Crítica ao sistema partidário brasileiro
Havia muita luta interna nos antigos partidos comunistas, mas havia unidade de ação e de comando. Havia uma coisa que se chamava "centralismo democrático", que de uma ou outra maneira, garantia a unidade partidária. Não vejo isso no Partido dos Trabalhadores
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Tenho sido questionado por Ruda Ricci, a quem não tenho ainda o prazer de conhecer presencialmente (como tantos amigos e amigas do Facebook), sobre as minhas críticas ao sistema partidário brasileiro (se é possível dizer que existe um sistema partidário, dada a baixa institucionalidade e o alto grau de personalismo das instituições políticas no país), e particularmente a dois agrupamentos políticos que se reivindicam do campo da esquerda: o PSB e o PT.
As minhas críticas a esses partidos advêm de uma constatação empírica: como partidos de competição eleitoral periódica, um (o primeiro) transformou-se numa oligarquia familiar e hereditária aqui em Pernambuco. O familismo amoral é a lei que rege a agremiação. Partido que não tem nada de "Socialista" e "Brasileiro". Quando Luiza Erundina se candidatou a presidente do partido, o falecido Miguel Arraes vetou essa possibilidade, entregando o posto ao neto, também falecido. Aliás, o PSB tornou-se um partido de oligarquias regionais. Cada satrapia vota como quer e apoia quem quer. Não há unidade de comando nem de ação.
Quanto ao PT, a quem fui acusado de não conhecer, declaro aqui que sou companheiro de viagem, há muito tempo, desse partido, a quem chamávamos de "papa-hóstia" ou de "sacristia", olhando da nossa perspectiva laica e socialista. O Partido dos Trabalhadores passou por uma mutação profunda: de absoluta rejeição às alianças políticas às mais amplas alianças, sobretudo a partir de 1998. Foi assim que LULA tornou-se presidente do Brasil, ao lado de José Alencar - representante da Igreja Universal. Mas a minha questão não era essa.
Alianças têm de ser feitas, num eleitorado conservador e carola como esse do Brasil. O problema levantado na polêmica era a falta de unidade interna e as disputas acirradas existentes no PT, que o leva às vezes a derrota eleitoral. Vi isso inúmeras vezes na minha pobre "perspectiva" de observador externo e simpatizante de uma ou outra candidatura do partido, como de fato fui. Inúmeros episódios são testemunhas da autofagia e luta fraticida dentro do partido que inviabilizaria qualquer projeto de poder.
Foi quando, a partir da minha pobre perspectiva de companheiro de viagem, disse que um partido que se comporta como uma federação de tendências, que conspiram umas contra as outras, que se organizam como facções autônomas e tem um órgão de comunicação próprio, não podem ser chamados de partidos, estrito senso. São federações de tendências, sem unidade de ação e de comando.
Havia muita luta interna nos antigos partidos comunistas, mas havia unidade de ação e de comando. Havia uma coisa que se chamava "centralismo democrático", que de uma ou outra maneira, garantia a unidade partidária. Não vejo isso no Partido dos Trabalhadores.
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