Copa 2014: capitães-do-mato atiram no pé e atingem o coração

Infelizes por não testemunharem uma Copa destroçada, com tudo dando errado, nossa elite apelou pelo xingamento mais baixo, sem noção e sem razão de ser



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E o mundo não acabou. Alegria para uns, tristeza para outros. O mundo não acabou na quinta, 12 de junho e nem dá mostras de exalar um último suspiro no dia 13 de julho. Mas não faltaram avisos avisando que a derrocada do mundo – ao menos como o conhecemos – começaria a desmoronar pelo Brasil, mais exatamente, da zona leste da operosa metrópole de São Paulo. Não acabou.

O que permaneceu firme, inamovível, sólido foi esse monumento ao 'fracassismo' esposado por nossa grande imprensa: as ruas nas grandes cidades que sediam os jogos da Copa 2014 seriam transformadas em imensas praças de guerra; os transportes públicos entrariam em parafuso com greves de trabalhadores muito bem gerenciadas; arquibancadas cheias de torcedores cairiam tão logo soasse o apito do juiz anunciando o início do jogo; torcedores de várias nacionalidades ao invés de olharem o que se passava nas quatro linhas dos gramados ficariam com olhos vidrados para o teto – o medo de cair sobre suas cabeças o reboco de estádios mal construídos e inaptos ao uso humano.

Nada disso aconteceu. Assim como nada aconteceu quando um apagão festejado feericamente por tão longo tempo também não se materializou ante a ignada plebe. E ficou tudo como dantes nesse Brasil que se recusa a ser pautado por fracassomaníacos de todas as extrações – nem a inflação estourou a meta, nem as finanças públicas foram para o espaço, nem o FMI foi chamado às pressas para decidir a (má) sorte de nossa economia.

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Apenas dois eventos de natureza catastrófica aconteceram, mas, justamente estes dois, ficaram à margem do interesse jornalístico:

A crise de água em São Paulo se impõe de forma trágica: O nível de água armazenada no Sistema Cantareira recuou 0,2% nesta terça-feira (17/6/) e chegou aos 22,8%, segundo a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo). No mesmo período do ano passado, o volume de água era 57,7%.

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Para saber dessa verdade incômoda, inconveniente e previsível, é necessário que o cidadão seja socorrido pelo Google. Basta digitar as palavras "Cantareira + Água + Crise". Do contrário ficará apenas a pão, sem água.

A crise de maus modos da elite paulistana que frequenta áreas nobres do estádio Itaquerão e que decidiu - com imenso entusiasmo - desferir palavrões a Dilma Rousseff, inflamando assim arquibancadas contra a presidenta da República, no jogo de abertura do Mundial (12/06), tornou-se o mais formidável tiro no pé dado em toda a Copa do Mundo de 2014.

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Inexplicável sob quaisquer ângulos razoáveis de análise, a ala Vip do Itaquerão revela quão odiosa pode ser a elite paulistana. Elite representada por famílias quatrocentonas com cheiro de naftalina, familiares dos donos do Banco Itaú (esse banco que torce no noticiário pelo fracasso de nosso evento planetário em muitas décadas e que, em performance bipolar típica, gasta milhões de dólares para aparecer ao povo brasileiro como como torcedor nº 1 da brasilidade no Mundial); mas também xingamentos engrossados por dúzias de artistas globais, celebridades-miojo (duram não mais que um verão ou inverno) colunistas e "opinionistas" de veículos como TV Globo, Rádio CBN, Folha, Estadão, O Globo, Veja e Época.

Infelizes por não testemunharem uma Copa destroçada, com tudo dando errado –estádios, aeroportos, transportes públicos - e gerando milhares de vítimas país afora, nossa elite apelou pelo xingamento mais baixo, sem noção e sem razão de ser – ao agredir com palavras de baixíssimo calão a figura da Presidenta da República. Deu tudo errado. Eles é que ficaram mal, muito mal, na foto, nas redes sociais, nos milhões de imagens que partiram do Brasil para correr o mundo.

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Presidenciáveis que, em um momento de oportunismo explícito, vieram à boca do palco se solidarizar não com a vítima e sim com os autores dessa cafajestagem monumental, logo trataram de se retratar, perceberam que seus instintos mais íntimos não são bom cabos eleitorais quando vêm à luz do dia. Até mesmo um insuspeito ministro Joaquim Barbosa, nunca dado a afagos à presidenta do Brasil, tratou logo de condenar os maus bofes de nossa arcaica elite, com seus truculentos modos de capitão-do-mato – "Foi terrível! Foi terrível!" gritava o controvertido ministro do Supremo Tribunal Federal.

Enquanto isso, a Copa do Brasil cai nas graças de imprensa internacional e passa a ser avaliada como "a melhor dentre todas as Copas do mundo", "a Copa com maior número de gols desde 1958", "a Copa que bem poderia ser exemplo para as que se realizarem no futuro", "a Copa dos estádios mais lindos e modernos".

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Resumindo – a Copa do Brasil.

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