Como eliminar seu dragão da inflação

Frentista abastece veículo em posto de combustíveis no Rio de Janeiro. 08/07/2021
Frentista abastece veículo em posto de combustíveis no Rio de Janeiro. 08/07/2021 (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)


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A proposta desesperada do presidente Bolsonaro, para tentar melhorar o preço da gasolina, no ano eleitoral, de zerar o ICMS, é mais uma fakenews. A proposta pode até melhorar no primeiro momento, mas não se sustenta a médio e longo prazo, graças a sua política continuada de equiparação dos valores internacionais que apenas engorda os bolsos dos empresários, mas o povo, aquele que vai votar nas urnas em outubro, não oferece nenhuma solução de redução. É uma bomba relógio. Os Estados já passaram quatro meses com seus ICMS congelados e nada conseguiu parar esse avanço, por conta da política internacional de petróleo do qual Temer atrelou quando assumiu, ao invés da antiga política interna.

A medida paliativa, só tem o objetivo eleitoral. Mas a política internacional é implacável. Essas tentativas acocham bradas, típicas de déspotas, lembra uma história de séculos atrás. Um rico aristocrata turco que visitou Paris, experimentou um vinho branco Chateau Carbonnieux de Bordeaux. Comprou vários e se tornou uma febre entre a corte turca. Como bebida alcoólica é proibida pelo Alcorão a saída foi resolvida pelo Sultão, no século 16. Eles importariam a bebida, mas mudariam o rótulo. Seria Eau Minerale de Carbonnieux. Água mineral. Resolvido a questão da importação e a fiscalização de Alá. 

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O dilema vivido ente o sabor e a consciência estão sendo vividas por Bolsonaro. Ou ele abaixa os preços e consegue competir melhor na eleição ou ele agrada os mais ricos. Os dois, não dá. Sua tentativa de privatizar a Petrobrás para dar uma canetada se mostrou impossível e mesmo que pudesse em tão pouco tempo, cairia na mesma armadilha, pois sendo de empresários, eles atrelariam a preços internacionais. Em março de 2021 o governo já tinha zerado os impostos federais sobre diesel e gás de cozinha e não aconteceu nenhuma diferença. Bolsonaro não pode mudar o rótulo verdadeiro quando é inconveniente. 

O problema em se achar um rei e não um governante, é que ele tenta decretar suas verdades de um Brasil perfeito, enquanto a maior parte da população está sofrendo demais para sobreviver.  Para eles só existe teto de gastos para educação, saúde, cultura para endividamento do Estado, não existe. Tentam impedir a percepção da realidade com discursos, fakenenws, mas a realidade é visível a olho nu. Aqueles que tentam mostrar o povo nas ruas, volta da violência urbana, fome e desespero, são atacados pela máquina do Estado, tal qual na antiga ditadura, como o presidente tanto celebra.

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A compensação da renuncia de receita dos Estados e Municípios serão com a venda da maior empresa de energia da América latina, a preço de banana. Tudo feito às pressas para tentar salvar a eleição a menos de quatro meses. O governo de extrema-direita neoliberal tenta se vender como democrata, porém ataca até a própria democracia  fazendo todo tipo de crítica ao melhor sistema eleitoral do mundo, colocando seus dois ministros do STF tumultuando a instituição por dentro estrategicamente para esfacelar o nosso modelo de país. Qual o rótulo do próprio governo? Eles são o que dizem ou são o que fazem? Afinal, Bolsonaro está muito longe de ser um sultão, mesmo achando que é um país maravilhoso.

No fundo, vemos e vivemos em um momento de poder das narrativas e Bolsonaro dá para seus seguidores o que querem, mesmo sendo todas inverdades. Afinal, sua prerrogativa está que suas palavras, assim como o rótulo vindo de Alá, está autorizado pelos pentecostais que o comparam a Jesus. E essa interpretação continuará sendo perigosa nesses próximos meses de corrida eleitoral. Só vai piorar. A única certeza é que podemos eliminar seu dragão da inflação em outubro. Todo resto será recuperado a duras penas.

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