Começou o segundo turno

"As duas partes mostram suas armas. Haddad subiu vertiginosamente com o apoio do Lula, um programa e uma campanha de massas. A direita mostra as suas armas: Moro e mídia", diz o sociólogo Emir Sader; "A vitória da esquerda só se dará se articular a luta pela democracia com as lutas concretas de todos os setores da sociedade ameaçados pelas políticas do governo Temer e que seguiriam sendo duramente golpeadas com um eventual novo governo da direita", afirma; o estudioso, no entanto, ressalta: "nem a direita tem o poder para impedir a vitória do Haddad, nem o Haddad já tem o apoio consolidado suficiente para triunfar. A disputa está aberta"

Começou o segundo turno
Começou o segundo turno (Foto: Esq.: Adriano Machado - Reuters / Dir.: Stuckert)


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As duas partes mostram suas armas. Haddad subiu vertiginosamente com o apoio do Lula, um programa e uma campanha de massas. A direita mostra as suas armas: Moro e mídia.

Se é certo que se vota contra no segundo turno, o nível de rejeição se torna decisivo. De um lado, o anti-Bolsonazi. De outro, o anti-petismo.

O anti-Bolsonazi contém as indignações que despertam todas as declarações do candidato da extrema direita, que resumem os valores e as propostas da extrema direita. O anti-petismo, o horror que desperta tudo o que o PT fez no seu governo.

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Uma polarização de classe, mas também uma polarização entre democracia e totalitarismo, entre civilização e barbárie, entre direita e esquerda.

A vitória do Haddad depende de um grande segundo turno, que reúna a todos os setores que se opõem ao que Bolsonazi representa. Dos trabalhadores aos beneficiários das politicas sociais, dos professores aos estudantes, dos trabalhadores aos pequenos proprietários, dos trabalhadores da saúde aos que se beneficiam da saúde publica, das mulheres aos LGBT, dos índios aos quilombolas, das trabalhadoras domesticas aos desempregados, dos negros aos idosos, dos trabalhadores sem terra a todos os da economia familiar, dos jornalistas aos leitores, dos editores aos escritores, dos artistas aos intelectuais, dos democratas aos anarquistas, dos socialistas aos liberais, dos libertários aos sindicalistas, dos jovens às crianças, dos religiosos aos humanistas, dos sacerdotes aos crentes, dos engenheiros aos arquitetos, das donas de casa aos comerciantes, de policiais e militares democráticos. Em suma, reunir a todos os que querem um Brasil mais justo, mais solidário, com empregos e escolas, pluralista, tolerante, pacifico.

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Em suma, a vitória da esquerda só se dará se articular a luta pela democracia com as lutas concretas de todos os setores da sociedade ameaçados pelas políticas do governo Temer e que seguiriam sendo duramente golpeadas com um eventual novo governo da direita. É indispensável alertar a cada setor – da empregada domestica ao estudante, do bancário ao professor – de como os programas do Bolsonazi afetariam sua vida e seus interesses. Não será apenas com a defesa geral da democracia que se conseguirá conquistar e consolidar o apoio da maioria. A democracia não tem esse prestigio todo, infelizmente, na sociedade. As conclamações genéricas contra o perigo do fascismo só chegam a quem já é de esquerda e compreende o seu significado.

A defesa do emprego e da educação são os dois eixos fundamentais do programa do Haddad, que chegam a todo mundo. E' preciso traduzir isso para cada setor social, comparando o que se vivia nos governos do PT com o que o governo golpista produziu e como, um governo do Bolsonazi aprofundaria ainda mais isso, com o questionamento do 13. terceiro, das ferias remuneradas, a cobrança de imposto de renda dos pobres, entre outras conquistas.

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O segundo turno será assim: enfrentamento entre a promoção do medo que o retorno do PT ao governo traria, com manipulação das notícias e das pesquisas, contra retomada do entusiasmo que a candidatura do Haddad e seu programa de combate ao desemprego, de retomada do crescimento econômico despertou na grande maioria do povo.

A operação de contraofensiva da direita pode ter o efeito de brecar o crescimento do Haddad, que precisa ter um novo folego, seguir com as viagens e concentrações populares, incorporar mais diretamente os governadores que o apoiam para completar a transferência de votos do PT e chegar a setores que ainda não foram tocados por suas propostas e se mantem indefinidos. Para isso a dobradinha emprego/escola é o instrumento fundamental.

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Nem a direita tem o poder para impedir a vitória do Haddad, nem o Haddad já tem o apoio consolidado suficiente para triunfar. A disputa está aberta. O favoritismo do Haddad e mantem, pelos apoios já conquistados, pelos votos do Lula ainda por conquistar, porque tem o programa que atende mais diretamente as preocupações da massa da população. Mas a disputa seguira' até o final do segundo turno, que já começou.

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