Cristianismo armado

"O ataque a granadas e tiros de fuzil de Roberto Jefferson aos policiais ilustra o 'cristianismo' praticado pelos bolsonaristas", diz Paulo Henrique Arantes

Roberto Jefferson
Roberto Jefferson (Foto: REUTERS/Adriano Machado)


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O ataque a granadas e tiros de fuzil de Roberto Jefferson aos policiais federais ilustra o “cristianismo” praticado pelos bolsonaristas. Já se lembrou que o revide a balas foi anunciado por Jair em hipotético - e hoje provável - cerco policial que venha a sofrer. Um e outro apregoam pieguices falsamente cristãs diuturnamente. De arma na mão.

A tarefa cristã, por sacerdotes ou fieis sem posto eclesiástico, de levar o Evangelho a todos cantos tem respondido ao longo dos séculos pelo conforto espiritual de muita gente, pessoas cujo desespero e a descrença lhes poderiam ser fatais, roubando-lhes o discernimento e lançando-os no vazio do ceticismo. 

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Paralelamente, o engajamento cristão em ações concretas de cunho social, de combate às gritantes injustiças que persistem em nossa História, como praticado pelo Padre Júlio Lancellotti, constitui a mais efetiva das missões religiosas: olhar de modo indignado e denunciar a crueldade de políticas econômicas exclusivas, a insensibilidade dos detentores do poder - e do dinheiro - perante aqueles que comem lixo e dormem sob viadutos.

Esse é um papel político louvável dos religiosos, cujo múnus pastoral requer a coragem de participar da contenda eleitoral exigindo dos candidatos que assumam compromisso com a reversão do quadro de miséria que parece cada vez mais predominante no Brasil. A CNBB fez isso.

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No Brasil convivem religiões diversas, num ecumenismo que sugere fraternidade e respeito. Tal característica brasileira está sendo vilipendiada por uma distorção aberrante levada a cabo por pastores evangélicos e por figuras esdrúxulas como o tal Padre Kelmon. A questão nesta semana saiu um pouco do foco, obnubilada pelo caso Jefferson, mas certamente no domingo saberemos quanto o falso deus bolsonarista influenciará o resultado das urnas. 

Deus como peça de fake news grosseiras e criminosas - assim Jair e equipe praticam seu cristianismo.  Ataca-se o outro com vileza por sua crença ou pela falta dela, imputam-se ao adversário palavras nunca ditas, descontextualizam-se posicionamentos passados, pintam-se o contendor e seus seguidores com as cores do demônio.  A era das mentiras forjadas para destruir reputações não vê limites e, nesta quadra tenebrosa, consolida-se mediante o duo Bíblia e bala.  

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O caldeirão de falsa religiosidade em que a campanha eleitoral foi jogada aceita tudo, desde promessa de salvação a quem votar em determinado candidato até inculcação de temor por eventual vitória do demônio, encarnado em certo postulante.

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