Congresso neoliberal barra industrialização e condena classe média ao desemprego e à falência financeira
O país vive dicotomia contraditória truncada: elegeu-se Executivo de esquerda, minoritário, e Legislativo, dominado pela direita e ultra-direita fascista
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O centro-direita brasileiro, que perdeu espaço nas duas últimas eleições presidenciais de 2018 e 2022, vive sua maior contradição.
Formado, essencialmente, pela classe média baixa, que tem suas esperanças na criação de empregos de melhor qualidade, se a industrialização deslanchar, está em sinuca de bico diante das reformas trabalhista e previdenciária que ele mesmo aprovou nos governos Temer e Bolsonaro.
Por isso, nos últimos seis anos, o PIB ficou na casa dos 1,5% e os investimentos desabaram, levando a direita, consequentemente, à derrota eleitoral, para Lula, embora alcançasse maioria no Congresso.
Politicamente, o país vive dicotomia contraditória truncada: elegeu-se Executivo de esquerda, minoritário, e Legislativo, dominado pela direita e ultra-direita fascista.
Afundou-se o presidencialismo e emergiu-se semi-presidencialismo, que exige governo compartilhado, sob pena de paralisação total, se não houver pacto político.
ECONOMIA SINALIZA FUNDO DO POÇO SEM PACTO POLÍTICO
Os trabalhadores assalariados e os aposentados estão com suas rendas achatadas, o que ameaça o setor comercial e industrial, enquanto favorece, apenas, o setor financeiro, que leva o que resta de dinheiro disponível na economia não para o comércio nem para a indústria, mas para a especulação, diante da taxa elevada de juro, imposta pelo monetarismo radical do Banco Central Independente(BCI).
De bolsa vazia, a classe média baixa, sem falar nos assalariados dependurados no crediário, não irão às compras, como gostariam, no Dia das Mães, no tradicional segundo domingo de maio.
Os produtores de mercadorias do capitalismo da produção e do consumo correm, portanto, correm risco de falência, em face das reformas conservadoras que, equivocadamente, apoiaram, responsáveis pelo avanço do subconsumismo, que destrói a taxa de lucro dos capitalistas comerciais e industriais.
A classe média, que votou para formar a representatividade política mais conservadora da Nova República, herdeira do período militar, influenciada, ideologicamente, pelo bolsonarismo ultraneoliberal fascista, favoreceu não a si mesma como classe social, mas aos seus maiores adversários, os rentistas que não deixam a economia deslanchar.
O perigo, a partir de agora, é as empresas produtivas, diante do subconsumismo crônico, que derruba sua lucratividade, com esmagamento do poder de compra dos salários, entrarem em inadimplência, como já acontece com a classe trabalhadora, que está sendo expulsa do consumo, falida no crediário.
Não seria a hora do acordo entre sindicatos laborais e patronais, para, juntos, reverterem o jogo que está sendo faturado, de lavada, pelos rentistas, ou vão deixar a vaca ir para o brejo, aprofundando a desigualdade social, que acirrra luta de classe?
FUGA DOS INVESTIMENTOS E CORRIDA PARA ESPECULAÇÃO
Os empresários do comércio e da indústria, que veem seus lucros caírem, na produção e no consumo, desistem dos investimentos produtivos.
Comprarão máquinas novas para colocar no lugar das que estão paradas, dada a ociosidade das indústrias, afetadas pela insuficiência crônica de consumo por falta de crédito à produção e ao consumo, graças ao freio monetarista do Banco Central?
O pragmatismo empresarial levará os homens de negócio a jogarem seu dinheiro não na compra de máquinas, equipamentos e insumos industriais, para transformá-los em mercadorias, destinadas ao mercado, mas na compra de títulos da dívida pública, onde a lucratividade é maior, porém, sem garantia de estabilidade econômica e social.
A impossibilidade de sustentar a estabilidade econômica em decorrência das reformas neoliberais criam expectativas negativas que levam o BCI ao jogo monetarista de insistir em juro alto que inviabiliza a economia.
MIOPIA PARLAMENTAR
Ao entrar no jogo do mercado financeiro, sustentando política monetarista do BCI, no qual insiste Campos Neto, o Congresso direitista, míope, contribui para a desestabilização econômica, submetida aos solavancos financeiros especulativos, levando a classe média à proletarização.
