Contínuos equívocos da Folha

Os artífices do golpe de 2016 ficam todos em ‘litígio com a lei’, e o ex-governador paulista some do noticiário, mantendo inclusive seu espaço de articulista em um dos jornalões. Enquanto isso, à ex-Presidenta nada foi imputado. Chama a atenção a calma e a serenidade com que ela lida com a situação, fruto dos anos de chumbo sentidos na pele e na mente



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A Folha de S. Paulo continua sendo a Folha. Surpreende que jornal ainda acredite em alguma mudança no comportamento do presidente, apenas porque fechou a boca por uns dias, rotulando tal ‘feito’ como metamorfose. A índole dessa pessoa foi plasmada desde os tempos de rebelde explosivo no Exército e só fez piorar. De que vale um excelente curso sobre a ditadura se o jornal agora parece turvar a realidade presente? Democracia é como o amor: precisa ser alimentada constantemente para sobreviver. Mesmo que o alimento seja um potinho de gelatina de abacaxi em preparação.

A ilusão de um jornalismo sem linha política se mantém, tal qual na ditadura era permitida a existência de dois partidos políticos. Quando adentrou a discutir as agruras da esquerda, não levou em consideração o que significa para a população a perda de espaço do chamado grupo progressista de partidos. Além disso, a matemática eleitoral é mais estatística do que absoluta, e com previsibilidade baixa. Prova disso é que, mesmo com toda a onda conservadora de 2018, o PT se manteve como a maior força política na Câmara dos Deputados. O cálculo imediato dos atuais prefeitos pode ser-lhes tão danoso quanto está sendo suas medidas de contenção do coronavírus baseadas exclusivamente em fatores econômicos.

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Até a ombudsman do jornal faz um questionamento importante sobre a farda no poder, pois jornalistas precisam conhecer a história recente da ditadura militar, mas que muitos não a viveram. Além disso, é diferente a abordagem de militar da reserva e da ativa em ação política. A militarização deste governo é uma forma de proteger à contestação de altos soldos, benesses, crimes praticados e a profunda corrupção havida na ditadura. São aspectos quase ausentes – especialmente a corrupção – nas reportagens e construções de figuras políticas atuais.

Em contraponto a revista CartaCapital fez uma entrevista com Dilma Rousseff, dialogando com uma reportagem sobre a corrupção de José Serra. Os artífices do golpe de 2016 ficam todos em ‘litígio com a lei’, e o ex-governador paulista some do noticiário, mantendo inclusive seu espaço de articulista em um dos jornalões. Enquanto isso, à ex-Presidenta nada foi imputado, por inexistente crime havido. Chama a atenção a calma e a serenidade com que ela lida com a situação, fruto dos anos de chumbo sentidos na pele e na mente.

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