Como escapar da armadilha do debate da Globo?
"Não há nenhum problema em ignorar o roteiro do debate proposto pela Globo. O importante é falar direto ao coração das pessoas", escreve Bepe Damasco
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"Não há nenhum problema em ignorar o roteiro do debate proposto pela Globo. O importante é falar direto ao coração das pessoas", escreve Bepe Damasco
Se o debate do SBT, no sábado, foi visto como uma armadilha por alguns quadros políticos do PT e partidos aliados – e, por isso, Lula fez muito bem em não ter ido -, o que dirá o da TV Globo, marcado para a próxima quinta-feira, dia 29.
Sim, porque, em linhas gerais, o formato é o mesmo, inclusive com a presença do falso padre Kelmon, que caiu de paraquedas na eleição aos 47 minutos do segundo tempo, para servir de escada para Bolsonaro.
A propósito, o comando da campanha de Lula agiria muito bem se condicionasse a participação do ex-presidente à exclusão do religioso de araque, pois já basta ter que aturar candidatos inexpressivos e sem voto como Felipe D’Ávila e Soraya.
Até as paredes dos estúdios da Globo sabem que a estratégia de todos os adversários de Lula será atacá-lo o tempo inteiro através das acusações de corrupção. Eles estão cientes de que perdem de goleada para Lula, caso a discussão gire em torno de programas de governo e, principalmente, soluções para melhorar a vida do povo.
Penso que, para valer a pena a ida de Lula ao debate e garantir a vitória no primeiro turno, não vai funcionar na Globo, a exemplo do que já ocorrera na Band, a tática de tocar a bola para o lado para fazer o tempo passar. Tampouco a repetição da pose de bom samaritano, dando a outra face para bater, trará dividendos eleitorais.
Quem sou eu para dar conselhos a Lula, mas ouso dizer que suas respostas às provocações devem ir muito além de atribuir os processos fraudulentos contra ele à atuação do juiz suspeito e corrupto Sérgio Moro.
É preciso deixar claro que ele e seu partido foram vítimas da maior perseguição da história do país, levada a cabo por um conluio formado por parcelas expressivas do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal e da mídia corporativa, contando também com ramificações internacionais, como é o caso da atuação na Lava Jato do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Além dessas considerações gerais sobre o assunto, sonho em ouvir Lula respondendo ao primeiro ataque de Bolsonaro mais ou menos assim:
“Que autoridade moral você tem, Bolsonaro, para me fazer este tipo de pergunta, com seu governo enlameado pela corrupção? É roubalheira na compra de vacina, Ministério da Educação liberando dinheiro para pastores em troca de barra de ouro, escândalo na Codevasf, trambiques do orçamento secreto e gastos bilionários no cartão corporativo. Tudo protegido por seu decreto de sigilo de 100 anos. E as pessoas estão até agora esperando uma explicação sua sobre a compra de 51 imóveis com dinheiro vivo."
Respondendo de forma ampla e contundente à questão da corrupção logo no início do debate e acertando o fígado de Bolsonaro também nos primeiros minutos, quando é maior a audiência, Lula só teria a ganhar se passasse imediatamente a tratar de temas que realmente interessam ao povo e nos quais ele costuma ser brilhante: o combate à fome, a carestia criminosa dos preços da comida, o desemprego, a precarização do trabalho, políticas de distribuição de renda, de saúde e educação.
Ou seja, Lula não deve permitir que o tema corrupção paute o programa, como querem seus adversários. Não há nenhum problema em ignorar o roteiro do debate proposto pela Globo. O importante é falar direto ao coração das pessoas, levando-lhes esperança.
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