Comemorando o golpe
Como todo mundo leu, Bolsonaro ficou eufórico com a proximidade do aniversário de 57 anos do golpe militar de 1964, que instaurou uma ditadura no país
✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Rio - Como todo mundo leu, Bolsonaro ficou eufórico com a proximidade do aniversário de 57 anos do golpe militar de 1964, que instaurou uma ditadura no país.
O presidente ainda estava decorando o gabinete com bolas coloridas e bandeirinhas para a comemoração quando os ministros do Exército, Marinha e Aeronáutica entraram na sala.
Imagino que a conversa entre eles, foi mais ou menos essa:
- É seu aniversário, presidente? - perguntou o ministro da Marinha.
- Nada disso daí. Vamos comemorar a Revolução de 1964 - disse o presidente, enquanto soprava uma língua de sogra.
A fala de Bolsonaro celebrando e exaltando o golpe militar de 31 de março de 1964, que instaurou o AI-5 no país, gerou forte reação entre os ministros:
- Revolução, presidente? Nunca houve nenhuma revolução em 64. O que houve foi um golpe militar que depôs o presidente João Goulart - democraticamente eleito - fechou o Congresso, cassou liberdades individuais, assassinou e torturou professores, políticos e jornalistas - retrucou o ministro do Exército.
- E mergulhou o país em uma ditadura que durou 21 anos - completou o ministro da Aeronáutica.
- Que provas temos que houve um golpe militar, além da palavras dos esquerdistas - perguntou o presidente. - Eles estão tentando desacreditar um movimento legítimo dos militares.
- Movimento legitimo? - perguntou o ministro da Aeronáutica, sorrindo.
- Não existe nenhuma prova que houve golpe - disse o presidente - exceto o fato de que algumas pessoas que queriam instalar o comunismo no país, se suicidaram.
O ministro do Exército falou:
- É verdade. As pessoas naquela época costumavam se suicidar quando ouviam Chico Buarque. A única coisa que não consigo entender é como não vimos isso durante todos esses anos.
O ministro da Marinha concordou:
- Na minha cidade 12 pessoas se suicidaram depois de ouvir Geraldo Vandré cantar “Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores”.
- O tal do Wladimir Herzog foi um deles, taokey - disse o presidente.
- O jornalista Herzog se suicidou, presidente? - perguntou o ministro do Exército. - Como alguém consegue se enforcar pendurado em uma janela e com os pés no chão?
- Isso daí já é outra ‘cuestão’, taokey? Acho que só estamos procurando problemas ao darmos ouvidos a tais rumores. Todo mundo vai morrer um dia. Vai ficar lamentando até quando? Chega de mi-mi-mi, porra!
- Mas - disse o ministro da Marinha - a ditadura é uma realidade e o senhor terá que encarar esse problema mais cedo ou mais tarde. Acho que o senhor deveria anunciar que acredita que existiu uma ditadura no país e que pretende renegá-la e não idolatrá-la. Que acredita na vacina, no distanciamento social, que a terra é redonda e que a rachadinha é uma realidade.
- Não existe nenhuma prova de que a terra é redonda - disse o presidente - E depois, meus apoiadores não são lá muito inteligentes, se reconhecermos agora a possibilidade de que a terra é redonda, só iremos confundi-los.
- Seus apoiadores também não acreditam na rachadinha. Acredito que se o senhor anunciar que a terra é redonda e que a rachadinha não é invenção do PT, talvez eles acreditassem.
- Essa ‘cuestão’ da rachadinha, é uma invenção da esquerda, sim.
- Se é uma invenção, presidente, como seu filho comprou uma mansão com ela?
Estão todos demitidos!! - berrou o presidente.
E assim se fez a reforma ministerial.
iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popularAssine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247