Crise hídrica no Uruguai tem água salgada na bica e gera críticas da esquerda liderada por Mujica

'A estiagem virou uma tormenta de problemas para a gestão central do país vizinho', diz a colunista Marcia Carmo, correspondente do 247 em Buenos Aires

Luis Lacalle Pou, presidente uruguaio
Luis Lacalle Pou, presidente uruguaio (Foto: REUTERS/Henry Nicholls/Pool)


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Nos últimos dias, os moradores da capital uruguaia, Montevidéu, passaram a sentir na boca os efeitos diretos da pior seca no país, pelo menos nos últimos setenta anos – a água salgada na bica. A estiagem provocou a escassez de água na hidrelétrica Paso Severino, que abastece Montevidéu e Canelones, que estão entre as mais populosas do país que possui apenas de 3,4 milhões de habitantes. A alternativa encontrada pela agência oficial responsável pelo setor foi incluir água do Rio da Prata, mais salgada, na composição da rede de abastecimento.

Ouvidos pelo Brasil 247, assessores da Administração Nacional de Obras Sanitárias do Estado (OSE) disseram que a medida foi tomada diante da emergência da situação e que “todo cuidado está sendo implementado” para não reduzir a qualidade da água. Mas a situação crítica está levando os uruguaios a consumirem o tradicional chimarrão (para eles ‘mate’) com gosto salgado e ainda às compras, agora limitadas por pessoas, de água mineral nos supermercados. A OSE fez ainda apelos para que a água do banho no chuveiro seja guardada para outros usos porque não é hora do desperdício.

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A seca extrema atinge a produção agropecuária e deve influenciar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) uruguaio neste ano.

Foi neste ambiente que, nesta sexta-feira, a Frente Ampla divulgou um comunicado responsabilizando o governo do presidente Lacalle Pou, de direita, pela escassez de água e seus efeitos no país. A Frente Ampla (‘Frente Amplio’) reúne vários partidos de esquerda, entre eles o do ex-presidente José ‘Pepe’ Mujica, Movimento de Participação Popular. Em entrevista recente à imprensa uruguaia, Mujica disse que a água deveria ser uma prioridade nos orçamentos dos governos. No comunicado, a Frente Ampla foi quase didática: “Nosso país atravessa uma imensa crise de água que afeta todos e todas e, especificamente, aos pequenos e médios produtores rurais, aos setores industriais, aos cuidados da infância, aos idosos, aos centros de educação e de saúde.” A coalizão de esquerda responsabiliza diretamente o governo de Lacalle Pou. “A má gestão da crise é mais uma prova de um governo que chega atrasado na hora de resolver os problemas da sociedade uruguaia”, diz o texto. Na segunda-feira, haverá nova reunião no governo para tentar encontrar saídas – na bica – para a crise hídrica. Por enquanto, a previsão ainda é de chuvas insuficientes para combater os males da seca. Mas não há dúvidas de que a estiagem virou uma tormenta de problemas para a gestão central do país vizinho do Brasil.

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