Computadores da Marinha trazem campanha nas redes da Força
Jornalista Denise Assis relata o uso da máquina pública pelas Forças Armadas na campanha de Jair Bolsonaro
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Por Denise Assis, para o 247
No estudo “Eleições brasileiras 2022 -Mapeamento de atores-chave - Forças Armadas e Estados - Segundo relatório interino-5 de setembro de 2022”, encomendado a uma consultoria pelas Forças Armadas, com o objetivo de mapear “atores-chave” e seus pendores golpistas, às vésperas do 7 de setembro, e publicado com exclusividade pelo 247, o comandante da Marinha, Almirante Garnier, aparece com “alto grau de apoio”. Não por acaso, computadores apareceram com as redes sociais repletas de postagens emitidas durante expediente e, portanto, de dentro da repartição pública, na defesa do seu candidato à presidência.
O almirante é um dos poucos alocados em alto comando das FAs que usa as redes sociais e não se furta de passar mensagens subliminares, como neste tuíte:
O estudo feito pela consultoria - que utiliza graduação de cores que vão do verde ao vermelho vivo para distinguir o nível de engajamento -, diz também que o mapeamento avalia a disposição dos pesquisados sobre o reconhecimento “dos resultados das eleições presidenciais brasileiras e seus posicionamentos acerca do questionamento de instituições democráticas da integridade do sistema eleitoral”. O destaque soa desnecessário, pois aos militares não é permitido agir diferente disto.
Fato é que, hoje, nas redes sociais dos computadores da Marinha os usuários foram surpreendidos com a seguinte mensagem:
“Bolsonaro não é a melhor opção, mas será a única alternativa para evitar a volta daqueles que saquearam o nosso País. Não anule seu voto. Se posicione, pelo bem do Brasil e dos seus filhos e netos.
No dia 6 de dezembro de 1998, jovens venezuelanos comemoravam a vitória de Hugo Chaves e do Socialismo na Venezuela. Hoje, seus filhos lutam por migalhas e contra a opressão da Ditadura. Seu voto é importante para garantir a sua liberdade e de seus filhos e netos”.
A mensagem é encimada por um card com a imagem de um navio sobre as ondas e os dizeres: “uma coisa é você não gostar do capitão. A outra é você entregar o navio aos piratas”.
A consultoria mapeou atores estaduais do Executivo, Legislativo, Judiciário, Forças de Segurança e do Ministério Público e destacou cargos de alto escalão das Forças Armadas por conta do profundo envolvimento da instituição no governo Bolsonaro e seu crescente engajamento em assuntos políticos e eleitorais.
O mapeamento apresentado considerou declarações explícitas ou implícitas sobre os temas abordados, publicados em fontes públicas ou obtidas por meio de entrevistas discretas. E destaca: “Os atores mapeados ocupam posições que lhes permitem influenciar ou interferir em eventuais movimentos de contestação dos resultados eleitorais, seja em apoio, seja em repúdio”.
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