alterar toda essa situação e Temer prossiga na Presidência pelo menos até 2018, entrará em parafuso, pois quem poderia estancar esse processo destrutivo parece indiferente à sorte do país. Pena que todos os brasileiros sofrerão os efeitos dessa gestão criminosa e não apenas os que saíram às ruas vestidos de amarelo e espancaram panelas para pedir a saída de Dilma.

Resta, porém, um fiapo de esperança: a delação do ex-deputado Eduardo Cunha, que se encontra preso na Lava-Jato. O homem que viabilizou o impeachment de Dilma, em conluio com um magote de peemedebistas e tucanos, acaba de ser condenado a 15 anos de prisão pelo juiz Sergio Moro, condenação que pode destravar a língua dele, até agora contida dentro da boca pelo próprio Moro. Cunha chegou a ensaiar abrir o bico quando a sua mulher ficou ameaçada de prisão, mas recuou quando ela foi esquecida, convenientemente, pelo magistrado de Curitiba. Agora, porém, embora a condenação não signifique que a sentença seja cumprida (o doleiro Alberto Youssef, condenado a mais de 100 anos de prisão, está em casa palitando os dentes), Cunha parece que não tem estrutura psicológica para passar pelo menos mais uns meses na prisão. E certamente não vai mais ficar em silêncio vendo seus comparsas desfrutando da liberdade e das mordomias dos cargos da República. Nessas circunstâncias, Moro dificilmente conseguirá segurar a língua dele por muito tempo. E aí tudo pode acontecer.

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