Nesse cenário, que puxa a arrecadação para baixo e não para cima, os governos estaduais resistirão à reforma tributária que os congressistas ensaiam, pois não terão o ICMS para bancar suas despesas.
O arcabouço fiscal, que o governo Lula manda ao Congresso, vira, por sua vez, alvo da direita rentista-fascista equivocada, porque ela mesma sabe que o governo, dificilmente, poderá cumprir com as regras do próprio arcabouço.
Ou ela está fazendo jogo calculado para asfixiar o governo Lula, submetendo-o à tirania financeira?
Na medida em que são destruídas taxa de lucro do capital produtivo, descolado para o capital financeiro-especulativo(financeirização antieconômica forçada), e o poder de compra dos salários, que eleva insuficiência de demanda, tornando-a crônica, o governo perderá, consequentemente, poder de arrecadação.
Vai para o sal a reforma tributária!
Não terá condições objetivas de dispor, com segurança, sequer dos 75% do total arrecadado para cumprir as novas regras fiscais, que estabelece intervalo de 0,5% e 2,5% de crescimento do gasto social, enquanto privilegia o gasto financeiro especulativo, que não obedece a limite algum.
Perderá, paulatinamente, capacidade de sustentar orçamento equilibrado em 2023, bem como ficará, praticamente, impossível realizar superavit primário(receita maior que despesa social) de 1% entre 2025 e 2026, para manter em dia pagamento de juros e amortização da dívida(gasto financeiro especulativo), como exige a bancocracia da Faria Lima.
RELATÓRIO ECONOMICAMENTE SUICIDA
O governo Lula, por um raciocínio lógico, diante desse quadro de restrições monetaristas do BCI, ficará sujeito às condicionalidades que o relator do arcabouço fiscal, deputado Cláudio Cajado(PP-BA), imporá ao mesmo.
O relator arma processo de revisão bimestral ao qual o governo será submetido, como se o Congresso fosse o FMI diante do devedor Lula, como faz em relação ao governo Alberto Fernandes, da Argentina.
O revisor das regras do arcabouço, homem de confiança do presidente da Câmara, deputado Arthur Lira(PP-AL), e ex-lider do ex-governo Bolsonaro, na Casa, apresenta-se, portanto, como carrasco e não colaborador do governo Lula.
A resposta ensaiada pelo titular do Planalto é tentar mudar as regras do Banco Central Independente. que fixa a taxa de juros Selic em 13,75% para alcançar inflação de 3,5%, o que exigiria, idealmente, segundo o próprio presidente do BC, ultraconservador, uma taxa de juro de 26%.
Suicídio macroeconômico neoliberal.
Seria, na prática, a morte da economia, para satisfazer a demanda do mercado financeiro, descompromissado com o desenvolvimento nacional.
PANORAMA SOMBRIO A PARTIR DE NOVA YORK
O arcabouço, preparado por Lula-Haddad, submetido a Lira-Cajado-mercado financeiro, no comando de uma base política majoritária, ultra-conservadora antidesenvolvimentista, trabalha para inviabilizar a industrialização nacional.
Os empresários, da indústria e do comércio, criaram, com seu apoio às reformas neoliberais, aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro, condições para levá-los à falência.
Tiro no pé.
Essa semana, em Nova York, os empresários, durante realização da LIDE – Liderança Empresarial – articulada pelo ex-governador de São Paulo, João Dória, neoliberal de carteirinha, estão percebendo que caíram na armadilha ultraneoliberal fascista que não deixa o Brasil se industrializar, ou melhor, suas empresas prosperarem.
Os políticos que compareceram ao evento, com destaque para Arthur Lira, certamente, está sendo oportunidade de ver e sentir que estarão traindo vergonhosamente seu eleitorado, a classe média, pois, se seguirem a pauta equivocada neoliberal conservadora, irão para o cadafalso eleitoral.
Terão se deslocado do Brasil para os Estados Unidos para ver a preparação do seu próprio funeral político.
Estarão diante da crise capitalista financeira em que vivem os próprios Estados Unidos, onde os partidos se rebelam contra a pauta neoliberal que inviabiliza gastos sociais do governo para privilegiar o sistema financeiro, essencialmente, comprometido com indústria armamentista para fomentar guerra na Ucrânia, responsável por elevar a inflação global e falência do capital produtivo, sem capacidade para concorrer com sua maior rival, a China.
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