Considerações sobre a imprensa e o bolsonarento apagar das luzes

Contenção de despesas, como alegado, não se justifica quando é mantido no mesmo veículo um colunista esportivo com nome abreviado tal como tubos de esgoto

(Foto: Reprodução)


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A alucinação bolsonarenta está longe de acabar, haja vista que criminosos continuam acampados impunemente à frente de quartéis. Uma milícia que continua ativa e armada, travestida de patriotas, que não está apenas “brincando com fogo”. O número de assassinatos ideológicos aumenta e a explosão é iminente. Não há forças públicas que combatam esses criminosos e esperar até o início do próximo governo pode ser tarde. A ação da polícia na Alemanha contra a extrema-direita e o relatório da invasão do Capitólio nos EUA comandada por Donald Trump seriam exemplos para coibir as ações golpistas aqui, mas parece que, antes da posse de um novo governo, apenas letargia e prevaricação predominarão.

Há que se considerar que foi a impunidade dos ditadores que resultou na possibilidade de questionamento, hoje, do real papel das Forças Armadas. Associada ao tresloucado no poder, vivemos momentos de tensão com atos criminosos se intensificando no País. 

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Além disso, os atos de destruição no apagar das luzes do desgoverno que sai são vários, por ser ocupado por um criminoso que deixa a impunidade florescer. Um desses atos, muito significativo, é a extinção da Comissão de Mortos e Desaparecidos da Ditadura. Além disso, não devemos nos esquecer que a Lei da Anistia de 1979 foi feita pelo Estado opressor, sem muita chance de contestação pelos oprimidos. Pelo que fez na punição aos ditadores, a vizinha tricampeã de futebol poderia também nos ser exemplo de como vencer na política, além da bola.

Outra questão mal resolvida é, ainda, a operação Lava Jato. Quando o nome da operação omitiu a preposição e o artigo, fundidos, já se prenunciava que dali algo muito equivocado se formava. A Lava Jato serviu para escancarar os egos de um ex-juiz e ex-ministro, e de um ex-procurador que almejavam apenas as próprias carreiras políticas. Além das necessárias e pertinentes anulações processuais, é assustador que tais “protagonistas” não tenham sido punidos e, pior, assumirão mandatos legislativos ficando protegidos.

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A imprensa tem importante papel e deve denunciar toda e qualquer ação que fira nossa Carta Magna, seja no âmbito criminal, civil ou político. Não o fez quanto à Lava Jato, precisa ficar muito bem registrado, sendo levada pelo canto da sereia mais por interesses próprios do que a alegada surpresa.

No âmbito talvez tangencial à política nua e crua, o saudável diálogo institucional deve voltar a acontecer no Brasil e ficou refletido na página de artigos de opinião de um domingo de dezembro na Folha de S. Paulo. A professora e Presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, colocou a “ciência e educação para combater a miséria”, enquanto os advogados Marcílio Franca e Claudia Lima Marques propuseram “um código de bens culturais para o Brasil”. Os dois artigos tocaram no tripé que mais foi destruído nos últimos quatro anos, ciência, cultura e educação, mas a fórmula de sua recomposição passa por orçamentos sérios e robustos para as áreas e políticas condizentes com a volta do país à civilidade. Os ocupantes ministeriais das três Pastas ainda não foram oficialmente anunciados, mas os clamores dos professores articulistas devem ser ouvidos e apreendidos.

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Porém, a mesma Folha demite Jânio de Freitas e, em sua justificativa, não se sabe se foi realmente sincera ou ingênua. Contenção de despesas, como alegado, não se justifica quando é mantido no mesmo veículo um colunista esportivo com nome abreviado tal como tubos de esgoto. Estaria o jornal mudando radicalmente sua posição dita “plural”? O tom como começa a noticiar o novo governo dá uma pista de que o passaralho não foi apenas financeiro. Obviamente este comentário jamais seria lá publicado.

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