Congresso neoliberal barra industrialização e condena classe média ao desemprego e à falência financeira

O país vive dicotomia contraditória truncada: elegeu-se Executivo de esquerda, minoritário, e Legislativo, dominado pela direita e ultra-direita fascista

Deputado Arthur Lira
Deputado Arthur Lira (Foto: Marina Ramos/Câmara dos Deputados)


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O centro-direita brasileiro, que perdeu espaço nas duas últimas eleições presidenciais de 2018 e 2022, vive sua maior contradição.

 Formado, essencialmente, pela classe média baixa, que tem suas esperanças na criação de empregos de melhor qualidade, se a industrialização deslanchar, está em sinuca de bico diante das reformas trabalhista e previdenciária que ele mesmo aprovou nos governos Temer e Bolsonaro.

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 Por isso, nos últimos seis anos, o PIB ficou na casa dos 1,5% e os investimentos desabaram, levando a direita, consequentemente, à derrota eleitoral, para Lula, embora alcançasse maioria no Congresso.

 Politicamente, o país vive dicotomia contraditória truncada: elegeu-se Executivo de esquerda, minoritário, e Legislativo, dominado pela direita e ultra-direita fascista.

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 Afundou-se o presidencialismo e emergiu-se semi-presidencialismo, que exige governo compartilhado, sob pena de paralisação total, se não houver pacto político.

 ECONOMIA SINALIZA FUNDO DO POÇO SEM PACTO POLÍTICO

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 Os trabalhadores assalariados e os aposentados estão com suas rendas achatadas, o que ameaça o setor comercial e industrial, enquanto favorece, apenas, o setor financeiro, que leva o que resta de dinheiro disponível na economia não para o comércio nem para a indústria, mas para a especulação, diante da taxa elevada de juro, imposta pelo monetarismo radical do Banco Central Independente(BCI).

 De bolsa vazia, a classe média baixa, sem falar nos assalariados dependurados no crediário, não irão às compras, como gostariam, no Dia das Mães, no tradicional segundo domingo de maio.

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 Os produtores de mercadorias do capitalismo da produção e do consumo correm, portanto, correm risco de falência, em face das reformas conservadoras que, equivocadamente, apoiaram, responsáveis pelo avanço do subconsumismo, que destrói a taxa de lucro dos capitalistas comerciais e industriais.

 A classe média, que votou para formar a representatividade política mais conservadora da Nova República, herdeira do período militar, influenciada, ideologicamente, pelo bolsonarismo ultraneoliberal fascista, favoreceu não a si mesma como classe social, mas aos seus maiores adversários, os rentistas que não deixam a economia deslanchar.

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 O perigo, a partir de agora, é as empresas produtivas, diante do subconsumismo crônico, que derruba sua lucratividade, com esmagamento do poder de compra dos salários, entrarem em inadimplência, como já acontece com a classe trabalhadora, que está sendo expulsa do consumo, falida no crediário.

 Não seria a hora do acordo entre sindicatos laborais e patronais, para, juntos, reverterem o jogo que está sendo faturado, de lavada, pelos rentistas, ou vão deixar a vaca ir para o brejo, aprofundando a desigualdade social, que acirrra luta de classe?

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 FUGA DOS INVESTIMENTOS E CORRIDA PARA ESPECULAÇÃO

 Os empresários do comércio e da indústria, que veem seus lucros caírem, na produção e no consumo, desistem dos investimentos produtivos.

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 Comprarão máquinas novas para colocar no lugar das que estão paradas, dada a ociosidade das indústrias, afetadas pela insuficiência crônica de consumo por falta de crédito à produção e ao consumo, graças ao freio monetarista do Banco Central?

 O pragmatismo empresarial levará os homens de negócio a jogarem seu dinheiro não na compra de máquinas, equipamentos e insumos industriais, para transformá-los em mercadorias, destinadas ao mercado, mas na compra de títulos da dívida pública, onde a lucratividade é maior, porém, sem garantia de estabilidade econômica e social.

 A impossibilidade de sustentar a estabilidade econômica em decorrência das reformas neoliberais criam expectativas negativas que levam o BCI ao jogo monetarista de insistir em juro alto que inviabiliza a economia.

 MIOPIA PARLAMENTAR 

 Ao entrar no jogo do mercado financeiro, sustentando política monetarista do BCI, no qual insiste Campos Neto, o Congresso direitista, míope, contribui para a desestabilização econômica, submetida aos solavancos financeiros especulativos, levando a classe média à proletarização.

