Cúmplices do ódio
Um preço deverá ser pago por infrações tão repugnantes no exercício do poder
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Por 382 contra 118 votos, a Câmara dos Deputados aprovou, em primeiro turno, o arcabouço fiscal, alterando o desenho dos impostos brasileiros. Mais do que uma vitória do governo, foram a nocaute as correntes do ódio, o inelegível Jair Bolsonaro e seus seguidores. Desde que este chegou à presidência em 2018, nosso cenário político se deixou marcar pelo antagonismo, a raiva, a vontade de massacrar, de ignorar os desfavorecidos, de zombar dos que sofrem. Mudou-se a fisionomia do país. Como não há mal que sempre dure, tais correntes não lograram vencer o último pleito e agora o Ex deve gramar uma inelegibilidade por um tempo de oito anos. No entanto, como costuma afirmar, ele está fora de cena, mas não morreu. Então, assumiu a liderança do PL na reprovação da Lei que se discutia no parlamento e experimentou nova derrota. Houve tentativas de persuadi-lo a tergiversar, pelo menos de fechar os olhos para a veemência da realidade. Inútil. Tarcísio de Freitas, o governador de São Paulo, que realizou démarches nesse sentido, saiu da reunião sob vaias. E a nave seguiu o seu rumo com sangue nos caninos até se esborrachar na votação. Ricardo Salles, o da boiada, liderou um discurso de repúdio ao até ontem aliado, satisfeito por, pelo menos uma vez, sobressair na destilaria do rancor...
Não parecem frequentes os momentos de predomínio do ódio sobre os bons sentimentos. Em geral, a humanidade deseja a paz, a prosperidade, a reconciliação. Aqui, como em semelhantes ocasiões, temos tomado o vinho da amargura e damos a impressão de não abrir mão dele. Apesar de combalido, com a decisão do TSE, mais por hábito do que por inovação, o Ex alimenta suas energias negativas, convencido de que elas conquistam prestígio. No confronto com Lula, não fica de pé. Não se aguenta mais a retórica perversa dos fascistas, esforçando-se em empurrar o país para trás. É hora, ao contrário, de estimular a fraternidade e varrer o ódio para o lixo, de onde, aliás, nunca deveria ter saído.
Não é comum que a irracionalidade tome conta das ações e as pessoas ignorem as exigências de seus próprios interesses. Acontece, apenas acontece. Logo, de fato, um pouco de sensatez ressurge e, como se sacudíssemos o torpor, voltamos a distinguir o certo do errado, o bom e o mau. Infligir a morte nas epidemias, ajudar no extermínio dos povos originários, elogiar torturadores, rir da dor dos outros, não é conveniente, muito menos aceitável. Um preço deverá ser pago por infrações tão repugnantes no exercício do poder. Felizmente, entre nós, as urnas eletrônicas e o sistema judicial vencem a inércia dos surtos de maldade e voltamos a lembrar que somos humanos. Lula acerta na afinação do discurso: mais do que nunca necessitamos de uma mulher à testa da Saúde, para que “trate o povo como as mães tratam os filhos”.
Não obstante ainda viva, o Ex e seus cúmplices, nesta reviravolta, terão de lidar com a solidão. Ódio como partido político, já viu que perde o fôlego. Exige-se mais, bem mais, em termos de qualidade, para quem se ocupa de uma sociedade. O lobby da crueldade contará votos nos dedos. Apesar das dificuldades, havíamos sido generosos lidando uns com os outros. Saudades da ditadura nunca mais!
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