Cunha é o Lula de Temer

"Tal como Dilma, que durante seus primeiros quatro anos teve que governar de certa forma tolhida pelo carisma de seu padrinho e tomar cuidado para não parecer que o traía, Temer vive, agora, o mesmo drama. Ele sabe que deve sua ascensão a Cunha, que não só abriu o processo de impeachment como colocou a sua tropa de choque para levá-lo adiante", analisa Alex Solnik; "Tal como Dilma, Temer é devedor de Cunha e não pode traí-lo, com a agravante de que ele é um padrinho mais explosivo e mais agressivo que Lula. Outra diferença é que, nos primeiros quatro anos, Dilma teve em Lula um ombro amigo, enquanto Cunha é um padrinho que Temer tem que esconder", afirma o colunista do 247; "Mas Temer não pode jogá-lo ao mar", diz

"Tal como Dilma, que durante seus primeiros quatro anos teve que governar de certa forma tolhida pelo carisma de seu padrinho e tomar cuidado para não parecer que o traía, Temer vive, agora, o mesmo drama. Ele sabe que deve sua ascensão a Cunha, que não só abriu o processo de impeachment como colocou a sua tropa de choque para levá-lo adiante", analisa Alex Solnik; "Tal como Dilma, Temer é devedor de Cunha e não pode traí-lo, com a agravante de que ele é um padrinho mais explosivo e mais agressivo que Lula. Outra diferença é que, nos primeiros quatro anos, Dilma teve em Lula um ombro amigo, enquanto Cunha é um padrinho que Temer tem que esconder", afirma o colunista do 247; "Mas Temer não pode jogá-lo ao mar", diz
"Tal como Dilma, que durante seus primeiros quatro anos teve que governar de certa forma tolhida pelo carisma de seu padrinho e tomar cuidado para não parecer que o traía, Temer vive, agora, o mesmo drama. Ele sabe que deve sua ascensão a Cunha, que não só abriu o processo de impeachment como colocou a sua tropa de choque para levá-lo adiante", analisa Alex Solnik; "Tal como Dilma, Temer é devedor de Cunha e não pode traí-lo, com a agravante de que ele é um padrinho mais explosivo e mais agressivo que Lula. Outra diferença é que, nos primeiros quatro anos, Dilma teve em Lula um ombro amigo, enquanto Cunha é um padrinho que Temer tem que esconder", afirma o colunista do 247; "Mas Temer não pode jogá-lo ao mar", diz (Foto: Alex Solnik)


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É curioso observar os paralelismos nas trajetórias de Dilma e de Temer e que explicam, não do ponto de vista político, mas psicológico os dramas nas vidas deles e nas de todos os brasileiros.

Tanto ela quanto ele são filhos de imigrantes de primeira geração. Ela filha de búlgaros e ele, de árabes. Os pais vieram ao Brasil com uma mão na frente e outra trás e construíram sua prosperidade aqui, os pais dela em Belo Horizonte e os dele em Tatuí, interior de São Paulo.

Antes de 2010, quando ela se elegeu presidente da República e ele seu vice, nenhum dos dois foi protagonista, ela ocupou funções relevantes na política, desde a juventude, mas nunca foi a chefe ou a líder e nunca se elegeu para cargo algum; ele também ocupou posições relevantes, como secretário da Segurança Pública de São Paulo, por exemplo, mas nunca participou de eleições majoritárias, nunca foi além das de deputado federal.

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Ambos já entrados em anos, seis anos atrás ela e ele chegaram aos ápices de suas carreiras políticas. Ela chegou ao Palácio do Planalto graças à inestimável ajuda do político mais carismático desde Getúlio, chamado Lula e ele graças indiretamente a Lula e diretamente a ela.

Criado na tradição patriarcal árabe na qual o chefe, seja na família, seja nos negócios ou na política é sempre o homem, Temer teve de se submeter a uma situação de inferioridade, pela primeira vez na sua vida, na condição de vice de uma presidenta – de uma mulher. Uma situação bastante desconfortável para ele, que faz questão de preservar, na vida familiar, a tradição árabe: sempre que sua mulher o acompanha caminha alguns passos atrás dele. No entanto, ele atravessou com galhardia o período sem dar sinais do incômodo.

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Em 2014, Dilma se reelegeu muito mais em razão do sucesso do seu primeiro mandato do que de seu criador, mas Temer foi reeleito, mais uma vez, a reboque dela, mais uma vez deveu a ela a enorme votação que recebeu por tabela, pois não há dúvida que o PT sempre teve, historicamente, desde 1989, mais votos que o PMDB em eleições presidenciais.

Ele viu-se, então, diante da realidade de ter que passar mais quatro anos como o subalterno de uma presidenta, mais quatro anos de "vice decorativo". Os quatro anos anteriores já lhe pesavam sobejamente e, quando apresentou-se a possibilidade de ele subir de vice decorativo para presidente de fato, por meio da manobra revanchista, vingativa e bem engendrada por Eduardo Cunha ele mandou às favas os escrúpulos, embarcou na aventura pelo poder, preferindo continuar na condição de devedor, mas, dessa vez, não de uma presidenta, mas de um deputado muito poderoso, talvez o deputado mais poderoso da história do Brasil.

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Por meio de Cunha ele se libertou do complexo de inferioridade imposto pela situação anterior, mas, tal como Dilma ficou em dívida com Lula ao se eleger pela primeira vez, ele ficou em dívida com Cunha.

Tal como Dilma, que durante seus primeiros quatro anos teve que governar de certa forma tolhida pelo carisma de seu padrinho e tomar cuidado para não parecer que o traía, Temer vive, agora, o mesmo drama. Ele sabe que deve sua ascensão a Cunha, que não só abriu o processo de impeachment como colocou a sua tropa de choque para levá-lo adiante.

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Tal como Dilma, Temer é devedor de Cunha e não pode traí-lo, motivo pelo qual faz e fará de tudo para não desagradá-lo, com a agravante de que ele é um padrinho mais explosivo e mais agressivo que Lula, um verdadeiro homem-bomba que, em caso de ser contrariado não ficará apenas ressentido com Temer mas poderá implodir seu governo e sua carreira política.

Outra diferença é que, nos primeiros quatro anos, Dilma teve em Lula um ombro amigo, sempre à disposição para ajudá-la na travessia, com a vantagem de ser admirado pelos brasileiros, como ainda mostram as pesquisas eleitorais de 2018, enquanto Cunha é um padrinho que Temer tem que esconder, não o ajuda em nada, apenas o atrapalha, pois é odiado pelos brasileiros e está prestes a ser expurgado da política.

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Mas Temer não pode jogá-lo ao mar.

A força de Dilma estava mais em Lula do que nela, motivo pelo qual a desidratação dele em virtude de violenta campanha na mídia e nas ruas correspondeu ao enfraquecimento dela.

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A força de Temer estava em Cunha e nos 200 deputados que ele sempre disse ter sob seu comando. Caso saia de cena, com a consequente evaporação de sua tropa – nenhum exército sobrevive sem seu comandante – é de se prever que ocorra com Temer o mesmo fenômeno que resultou na queda de Dilma.

Não por acaso, o "Fora Dilma" de alguns meses atrás está sendo trocado, nas ruas, pelo "Fora Temer".

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