Compra de votos por Temer vale 90 mensalões e 128 PECs da reeleição de FHC
É claro que a esmagadora maioria dessa gigantesca grana, considerando-se a grave crise econômica do pais, concedida quando a maioria dos ministérios não tem mais dinheiro sequer para comprar cafezinho e pagar as contas de luz e de telefone, foi destinada a deputados da base
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O jornal O Globo deste domingo trouxe em uma de suas manchetes a denúncia de que Michel Temer e sua quadrilha mais perigosa do Brasil, como disse o empresário Joesley Batista, usaram nada menos que R$ 15,3 bilhões (ver aqui) dos cofres públicos para parlamentares de sua base aliada aplicarem em seus currais eleitorais nos estados e salvar na CCJ, e possivelmente no plenário da Câmara, o atual presidente da primeira das três denúncias de corrupção apresentada pela Procuradoria Geral da República.
É claro que a esmagadora maioria dessa gigantesca grana, considerando-se a grave crise econômica do pais, concedida quando a maioria dos ministérios não tem mais dinheiro sequer para comprar cafezinho e pagar as contas de luz e de telefone, foi destinada a deputados da base. Embora, algumas migalhas tenham sido dadas aos parlamentares da oposição, para Temer não ser acusado de promover descriminação orçamentária.
Mesmo que possa legalmente ter liberado a grana, embora absolutamente condenável do ponto de vista da ética e da moralidade pública, o governo pratica essa malfadada compra de votos em plena luz do dia e bem ao lado do Supremo Tribunal Federal (STF), fórum maior da Justiça brasileira responsável para fiscalizar e julgar parlamentares federais e o presidente da República, em caso de práticas condenáveis no uso de recursos do povo.
Mais grave do que isso é a comparação do escândalo atual, quando os orçamentos da educação, da saúde, do saneamento básico e de outros setores da administração pública estão indo para as cucuias, com outros dois grandes escândalos nacionais de corrupção do mesmo gênero, ocorridos recentemente no país.
Tratam-se dos escândalos da compra de voto de deputado por R$ 200 mil em 1997 (ver aqui) pelo governo FHC para aprovar no Congresso a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que permitiu a sua reeleição no ano seguinte, e do escândalo do mensalão do PT, PL, PP, PMDB e PTB, denunciado em 2005 (ver aqui).
Dividindo-se os R$ 15,3 bilhões, denunciados pelo jornal O Globo, por 513 deputados e 81 senadores, chega-se à soma de R$ 25,7 milhões por parlamentar, que pode contar com parte dela como emendas ao orçamento federal para realizar obras no estado, que sempre foram potenciais geradoras de propinas para a maioria dos políticos brasileiros.
Ou seja, o valor do atual escândalo da compra de votos no Congresso Nacional brasileiro pela quadrilha de Temer custou nada menos que 128 vezes mais do que a “brincadeirinha” de compra de votos feita pelo governo de FHC para garantir a aprovação da PEC da reeleição. E 90 vezes mais do que os R$ 170 milhões que foram calculados como repasse para 40 deputados dos cinco partidos que teriam se envolvido no escândalo do mensalão.
Embora uma parte da opinião pública nacional esteja muito mais preocupada e interessada em saber se o ex-presidente Lula será preso após a condenação, sem provas, imposta pelo juiz Sérgio Moro, que não condenou até aqui na Lava Jato nenhum dos políticos filiados ao PSDB, o escândalo atual de compras de votos deve entrar para a história, disparado, como o maior escândalo político que se tem notícia na Terra Brasilis.
E que pode ficar totalmente impune, fazendo o presidente e estadista francês Charles de Gaulle se revirar no túmulo por não ter previsto para o mundo, de forma mais incisiva, que este é certamente o país menos sério do planeta. Afinal, o que importa mais por aqui, mesmo nesta época da modernidade, continua sendo o samba, o futebol e o carnaval. Que são ótimos, mas não suficientes para tornar melhor a vida no país, que poderia crescer de forma bem mais igual e bem menos violenta.
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