Compra de votos por Temer vale 90 mensalões e 128 PECs da reeleição de FHC

É claro que a esmagadora maioria dessa gigantesca grana, considerando-se a grave crise econômica do pais, concedida quando a maioria dos ministérios não tem mais dinheiro sequer para comprar cafezinho e pagar as contas de luz e de telefone, foi destinada a deputados da base

Presidente Michel Temer 30/05/2017 REUTERS/Paulo Whitaker
Presidente Michel Temer 30/05/2017 REUTERS/Paulo Whitaker (Foto: Romerito Aquino)


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O jornal O Globo deste domingo trouxe em uma de suas manchetes a denúncia de que Michel Temer e sua quadrilha mais perigosa do Brasil, como disse o empresário Joesley Batista, usaram nada menos que R$ 15,3 bilhões (ver aqui) dos cofres públicos para parlamentares de sua base aliada aplicarem em seus currais eleitorais nos estados e salvar na CCJ, e possivelmente no plenário da Câmara, o atual presidente da primeira das três denúncias de corrupção apresentada pela Procuradoria Geral da República.

É claro que a esmagadora maioria dessa gigantesca grana, considerando-se a grave crise econômica do pais, concedida quando a maioria dos ministérios não tem mais dinheiro sequer para comprar cafezinho e pagar as contas de luz e de telefone, foi destinada a deputados da base. Embora, algumas migalhas tenham sido dadas aos parlamentares da oposição, para Temer não ser acusado de promover descriminação orçamentária.

 Mesmo que possa legalmente ter liberado a grana, embora absolutamente condenável do ponto de vista da ética e da moralidade pública, o governo pratica essa malfadada compra de votos em plena luz do dia e bem ao lado do Supremo Tribunal Federal (STF), fórum maior da Justiça brasileira responsável para fiscalizar e julgar parlamentares federais e o presidente da República, em caso de práticas condenáveis no uso de recursos do povo.

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Mais grave do que isso é a comparação do escândalo atual, quando os orçamentos da educação, da saúde, do saneamento básico e de outros setores da administração pública estão indo para as cucuias, com outros dois grandes escândalos nacionais de corrupção do mesmo gênero, ocorridos recentemente no país.

Tratam-se dos escândalos da compra de voto de deputado por R$ 200 mil em 1997 (ver aqui) pelo governo FHC para aprovar no Congresso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permitiu a sua reeleição no ano seguinte, e do escândalo do mensalão do PT, PL, PP, PMDB e PTB, denunciado em 2005 (ver aqui).

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Dividindo-se os R$ 15,3 bilhões, denunciados pelo jornal O Globo, por 513 deputados e 81 senadores, chega-se à soma de R$ 25,7 milhões por parlamentar, que pode contar com parte dela como emendas ao orçamento federal para realizar obras no estado, que sempre foram potenciais geradoras de propinas para a maioria dos políticos brasileiros. 

Ou seja, o valor do atual escândalo da compra de votos no Congresso Nacional brasileiro pela quadrilha de Temer custou nada menos que 128 vezes mais do que a “brincadeirinha” de compra de votos feita pelo governo de FHC para garantir a aprovação da PEC da reeleição. E 90 vezes mais do que os R$ 170 milhões que foram calculados como repasse para 40 deputados dos cinco partidos que teriam se envolvido no escândalo do mensalão.

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Embora uma parte da opinião pública nacional esteja muito mais preocupada e interessada em saber se o ex-presidente Lula será preso após a condenação, sem provas, imposta pelo juiz Sérgio Moro, que não condenou até aqui na Lava Jato nenhum dos políticos filiados ao PSDB, o escândalo atual de compras de votos deve entrar para a história, disparado, como o maior escândalo político que se tem notícia na Terra Brasilis.

E que pode ficar totalmente impune, fazendo o presidente e estadista francês Charles de Gaulle se revirar no túmulo por não ter previsto para o mundo, de forma mais incisiva, que este é certamente o país menos sério do planeta. Afinal, o que importa mais por aqui, mesmo nesta época da modernidade, continua sendo o samba, o futebol e o carnaval. Que são ótimos, mas não suficientes para tornar melhor a vida no país, que poderia crescer de forma bem mais igual e bem menos violenta.

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