Condenaram o povo, aprisionaram a esperança
"O Brasil está triste. Condenaram Lula, encarceram o povo, aprisionaram a esperança. Não se condenou apenas um homem. Não se condenou mais um político. Essa condenação arbitrária, injusta e ilegal de Lula, o melhor presidente da história do Brasil, significa o aprisionamento das perspectivas de igualdade social e de oportunidades para todos. Junto com Lula, estão condenando os sonhos e as esperanças do povo brasileiro. Junto com Lula, estão aprisionadas a justiça e a democracia", escreve o colunista Marcelo Zero, no dia em que foi decretada a sentença do juiz Sergio Moro contra o ex-presidente; para ele, "haverá reação. Nacional e internacional. Em todas as instâncias, em todos os foros, no Brasil e no mundo, essa escandalosa injustiça será denunciada"
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O Brasil está triste. Condenaram Lula, encarceram o povo, aprisionaram a esperança.
Não se condenou apenas um homem. Não se condenou mais um político. Essa condenação arbitrária, injusta e ilegal de Lula, o melhor presidente da história do Brasil, significa o aprisionamento das perspectivas de igualdade social e de oportunidades para todos. Junto com Lula, estão condenando os sonhos e as esperanças do povo brasileiro. Junto com Lula, estão aprisionadas a justiça e a democracia.
O povo do Brasil, sempre excluído e manietado por aqueles que hoje condenam seu maior e melhor líder, sabe bem que a prisão de Lula é um golpe contra seus anseios e interesses.
Contra suas liberdades democráticas, ameaçadas por um Estado de exceção que hoje tenta criminalizar movimentos sociais, sindicatos e todas as forças que lutam contra o golpe dos que sempre mandaram no país com autoritarismo e ditaduras. Estado de exceção que reprime violentamente manifestações populares. Que assassina indígenas e trabalhadores rurais.
Contra seu direito à justiça, ignorado por um sistema judicial que sempre agiu de forma seletiva, protegendo as oligarquias e perseguindo os excluídos e aqueles que os defendem. Um sistema que só prende ricos quando tais prisões são úteis à perseguição a lideranças populares.
Contra seu direito a uma vida digna, ameaçado pelos retrocessos na legislação trabalhista e previdenciária e pela agenda ultraneoliberal promovida pelo golpe contra o Brasil e seu povo.
O golpe que promove desigualdade e desemprego, que destrói o Estado de Bem-Estar, que vende o patrimônio público a preços aviltados, que erode a soberania do Brasil e que envergonha o país perante o mundo ao tê-lo transformado numa republiqueta de bananas. O golpe contra o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas, ameaçados pelo desmatamento e a flexibilização da proteção às reservas e às áreas de conservação ambiental.
O golpe contra os 54,5 milhões de votos que elegeram a presidenta honesta em eleições livres e limpas. O golpe contra os 42 milhões de brasileiros que ascenderam à classe média, nos governos do PT. Contra as políticas sociais que praticamente eliminaram a miséria no Brasil. Contra um processo de desenvolvimento que conseguiu retirar o Brasil do Mapa da Fome. Fome secular, vergonhosa, que as oligarquias brasileiras nunca se preocuparam em saciar. E que agora volta abraçada com aqueles que perseguem Lula.
O Brasil está indignado. Condenam Lula, condenam a justiça e a democracia.
No momento em que, no Brasil, políticos conservadores são inocentados e preservados e que bandidos são soltos para gastarem seus milhões no exterior, mesmo com abundantes provas concretas, condenar Lula, o maior líder popular da nossa história, sem um resquício de evidências, significa desferir golpe mortal contra a justiça e a democracia do Brasil.
Todos no Brasil sabem que a perseguição judicial a Lula, uma verdadeira lawfare, fazia parte da agenda política do golpe de Estado brasileiro muito antes do início de qualquer ação jurídica.
