Cronologia do Caso Queiroz compromete Bolsonaro

"Há muito mais questões em jogo do que apenas investigar se e quem vazou a informação sobre Queiroz a Flávio Bolsonaro", afirma Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia. "O retardamento da operação favoreceu um dos candidatos à presidência e indica viés político da PF", diz

Jair Bolsonaro e Fabrício Queiroz
Jair Bolsonaro e Fabrício Queiroz (Foto: Reuters | Divulgação)


✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.

Por Alex Solnik, do Jornalistas pela Democracia

A cronologia ajuda a entender o caso Queiroz e mostra que o protagonista do episódio é Jair, não Flávio Bolsonaro, apesar de só o segundo estar sendo investigado.

continua após o anúncio

No dia 7 de outubro de 2018, o então deputado federal Jair Bolsonaro venceu o primeiro turno das eleições presidenciais por 46% contra 30% de Fernando Haddad, em segundo.

No dia 17 de outubro, quando deveria estar focado na disputa do segundo turno, ou comemorando o resultado, Bolsonaro demite Nathalia Queiroz de seu gabinete, onde ganhava R$ 10 mil mensais, com data “a partir de 15 de outubro”.

continua após o anúncio

Parar as atividades de campanha para demitir uma funcionária do gabinete só se justifica se essa decisão era urgente ou se ela tivesse cometido um erro imperdoável, o que, até onde se sabe, não ocorreu. Por que, então, foi demitida?

No dia 16 de outubro, Flávio Bolsonaro demite o pai de Nathalia - seu então faz-tudo Fabrício Queiroz. Também sem motivo. Tinha 11 anos de gabinete e 30 de amizade com Jair. Elogios posteriores demonstram que seu chefe não tinha queixas dele.

continua após o anúncio

No dia 28 de outubro, segundo turno das eleições, Bolsonaro se elege presidente.

No dia 8 de novembro a Polícia Federal desencadeia a Operação Furna da Onça que investiga o esquema das rachadinhas na Alerj, fazendo busca e apreensão em vários gabinetes.

continua após o anúncio

No dia 6 de dezembro, matéria de Fausto Macedo no Estadão expõe pela primeira vez o nome de Queiroz em praça pública: “Coaf relata conta de ex-assessor de Flávio Bolsonaro”.

Pois é: a essa altura, Queiroz já era ex-assessor.

continua após o anúncio

Dessa breve cronologia deduz-se que Flávio foi avisado, a 15 de outubro, por alguém da Polícia Federal de que Queiroz tinha sido desmascarado e contou ao pai.

O sujeito, ou o grupo que vazou a informação, queria, mais do que proteger Flávio, proteger Bolsonaro. O mais grave, no entanto, não foi o vazamento, mas sim o retardamento da operação: se no dia 15 a PF já sabia sobre Queiroz, por que esperou um mês para colocar a Furna da Onça na rua?

continua após o anúncio

Há muito mais questões em jogo nesse episódio do que apenas investigar se e quem vazou a informação sobre Queiroz a Flávio.

O retardamento da operação favoreceu um dos candidatos à presidência e indica viés político da Polícia Federal.

continua após o anúncio

Quem deu a ordem para adiar a Operação Furna da Onça interferiu diretamente no resultado. Ajudou a eleger Bolsonaro.

(Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:

Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.

Comentários

Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247

continua após o anúncio

Ao vivo na TV 247

Cortes 247