Como ferve o caldeirão das CPIs

Arthur Maia e Eliziane Gama
Arthur Maia e Eliziane Gama (Foto: Billy Boss/Câmara dos Deputados | Roque de Sá/Agência Senado)


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Lula conhece o efeito de certas CPIs. Elas acirram os ânimos e levam às vezes ao desvario alguns de seus membros. O excesso de exposição, afiando as vaidades, transforma cordeiros em lobos, com efeitos imprevisíveis. Imaginemos uma CPI multiplicada por três, uma delas mista Câmara/Senado? Graças a semelhantes artifícios, os parlamentares rompem com o cotidiano e chegam às alturas, transformados em manchetes e convencidos de sua importância. Para disciplinar esses eventos, previu-se a ideia do “fato determinado” para as investigações, de modo que não se pode espalhar descontroladamente o mesmo fórum de discussões. 

A CPI do MST, maciçamente controlada pela oposição, manobrou para ocupar os cargos de relevo. Para Presidente, escolheu-se o Tenente Coronel Zucco, para relator o ex-Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, o mesmo que pretendeu “passar a boiada” e ser o rei do desmatamento. Quanto ao primeiro, acha-se no centro das investigações sobre os atos golpistas do dia 8 de janeiro. Por sorte, como efeito da natureza humana, o adverso se transforma, eventualmente, em favorável e se invertem as equações dos sucessos. Uma deputada, Sâmia Bomfim, de posse do regimento do colegiado, usou do microfone para, digamos assim, arrasar com o Zucco e, por acréscimo, com o Salles. Daqui por diante, é certo que os dois tremerão nas bases só de cruzar com ela porque não lhe falta poder de fogo. A ideia subjacente desta CPI seria, se possível, destruir a ação dos sem-terra. 

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Mais importante do que qualquer outra, no entanto, é a CPMI dos eventos do 8 de janeiro. Na sua instalação, já se verificou o tamanho da confusão, nas disputas entre governo e oposição. O perfil dos atuais parlamentares representa um conjunto de agressivos baderneiros sempre que possível, gente sem noção de hierarquia, na escola treinada por Bolsonaro. Lula ganhou as eleições. O Congresso ficou para depois, nos seus novos desafios de enfrentamento. Da habilidade e da combatividade dos militantes em jogo, combinadas com as posições de comando, resultará os efeitos da futura política brasileira. Enquanto isso, ficaremos sobretudo com o caldeirão fervente nos debates, sessão por sessão, à espera por desfecho.  Abacaxis e jabutis permanecem à espreita a cada nova iniciativa da administração pública. Será mais fácil construir a paz na Ucrânia! 

É verdade que grande parte da arrogância dos opositores provém da certeza da impunidade, à sombra do dispositivo da imunidade parlamentar. Com o desenvolvimento das investigações na Justiça Eleitoral e as condenações que terão lugar, é possível que os violentos pensem duas vezes antes de se expor e se tornem razoáveis. No tumulto, poucos levam o país em conta. É assim que funciona o sistema da alternância de poder, enquanto a sociedade carece de educação. De todo modo, e Lula tem razão quanto isso, o pior que pode nos acontecer é não termos políticos. Sem eles, com certeza, não sairíamos das sombras.

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