“Contras as ideias da força, a força das ideias!”. Não há mutreta que resista

Fica a reflexão do grande professor Florestan Fernandes: “Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos”. E me sinto honrada em publicar meu centésimo quinquagésimo artigo aqui. E não poderia ser diferente, não poderia publicar (em qualquer outro lugar) menos democrático



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Ontem, dia tido como histórico na Câmara de Deputados, pois foi votado e aprovado o novo FUNDEB. Houve também uma manifestação parlamentar interessante, no que concerne a resistência exercida pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). A figura política que em plenário desembainhou esta espada de coragem: foi o deputado federal Glauber Medeiros Braga.

Após a intensa batalha para aprovar a Proposta de Emenda a Constituição (PEC) que renova o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento (FUNDEB) cuja matéria prevê a ampliação gradual da participação da União, até 23 % a partir de 2026 – se iniciou (já por volta de 23 e 20 h) outra votação de matéria referente a repasse financeiro a Estados e Municípios, e quando a palavra fora outorgada ao deputado Glaube, ele questionou o porquê de quatro bilhões serem (sem ser por empréstimo) serem repassados às Empresas de ônibus.

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O deputado federal do PSOL citou o horário de meia-noite, como forma de explicitar que na calada da madrugada seria votado algo (que nem ainda) havia sido entendido e debatido. A sessão foi encerrada, em face de pequeno tumulto e vozerio, por parte de parlamentares; e o entãovpresidente da mesa encerrou a sessão, com retorno previsto para as 10 h, de hoje (dia 22 de julho).

Vale lembrar que o deputado Glauber representa a Frente Parlamentar em DEFESA DO PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – 08/072020. 

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Sim, ideias, e ideais transitam ( sempre em confronto) em um mundo de injustiças. E como bem disse outro parlamentar, que fora deputado federal pelo PT: o escritor e sociólogo Florestan Fernandes, vencedor do prêmio Jabuti com seu livro Corpo e Alma do Brasil, em 1964: “Contra as ideias da força, a força das ideias”.

Este precioso Florestan, que aguerrido nos presenteou com sua obra e participação vigorosa na Cena política nacional, enquanto parlamentar do Partido dos Trabalhadores, e ensaísta exuberante, com obras como: “A organização social dos Tupinambás”. Dissertação que o cunhou como mestre em Ciências Sociais pela Escola Livre, tendo o trabalho recebido o prêmio Fábio Prado em 1948. Em 1955 publicou “Negros e Brancos em São Paulo” em parceria com Roger Baptiste: derrubando o mito da existência de uma“Democracia racial” no Brasil.

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Florestan foi perseguido pela Ditadura Militar em 1964, foi afastado das atividades acadêmicas, perseguido e preso. Em 1986, filiou-se ao  PARTIDO DOS TRABALHADORES, e se candidatou a deputado federal, se reelegendo em 1990. 

Ele publicou mais de 50 obras, e é considerado o pai da Sociologia Crítica no Brasil.

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Hoje, Florestan Fernandes completaria cem anos. E é preciso comemorar sua contribuição (com louvor); ele que atuou no jornalismo crítico, e na antropologia; ambas áreas de sua militância. Em um país que tenta ludibriar aqueles que como ele lutam por melhores dias, e que entregam seus talentos em prol da causa social: há que se fazer memória eterna.

Realmente houve uma Revolução Burguesa no Brasil, e o fragmento/carta a seguir enfatiza a preocupação do eminente autor com esta problemática: “Retomei no Guarujá, e em Itanhaém, o trabalho sobre revolução burguesa no Brasil. Redigira um longo capítulo, em 1966 (o qual então passei a maquina) e tinha uma parte de outro capítulo sobre a emergência da ordem social competitiva. Todavia, o assunto não me atrai tanto, em nossos dias. Bati a máquina o que escrevera sobre o elemento na antiga ordem escravocrata e senhorial – mas não vou terminar o capítulo. Vou deixar como estão largadas as urtigas a análise de como a ordem social competitiva emergiu historicamente. Quem precisa saber isso, em nossos pobres dias? Em compensação, vou escrever um capitulo novo, sobre as características da hegemonia burguesa no período da intensificação da industrialização. Junto os três capítulos, publicando o livro desse jeito (e não de acordo com o plano inicial, que era mais extenso e complexo). Penso que é o bastante, pois a revolução burguesa “já foi”...”.

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Tal documento histórico, guardado nos anais, nos remete a gênese e evolução histórica e antropológica da estrutura de poder de uma época colonial, que invadida pelo senhorio industrial, faz da burguesia uma fidalga do lucro e do continuísmo arcaico que submete o povo (especialmente o de matriz negra e índia) a clausura de um eterno ciclo de " não saber".

Somos filhos dos ditames importados, e a carta de Florestan endereçada a alguém caro, se mostra atualíssima neste turbulento século XXI, do ano 2020. Ano que carrega nos ombros o peso de intensa e transparente desigualdade social, no que está possui de mais torpe e fascista.

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E voltando ao advogado e deputado Glauber, eu corroboro com ele no tocante a existência de mutreta, em certas matérias a serem votadas. Não esqueçamos que MUTRETA etimologicamente significa: destreza em jogos ou contrabando.

Fica a reflexão do grande professor Florestan Fernandes: “Um povo educado não aceitaria as condições de miséria e desemprego como as que temos”.

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E me sinto honrada em publicar meu centésimo quinquagésimo artigo aqui. E não poderia ser diferente, não poderia publicar (em qualquer outro lugar) menos democrático. Especialmente por seu conteúdo aludir sobre duas corajosas almas brasileiras.

#BRASILLIVRE

#LEIABRAZILEVIREBRASIL

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