 Nesse cenário, que puxa a arrecadação para baixo e não para cima, os governos estaduais resistirão à reforma tributária que os congressistas ensaiam, pois não terão o ICMS para bancar suas despesas.

 O arcabouço fiscal, que o governo Lula manda ao Congresso, vira, por sua vez, alvo da direita rentista-fascista equivocada, porque ela mesma sabe que o governo, dificilmente, poderá cumprir com as regras do próprio arcabouço.

 Ou ela está fazendo jogo calculado para asfixiar o governo Lula, submetendo-o à tirania financeira?

 Na medida em que são destruídas taxa de lucro do capital produtivo, descolado para o capital financeiro-especulativo(financeirização antieconômica forçada), e o poder de compra dos salários, que eleva insuficiência de demanda, tornando-a crônica, o governo perderá, consequentemente, poder de arrecadação.

 Vai para o sal a reforma tributária!

 Não terá condições objetivas de dispor, com segurança, sequer dos 75% do total arrecadado para cumprir as novas regras fiscais, que estabelece intervalo de 0,5% e 2,5% de crescimento do gasto social, enquanto privilegia o gasto financeiro especulativo, que não obedece a limite algum.

 Perderá, paulatinamente, capacidade de sustentar orçamento equilibrado em 2023, bem como ficará, praticamente, impossível realizar superavit primário(receita maior que despesa social) de 1% entre 2025 e 2026, para manter em dia pagamento de juros e amortização da dívida(gasto financeiro especulativo), como exige a bancocracia da Faria Lima.

 RELATÓRIO ECONOMICAMENTE SUICIDA

 O governo Lula, por um raciocínio lógico, diante desse quadro de restrições monetaristas do BCI, ficará sujeito às condicionalidades que o relator do arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado(PP-BA), imporá ao mesmo.

 O relator arma processo de revisão bimestral ao qual o governo será submetido, como se o Congresso fosse o FMI diante do devedor Lula, como faz em relação ao governo Alberto Fernandes, da Argentina.

 O revisor das regras do arcabouço, homem de confiança do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira(PP-AL), e ex-lider do ex-governo Bolsonaro, na Casa, apresenta-se, portanto, como carrasco e não colaborador do governo Lula.

 A resposta ensaiada pelo titular do Planalto é tentar mudar as regras do Banco Central Independente. que fixa a taxa de juros Selic em 13,75% para alcançar inflação de 3,5%, o que exigiria, idealmente, segundo o próprio presidente do BC, ultraconservador, uma taxa de juro de 26%.

 Suicídio macroeconômico neoliberal.

 Seria, na prática, a morte da economia, para satisfazer a demanda do mercado financeiro, descompromissado com o desenvolvimento nacional.

 PANORAMA SOMBRIO A PARTIR DE NOVA YORK

 O arcabouço, preparado por Lula-Haddad, submetido a Lira-Cajado-mercado financeiro, no comando de uma base política majoritária, ultra-conservadora antidesenvolvimentista, trabalha para inviabilizar a industrialização nacional.

 Os empresários, da indústria e do comércio, criaram, com seu apoio às reformas neoliberais, aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro, condições para levá-los à falência. 

 Tiro no pé.

 Essa semana, em Nova York, os empresários, durante realização da LIDE – Liderança Empresarial – articulada pelo ex-governador de São Paulo, João Dória, neoliberal de carteirinha, estão percebendo que caíram na armadilha ultraneoliberal fascista que não deixa o Brasil se industrializar, ou melhor, suas empresas prosperarem.

 Os políticos que compareceram ao evento, com destaque para Arthur Lira, certamente, está sendo oportunidade de ver e sentir que estarão traindo vergonhosamente seu eleitorado, a classe média, pois, se seguirem a pauta equivocada neoliberal conservadora, irão para o cadafalso eleitoral.

 Terão se deslocado do Brasil para os Estados Unidos para ver a preparação do seu próprio funeral político.

 Estarão diante da crise capitalista financeira em que vivem os próprios Estados Unidos, onde os partidos se rebelam contra a pauta neoliberal que inviabiliza gastos sociais do governo para privilegiar o sistema financeiro, essencialmente, comprometido com indústria armamentista para fomentar guerra na Ucrânia, responsável por elevar a inflação global e falência do capital produtivo, sem capacidade para concorrer com sua maior rival, a China.

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