Na realidade, o golpe de Estado, perpetrado pela a que foi definida como a "quadrilha mais perigosa do Brasil" contra uma presidenta sabidamente honesta, sempre teve como objetivo maior destruir as conquistas sociais e econômicas do povo brasileiro e impor, de forma arbitrária e ilegítima, uma agenda de retrocessos sociais e de destruição de direitos que jamais seria aprovada em eleições livres e democráticas.
Por isso, a condenação de Lula é essencial. Ela é necessária para que golpe e sua agenda se consolidem. Lula, que lidera com folga em todas as pesquisas para ganhar as próximas eleições presidenciais, precisa ser afastado para que a agenda reacionária das oligarquias não possa ser revertida. Lula é a grande liderança popular a ser exterminada para que o golpe continuado possa sobreviver.
E não importa de que forma.
Assim como a presidenta Dilma Rousseff foi afastada com a invenção de um "crime" previamente inexistente, a "pedalada fiscal", o ex-presidente Lula é agora condenado com inexistência de provas. Com efeito, a própria peça acusatória dos procuradores reconhece que não há provas materiais contra o ex-presidente, além do depoimento de um réu que sabia que poderia ser libertado caso acusasse Lula, como é de praxe nos processos promovidos por juízes e procuradores que atuam, em regra, de forma claramente seletiva e partidarizada e com base apenas em power points, ilações e hipóteses probabilísticas construídas arbitrariamente.
Mas, na lógica paradoxal que prevalece nesses processos kafkianos contra lideranças populares, a ausência de provas se converte em prova cabal. Nesses processos, prevalece também o atropelamento dos direitos e garantias individuais, o abuso das prisões temporárias como instrumento de tortura psicológica para forçar delações, conduções coercitivas à margem da lei, vazamentos ilegais e seletivos de informações sigilosas e toda sorte de agressões à constituição brasileira e aos tratados internacionais relativos aos direitos humanos. Com a desculpa de que ninguém pode estar acima da lei, colocam-se cidadãos, inclusive Lula e seus familiares, abaixo da proteção da lei e à margem do devido processo legal e do amplo direito à defesa.
Lula representa tudo o que a oligarquia reacionária e antidemocrática odeia mais. Lula é aquela pobre criança do sertão nordestino que deveria ter morrido antes dos 5 anos, mas sobreviveu. Lula é aquele candidato popular que não devia ter chegado ao poder, mas chegou. Lula é aquele presidente que devia ter fracassado, mas teve êxito extraordinário governando para todos.
Lula é o pobre que devia ter ficado em seu lugar, nas senzalas da exclusão, mas não ficou. A luta pessoal de Lula se confunde com a luta coletiva do povo brasileiro. Por isso, o ódio a Lula cultivado e estimulado pelas oligarquias brasileiras e seu braço midiático. Para eles, Lula não deveria sequer existir.
Mas existe. Existe e não será jamais amordaçado e acorrentado. Ao contrário dos golpistas, que se nutrem do ódio, Lula se nutre da esperança de dias melhores em um Brasil para todos. Inclusive para a minoria que foi artificialmente adestrada a odiá-lo.
Lula é uma criação genuína do povo do Brasil. É a sua cara, o seu coração. Lula está no filho do pedreiro que virou doutor. Na mãe que hoje consegue alimentar os seus filhos. Nas águas que hoje regam o sertão nordestino. Na luz para os que viviam nas trevas.
Lula é o sonho da vida digna. Lula é a esperança da conciliação do Brasil. Somente eleições diretas com a participação de Lula poderão superar a gravíssima crise política, econômica e institucional do país. Encarcerar Lula significa manter o Brasil numa crise insolúvel. É agravar o quadro de conflito que aprisiona o país.
Não se pode aprisionar o sonho, não se deve encarcerar a esperança. Não se acorrenta o coração de todo um povo.
Haverá reação. Nacional e internacional. Em todas as instâncias, em todos os foros, no Brasil e no mundo, essa escandalosa injustiça será denunciada. Esse novo golpe contra a democracia brasileira será condenado, pois sem Lula, a única liderança capaz de se opor à agenda destrutiva do golpe continuado, as próximas eleições brasileiras serão uma gigantesca fraude.
Sem Lula, não haverá democracia. Haverá fome.
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