Covid-19 não pode contaminar democracia e adiar eleições

"Eleições são o ritual sagrado da democracia, e quem quer adiá-las provavelmente está com medo de ser derrotado. Só de pensar nisso o cidadão deveria ter calafrios", escreve Helena Chagas, do Jornalistas pela Democracia

Urna eletrônica
Urna eletrônica (Foto: Elza Fiúza/ABr)


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Por Helena Chagas, para Os Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia

É inevitável que, nas crises, apareçam os pescadores de águas turvas, aqueles oportunistas que, de alguma forma, querem aproveitar a desgraça alheia para alcançar seus próprios objetivos. Só dá para entender assim os balões de ensaio jogados na mídia pelos que estão sugerindo adiar as eleições deste ano por alguns meses ou até cancelá-las, realizando em outubro de 2022 um pleito em todos os níveis.

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O absurdo começa no fato de ainda restarem mais de seis meses para as eleições municipais, e mesmo os piores prognósticos apontam que, até lá, terá havido um recuo considerável do número de casos da Covid-19. E, se não houver, que se decida então o que fazer a 60 ou 30 dias da data marcada.

Eleições são o ritual sagrado da democracia, e quem quer adiá-las provavelmente está com medo de ser derrotado. Só de pensar nisso o cidadão deveria ter calafrios. E refletir sobre medidas excepcionais em situações excepcionais.

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Não se trata de desobedecer a regras sanitárias de segurança, nem de criticar — como fez Jair Bolsonaro — o fechamento do comércio e dos shoppings. Todas as recomendações devem ser levadas a sério. Mas é preciso ter bom senso e avaliar o que é ou não razoável.

Decretar estado de sítio, adiar eleições e usar a crise do coronavírus como pretexto para medidas de força é insanidade — algo que pode até passar pela cabeça de governantes desequilibrados. Só que, mesmo em casa, isolados e amedrontados pelo vírus, podemos reagir, pois somos cidadãos responsáveis — não só pela saúde, mas também pela democracia.

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