Crise energética deste ano é inventada como a do ano passado

Lamentavelmente, nem os brasileiros têm memória nem a mídia tem vergonha na cara, de modo que, confiando na amnésia coletiva, tenta empurrar outra crise energética fictícia pela goela nacional



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Se o Brasil tivesse memória e a mídia oposicionista tivesse vergonha na cara não estaríamos vendo esse escarcéu por conta da mera interrupção episódica ocorrida nesta semana em uma linha de transmissão, o que obrigou o Operador Nacional do Sistema elétrico a desligar a luz no Sul, no Sudeste e no Centro Oeste por algumas horas a fim de efetuar reparos.

Lamentavelmente, nem os brasileiros têm memória nem a mídia tem vergonha na cara, de modo que, confiando na amnésia coletiva, tenta empurrar outra crise energética fictícia pela goela nacional.

Todo começo de ano, desde que o PT chegou ao poder, é a mesma coisa: a mídia tenta confundir a sociedade em relação à questão energética, como se hoje o Brasil estivesse na mesma situação em que estava entre 2001 e 2002, ao fim do governo Fernando Henrique Cardoso, quando amargou 11 meses de duro racionamento de energia por conta, exclusivamente, de falta de investimentos do governo federal.

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Por que esse fenômeno midiático ocorre a cada começo de ano? Porque é período de consumo mais elevado, o que torna o sistema energético mais sujeito a "estresses", até por conta de os reservatórios das hidrelétricas baixarem mais nesta época do ano. Assim, a mídia usa o termo apagão tentando convencer a sociedade de que a situação de hoje é igual à do governo FHC.

Ano passado, porém, foi o auge das tentativas anuais da mídia de convencer os brasileiros de que racionamento como o da era tucana estaria para ocorrer no curtíssimo prazo. Globo, Folha de São Paulo, Estadão e Veja apostaram alto no que seria uma desgraça nacional, caso sobreviesse. Chegaram a anunciar "reunião de emergência" que teria sido marcada por Dilma Rousseff para discutir o que fazer diante da catástrofe que espreitava.

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A invenção midiática sobre "racionamento", porém, começou a desmoronar por conta de reportagem produzida pela colunista da Folha Eliane Cantanhêde sobre a tal reunião de emergência. Acabou parecendo que a matéria foi inventada porque o Ministério das Minas e Energia enviou carta ao jornal que desmontava a história

Abaixo, a manifestação do Ministério, a resposta da colunista que fez a matéria em questão e a correção que o jornal publicou sobre a "barriga" de sua jornalista.

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Folha de São Paulo

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11 de janeiro de 2013

Painel do Leitor

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Energia

No dia 7/1, a Folha publicou a seguinte manchete de capa: "Escassez de luz faz Dilma convocar o setor elétrico", com o subtítulo "Reunião de emergência discutirá propostas para evitar riscos de racionamento". O texto remetia para reportagem em "Mercado" sob o título "Racionamento de luz acende sinal amarelo".

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Tratava-se de uma desinformação. Na mesma data da publicação, preocupado com a repercussão da reportagem, principalmente nas Bolsas, o ministro Edison Lobão, em telefonema à autora da reportagem, a jornalista Eliane Cantanhêde, esclareceu que a reunião em referência não fora convocada pela presidenta da República, nem tinha caráter de emergência. Tratava-se, conforme relatou, de reunião ordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), marcada desde o ano passado.

Além desses esclarecimentos não terem sido prestados na reportagem sobre o assunto publicada em 8/1 ("Lobão confirma reunião, mas descarta riscos", "Mercado"), a jornalista, na coluna "Aos 45 do segundo tempo" ("Opinião", ontem), põe em dúvida a veracidade das informações do Ministério de Minas e Energia. Para que não reste dúvida sobre o assunto, consta na ata da 122ª Reunião do CMSE, realizada em 13/12/2012, precisamente no item 12, a decisão de realizar no dia 9/1/2013 a referida reunião ordinária.

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Antonio Carlos Lima, da Assessoria de Comunicação Social do Ministério de Minas e Energia (Brasília, DF)

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RESPOSTA DA JORNALISTA ELIANE CANTANHÊDE – De fato, a reunião foi marcada em dezembro, mas, diante dos níveis preocupantes dos reservatórios, ganhou caráter emergencial – evidenciado pela intensa movimentação do governo. A Folha contemplou no dia 8/1 a versão do ministro de que não havia risco de racionamento.

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Seção "Erramos"

MERCADO (7.JAN, PÁG. B1) A reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico havia sido marcada em 13 de dezembro de 2012, e não neste ano, conforme informou a reportagem "Racionamento de luz acende sinal amarelo", de Eliane Cantanhêde.

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Só rindo, não?

Enfim, a partir dali, o assunto começou a morrer rapidamente na mídia e, como se sabe hoje, não só não houve racionamento ou qualquer outro problema no setor energético como o governo promoveu uma forte redução no valor das contas de luz. A mídia, então, abandonou o caso, mas só até o próximo começo de ano, ou seja, até agora, quando o alarmismo energético anual volta a dar as caras.

Tudo, porém, não passa de uma grande, de uma enorme, de uma descomunal bobagem porque hoje o Brasil tem uma situação energética muitíssimo diferente da que tinha até 2002.

A situação é muito melhor porque, como o então presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, informou em entrevista coletiva à imprensa no ano passado, "De 2001 a 2012 a capacidade instalada de geração de energia cresceu 75% no Brasil", tendo havido um "Aumento de 150% na capacidade instalada de termelétricas, excluindo usinas a biomassa e nuclear".

E, como se não bastasse, o presidente da EPE (criada no governo Lula para planejar a oferta de energia no país) informou que "Cerca de 85% dessa expansão ocorreram nos últimos dez anos", ou seja, nos governos Lula e Dilma.

À época, o presidente da EPE ainda esclareceu que, de 2001/2002 para cá, triplicou a capacidade de geração de energia do Nordeste. Segundo ele, "O Nordeste ficou menos vulnerável porque pode contar com as outras regiõesporque houve melhora na rede de transmissão de energia" ao longo da última década.

Sempre segundo o presidente da EPE, "Antes de 2001 implantavam-se, em média no Brasil, 1 mil quilômetros de linhas por ano e nos últimos dez anos a média tem sido de 4,3 mil quilômetros de linhas de transmissão implantadas por ano".

Como se não bastasse – e ao contrário do que ocorria no governo FHC –, há hoje um grande volume de obras de construção de usinas hidrelétricas, com destaque para Belo Monte, que se não fossem as jogadas políticas de certa oposição já teria sido concluída e, assim, inviabilizado as invenções de crises energéticas da mídia oposicionista.

Mas com ou sem Belo Monte, após tudo que foi feito na última década o país não corre mais risco de apagão, racionamento, seja o que for. Até porque, as usinas em construção começarão a funcionar. O que aconteceu nesta semana, então, foi só blecaute, normal em qualquer país, pois derivado de acidente. O resto é politicagem eleitoral.

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