Cunha e o fogo amigo
2016 começa com a metralhadora de excrementos de Eduardo Cunha, disparadas diretamente no sistema de ventilação do PMDB com refluxo no Congresso
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Mal termina 2015 e 2016 já começa quente. Eduardo Cunha, o ainda presidente da Câmara, encurralado, resolveu jogar querosene no fogo. Explico, ele afirmou em entrevista coletiva na terça (29) que os investigadores da Lava Jato obtiveram conversas do ex-presidente da OAS – Leo Pinheiro – com Renan Calheiros, mas que não houve nenhuma divulgação na mídia.
"Na ação cautelar minha que motivou a busca e apreensão (nas suas casas) tem um relatório das ligações do Leo Pinheiro com 632 páginas(...) Dessas 632 páginas, tem 60 páginas que tratam do presidente do Senado e ninguém publicou uma linha. Então é preciso olhar com cautela que está se selecionando sobre quem divulgar", disse Cunha.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo de 29/12/2015, a PGR havia solicitado ao STF a realização de buscas na residência oficial de Renan, mas o ministro Teori Zavascki não autorizou. Permitiu apenas buscas no escritório do PMDB de Alagoas. Reveja aqui.
Cunha rompeu com Renan Calheiros, abrindo uma enorme fenda no PMDB. Ele também virou um dos maiores críticos do Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, depois de ter virado alvo de investigação na Operação Lava Jato. Com essa declaração, ele insinuou que Janot está blindando Renan e escolhendo quem deve ser investigado.
Na mesma entrevista coletiva, ele também afirmou que dará continuidade ao processo de Impeachment da presidenta Dilma, após tirar dúvidas sobre decisão do STF, que definiu o rito do julgamento.
Cunha está sem a "pompa e circunstância" (que lhe rendeu a criação de um grande exército de parlamentares) que adquiriu após a sua eleição à presidência da Câmara Federal. Desgastado após afirmar na CCJ de que não possuía contas na Suíça e, desmentido pela própria Justiça Suíça, que entregou provas (movimentação) de pelo menos cinco contas do parlamentar no banco Julius Baer. Reveja aqui.
2016 começa com a metralhadora de excrementos de Eduardo Cunha, disparadas diretamente no sistema de ventilação do PMDB com refluxo no Congresso.
"O santo Império Romano não era santo, nem Império e nem mesmo Romano." Voltaire. Essa frase resume o auge e declínio de Cunha. O antes herói de carteirinha, paladino da moral e bons costumes exaltado pelo PIG, hoje não passa de um anti-herói, traído pela própria convicção. Ele se perdeu em aforismos e declarações impetuosas. "Coisas do Truste, sou só um usufrutuário", diria ele. Na verdade um Usufrotário!
Declarada oficialmente a temporada de guerra entre o presidente da Câmara e o do Senado. Um espetáculo de "Reality Show Chicano" digno de lutas no "Coliseu Romano", com direito a flashes ao vivo e transmissão nos telejornais nacionais. Não, não é apenas uma simples briga de cachorro grande do Congresso Nacional. Mas sim um triste episódio que só envergonha e desmoraliza a classe política brasileira.
Enquanto os cães ladram, Rodrigo Janot e sua caravana passam, riscando com o poder da tinta de sua caneta "Montblanc" mágica, expedindo mandados de investigações e prisões para as continuações das edições da Operação midiática Lava Jato.
Cunha, que amava Janot, que amava Renan, que amava Cunha. Uma verdadeira tragédia grega de amor e ódio se aproxima. Tipo aquela de deixar "Júlio César" com água nos olhos.
Veremos quem vai sobreviver politicamente e casar com a princesa da Justiça. Aguardem cenas das próximas rajadas discursadas, no Jornal Nacional mais próximo da sua banca ou Tevê.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247