Cronologia do Caso Queiroz compromete Bolsonaro
"Há muito mais questões em jogo do que apenas investigar se e quem vazou a informação sobre Queiroz a Flávio Bolsonaro", afirma Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "O retardamento da operação favoreceu um dos candidatos à presidência e indica viés político da PF", diz
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Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia
A cronologia ajuda a entender o caso Queiroz e mostra que o protagonista do episódio é Jair, não Flávio Bolsonaro, apesar de só o segundo estar sendo investigado.
No dia 7 de outubro de 2018, o então deputado federal Jair Bolsonaro venceu o primeiro turno das eleições presidenciais por 46% contra 30% de Fernando Haddad, em segundo.
No dia 17 de outubro, quando deveria estar focado na disputa do segundo turno, ou comemorando o resultado, Bolsonaro demite Nathalia Queiroz de seu gabinete, onde ganhava R$ 10 mil mensais, com data “a partir de 15 de outubro”.
Parar as atividades de campanha para demitir uma funcionária do gabinete só se justifica se essa decisão era urgente ou se ela tivesse cometido um erro imperdoável, o que, até onde se sabe, não ocorreu. Por que, então, foi demitida?
No dia 16 de outubro, Flávio Bolsonaro demite o pai de Nathalia - seu então faz-tudo Fabrício Queiroz. Também sem motivo. Tinha 11 anos de gabinete e 30 de amizade com Jair. Elogios posteriores demonstram que seu chefe não tinha queixas dele.
No dia 28 de outubro, segundo turno das eleições, Bolsonaro se elege presidente.
No dia 8 de novembro a Polícia Federal desencadeia a Operação Furna da Onça que investiga o esquema das rachadinhas na Alerj, fazendo busca e apreensão em vários gabinetes.
No dia 6 de dezembro, matéria de Fausto Macedo no Estadão expõe pela primeira vez o nome de Queiroz em praça pública: “Coaf relata conta de ex-assessor de Flávio Bolsonaro”.
Pois é: a essa altura, Queiroz já era ex-assessor.
Dessa breve cronologia deduz-se que Flávio foi avisado, a 15 de outubro, por alguém da Polícia Federal de que Queiroz tinha sido desmascarado e contou ao pai.
O sujeito, ou o grupo que vazou a informação, queria, mais do que proteger Flávio, proteger Bolsonaro. O mais grave, no entanto, não foi o vazamento, mas sim o retardamento da operação: se no dia 15 a PF já sabia sobre Queiroz, por que esperou um mês para colocar a Furna da Onça na rua?
Há muito mais questões em jogo nesse episódio do que apenas investigar se e quem vazou a informação sobre Queiroz a Flávio.
O retardamento da operação favoreceu um dos candidatos à presidência e indica viés político da Polícia Federal.
Quem deu a ordem para adiar a Operação Furna da Onça interferiu diretamente no resultado. Ajudou a eleger Bolsonaro.
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