Conchavo não resolve

O governo erra (mais uma vez) ao tentar fazer acordo com Eduardo Cunha para evitar o impeachment

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha fala com a imprensa sobre as análises do Impeachment da presidente Dilma (Antonio Cruz/Agência Brasil)
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha fala com a imprensa sobre as análises do Impeachment da presidente Dilma (Antonio Cruz/Agência Brasil) (Foto: Hélio Doyle)


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Desta vez o ministro Gilmar Mendes tem razão: liminares do Supremo Tribunal Federal não vão impedir o impeachment de Dilma, a decisão está nas mãos do Congresso Nacional. Mendes não disse, mas há outra questão que deve ser considerada: acordos políticos dificilmente irão impedir a cassação de Eduardo Cunha, o Congresso não terá coragem de absolvê-lo com tantas provas contundentes de sua culpa. Há uma terceira questão: o impeachment é uma decisão política do Congresso, que só a tomará se sentir absoluta confiança em que não haverá reação de parcela significativa da sociedade.

O governo erra, mais uma vez – e como erra este governo! – ao tentar fazer acordo com Eduardo Cunha. Até agora, o ônus de estar aliada a Cunha era apenas da oposição, que diante do estrago que isso causa na opinião pública sentiu-se obrigada a divulgar nota contra ele. O governo agora puxa esse ônus para si, tentando fazer um acordo que o deixa muito mal, ao proteger o bandido para se proteger. Para quê? Para nada.

Não é possível que entre os estrategistas do governo (e há estrategistas no governo?) ninguém tenha pensado no desgaste que esse tipo de acordo causa até mesmo entre aliados e defensores do mandato de Dilma. Só o consideram “normal” aqueles mais fanáticos e, por isso, geralmente mais limitados politicamente, que defendem o vale-tudo político para salvar o mandato. Dilma fez mudanças no governo, e alguns acharam que era isso que evitaria o impeachment. Como já se viu, não foi e nem será.  

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Eduardo Cunha conhece como ninguém o meio político e as bandalheiras que acontecem no Congresso Nacional, nas residências oficiais e apartamentos funcionais e em restaurantes caros de Brasília. Sabe que nenhum acordo com o governo garante seu mandato e muito menos o de Dilma. Não é por aí. O governo poderia ter a mesma perspicácia e entender, de vez, que sua estratégia tem de passar pela recuperação de apoios na população, não pelos conchavos.

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