Confusões da esquerda sobre o caráter do governo Lula

Imperialismo intensifica ataques ao governo Lula e Andrew Korybko, ideólogo norte-americano radicado na Rússia, engrossa o caldo

Lula e Janja
Lula e Janja (Foto: Ricardo Stuckert/PR)


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Após os últimos posicionamentos de Lula, principalmente acerca da política internacional, a imprensa capitalista e de setores da esquerda iniciaram uma investida massiva contra o governo. Como em outros momentos, a pressão vem tanto pela direita quanto pela esquerda, através principalmente de setores ligados ao imperialismo.

A visita a Biden

A primeira visita de Lula ao governo Biden resultou em uma declaração conjunta em 10 de fevereiro. É importante ressaltar o caráter pró-forma da declaração, não houve consequências objetivas da mesma exceto uma doação ao fundo amazônico, previamente anunciada.

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Nesta visita não houve concessões entre as partes, tanto o imperialismo quanto Lula mantiveram suas posições. No máximo, os frutos da visita foram uma pequena campanha para Biden de democrata e para Lula de comprometido com a conciliação.

Em público foram tocadas basicamente questões diplomáticas. Entre estas a presidência brasileira do G20 e a celebração do bicentenário das relações diplomáticas Brasil-Estado Unidos da América (EUA) em 2024.

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A declaração conjunta foi vazia, próximo a um discurso contra a fome mundial de miss mundo. Não houve qualquer novidade de ambas as partes.

Caso Ucrânia

A posição de Lula no caso da Ucrânia segue uma posição tradicional da burguesia brasileira, de não tomar partido nos conflitos internacionais. Principalmente quando estes vão de encontro a interesses econômicos nacionais.

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“Há uma abertura de negociação da posição do Brasil para que Lula seja um articulador das posições equilibradas em busca da paz. Mas não houve, digamos, uma recepção completa por parte de Biden dessa posição. Não vejo isso Biden quer ver Lula como comandante [da tarefa de acabar com o conflito]. Pelo contrário, ele quer que Lula coloque os interesses dos EUA acima dessa posição. Por isso essa paz não é uma posição favorável para receber Biden” Guilherme Carvalhido.

Nesse caso em particular uma posição pela paz, é uma posição pró Rússia. O conflito não ocorre exatamente entre a Rússia e a Ucrânia, e sim entre Rússia e imperialismo.

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Em caso de paz, ou não intervenção externa, o conflito seria rapidamente resolvido pela Rússia. Pondo um fim aquele enclave imperialista na região.

A paz não interessa ao imperialismo, o objetivo deste é somente obliterar os países que guardam alguma independência. 

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Embargo ao envio de munições

O que demonstra cabalmente a posição real de Lula neste conflito, foi seu embargo ao envio de munições à Ucrânia. Sem estardalhaço, essa única medida teve repercussão internacional, além de contribuir para a diplomacia nacional.

Nesta ação, os interesses do imperialismo norte-americano foram prejudicados. Havendo inclusive manifestações de outros setores favoráveis a essa posição.

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“A paz esteve no centro de nossas discussões em Paris durante a visita histórica do presidente Zelensky, com o chanceler Scholz. A Ucrânia demonstrou verdadeira coragem ao iniciar esta conversa com seu plano de paz de 10 pontos. Vamos continuar juntos nessa base @LulaOficial” Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) 11 de fevereiro de 2023.

Isso acarretou em dificuldades de logística para o imperialismo na guerra em curso, impondo contingência dos conflitos ou necessidades de investimentos bilionários. Além de apontar uma saída independente para a situação.

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Soberania e nacionalista

Se formos analisar de forma objetiva a política do Lula, teremos certo três características do governo: pratica concessões, buscar soberania e tem uma posição nacionalista. Essas características estiveram presentes de uma forma de outra em todos os governos do PT.

Esse terceiro governo Lula é o mais à esquerda entre os governos do PT. Essa radicalização é impulsionada tanto pelas condições de vida da população, como pela pouca predisposição do imperialismo à conciliação.

Confusão da esquerda

Como citado anteriormente, um setor da esquerda aderiu à investida imperialista contra Lula, sendo o flanco esquerdo desse ataque. O imperialismo incomodado com a posição do Lula reagiu de imediato, iniciando uma campanha de larga escala.

Nesta campanha está a direita tradicional e alguns setores da esquerda como Andrew Korybko, um ideólogo norte-americano radicado na Rússia. Korybko se apega a aspectos puramente formais da diplomacia do governo Lula, para disparar uma série de ataques ao governo Lula, mas não considera seus resultados objetivos.

No geral, a esquerda abriu mão da luta de classe como critério de análise política e guiasse apenas pela aparência, deixando de lado os fatos objetivos. O resultado dessa ideologia é uma política contra revolucionária, incompatível com o desenvolvimento político dos trabalhadores.

Não faltam exemplos de ideologias totalmente estranhas ao movimento operário nas organizações de esquerda que acabam por beneficiar apenas a direita.

Ideólogo norte-americano radicado na Rússia

Korybko é um analista político americano, mais conhecido pelo livro “Guerras Híbridas – Das Revoluções Coloridas aos Golpes”. No geral o mesmo expressa ideologicamente um setor da burocracia russa.

Para Korybko: “ Assim como aquele movimento americano armava as teorias da conspiração para encobrir todas as vezes que ele foi contra as expectativas políticas de sua base para que não se revoltassem contra ele, também aquele brasileiro está fazendo o mesmo para encobrir que Lula decepcionou sua esquerda- base multipolar condenando a Rússia para que também não se revolte contra ele”.

A posição do mesmo é vazia e coloca absurdo como “Os liberais de Lula são basicamente uma imitação brasileira de QAnon, mas para pessoas de esquerda em vez de pessoas de direita como os apoiadores de Trump”. Colocando a candidatura de Lula no mesmo patamar da extrema-direita norte-americana.

Por exemplo, esse trecho da declaração conjunta é duramente criticado por Korybko: “eles lamentaram a violação da integridade territorial da Ucrânia pela Rússia e a anexação de partes de seu território como flagrante violações do direito internacional e pediu uma paz justa e duradoura”.

Entretanto essa posição do Lula é anterior ao seu governo, não há novidades na mesma, ainda preserva uma tradição diplomática nacional. Embora seu veto ao envio de munições se coloque como imparcial, na prática, foi totalmente pró Rússia.

A política do Korybko não apenas não esclarece a situação da Ucrânia, como acaba por confundir as relações entre Brasil e Rússia. Essa posição serve apenas ao imperialismo do país natal de Korybko, EUA, e prejudica os países acossados pelo imperialismo.

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