Contaminação de Bolsonaro é um exemplo aos que não usam máscara
A jornalista Tereza Cruvinel afirma que, apesar do resultado de Bolsonaro positivo para Covid-19, "ele não vai dar o braço a torcer. Vai continuar sendo negacionista, vai continuar dizendo que é inevitável, que qualquer um pode se contaminar"
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Todos nós aprendemos que ninguém estará blindado contra o coronavírus, enquanto não houver vacina. Menos Bolsonaro, que chegou a dizer que “o brasileiro não pega nada”, pois pula no esgoto e sai ileso. Disse também que, por seu “histórico de atleta”, se fosse contaminado os efeitos seriam apenas os de “uma gripezinha”. Agora, porém, sua contaminação é um exemplo para todos em seu entorno, e para os brasileiros em geral, para todos que não levam a sério o uso da máscara.
Ele não vai dar o braço a torcer, ainda mais se tiver apenas sintomas leves, como é mais provável, pois o pulmão estaria limpo. Vai continuar sendo negacionista, vai continuar dizendo que é inevitável, que qualquer um pode se contaminar. Mas os que estão a seu redor têm que aprender alguma coisa.
Como contei em artigo de ontem, demonizaram tanto a máscara, seguindo o mau exemplo de Bolsonaro, que funcionários de ministérios ficam inibidos de usá-la, para não serem vistos como oposicionistas e esquerdistas, críticos do governo etc. Como se a máscara tivesse ideologia.
Bolsonaro só fingiu algumas vezes que a usava. Enredava-se com ela, por falta de hábito. Hoje mesmo, ao final do anúncio do teste positivo, acabou por tirá-la. E nem guardou a devida distância dos jornalistas. Nunca evitou aglomerações. Pode ter se contaminado não por aerossóis, as gotículas que a máscara tem capacidade de filtrar, mesmo sendo caseira, mas por contato da mão com objeto (ou outra mão) contaminado. Ele está sempre levando a mão ao rosto, esfregando o nariz ou a boca. Nunca evitou cumprimentar pessoas, nos atos antidemocráticos a que comparecia, nem pegar celulares, segurar crianças e coisas assim. Deu mau exemplo desde o início da pandemia.
Mas, está provado, a máscara protege contra a contaminação interpessoal, e a esta é que uma pessoa no cargo dele está mais sujeita, pela exposição permanente a contatos pessoais. Nunca usou máscara pensando em si, pois julgava-se acima da pandemia, e nunca pensou nos outros. Agora estão aí, ministros e auxiliares correndo para fazer exames, até o embaixador americano fazendo o mesmo. Bolsonaro pode ter contaminado dezenas de pessoas nos últimos 14 dias, tempo básico para a apresentação dos sintomas depois da contração do vírus. Se usasse máscara, teria protegido os outros.
O discurso dele e do governo é de tranquilidade, minimizando as possibilidades de complicações. Mas elas existem, pela idade e pela imprevisibilidade do desenvolvimento desta doença, que já matou até criança no Brasil, e todos eles sabem disso.
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