Cunha: entre Curitiba e o plenário da Câmara

"Na próxima terça-feira, governo e governistas terão um primeiro sinal da disposição de Eduardo Cunha na prisão. Se houver defecções de deputados do Centrão na votação do segundo turno da PEC 241, será sinal de que Cunha conseguiu fazer chegar uma mensagem à sua tropa: estiquem a corda para que o governo, inclusive Temer, entenda o risco que está correndo", diz a colunista Tereza Cruvinel; "Se isso acontecer, crescerá não apenas o alarmismo das últimas horas como também as desconfianças do mercado em relação à implementar da agenda fiscal prometida"

Bras�lia - O plen�rio da C�mara dos Deputados aprovou por 450 a favor, 10 contra e 9 absten��es a cassa��o do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag�ncia Brasil)
Bras�lia - O plen�rio da C�mara dos Deputados aprovou por 450 a favor, 10 contra e 9 absten��es a cassa��o do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha (Fabio Rodrigues Pozzebom/Ag�ncia Brasil) (Foto: Tereza Cruvinel)


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Na próxima terça-feira, governo e governistas terão um primeiro sinal da disposição de Eduardo Cunha na prisão. Se houver defecções de deputados do Centrão na votação do segundo turno da PEC 241, será sinal de que Cunha conseguiu fazer chegar uma mensagem à sua tropa: estiquem a corda para que o governo, inclusive Temer, entenda o risco que está correndo.  Se isso acontecer, crescerá não apenas o alarmismo das últimas horas como também as desconfianças do mercado em relação à implementar da agenda fiscal prometida.

Os articuladores colheram alguns sinais de que o Governo pode não ter no segundo turno os mesmos 366 votos que obteve na primeira vitória de sua batalha do fim do mundo, no  dia 11 passado. De lá para cá, entretanto, a disposição dos deputados pode ter sido afetada também pela ampliação dos protestos contra a medida que congelará o gasto púbico por até 20 anos. Até então, o Brasil mal tomara conhecimento da medida e de seu impacto sobre a vida real,  que vai do valor do salário-mínimo à manutenção de serviços públicos essenciais como educação e saúde.   Para neutralizar eventual influência do prisioneiro Cunha ou  o recuo diante das manifestações contrárias à PEC, o governo passará o final de semana em campo, tomando o pulso dos deputados por telefone.  Na segunda-feira, Temer fará reunião com os líderes aliados, exortando-os a trabalhar duro para repetir o placar do dia 11, em sinal de que o Governo não se abalou com a prisão de Cunha e continuará tocando “a agenda da reconstrução nacional”.

A temida delação premiada, entretanto, se ocorrer não será agora. Antes de qualquer acordo, o Ministério Público deve cozinhar Cunha em Curitiba por algum tempo. Ele pode aproveitar para escrever mais páginas de seu livro, que já será em si uma delação sobre os acordos que levaram ao impeachment da ex-presidente Dilma.  O que ele tem a dizer não é contra o PT, que já detonou.  É especialmente contra o PMDB e sua cúpula.

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Nos últimos anos, Cunha foi o grande provedor financeiro do partido. Ele já compilou elementos sobre todas as doações/propinas arrecadadas para o partido, indicando quem ficou com quanto. Se a Lava Jato, que até aqui só quis saber de PT e Lula, estiver interessada no esquemão do PMDB, vai perguntar a Cunha, por exemplo, sobre o significado de sua troca de mensagens com o executivo Leo Pinheiro, da OAS, reclamando da entrega de R$ 5 milhões diretamente “ao Michel”, antes do “acerto com os outros”. O hoje presidente já explicou tratar-se de uma doação legal que a empreiteira fez ao partido,  mas Cunha sugeriu, na mensagem, tratar-se de dinheiro não declarado.  Isso e muito mais Cunha pode esclarecer. Mas estará a Lava Jato interessada em delação que comprometerá  apenas de PMDB, PSDB e partidos do Centrão? Eis a questão.

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