Com quantos bi se compra o Centrão?

A “PEC do Calote”, como é mais conhecida, também possibilita a criação de outro ‘orçamento paralelo’, numa bola de neve inimaginável que mantém o ex-capitão no poder

(Foto: Michel Jesus/Câmara dos Deputados | ABr)


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Muitos tinham dúvidas do montante envolvido na manutenção da base fiel a Bolsonaro no Congresso Nacional. Havia muita especulação, disse me disse, achismos, mas todos tinham certeza de que muitos dígitos corriam soltos. Finalmente, graças ao jornal Estado de S.Paulo, que teve acesso a documentos que comprovaram toda essa movimentação, já é possível se ter uma ideia – mesmo que parcial – de quanto vale o apoio de deputados e senadores ao genocida.   

Em 2020, através de um acordo entre o governo e o Congresso, foi criado um orçamento paralelo e secreto de R$ 20,1 bilhões, por meio de emendas do relator. Desse valor, R$ 3 bilhões foram destinados ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) e transformados em maquinários pesados, veículos, pontes, calçamentos e inúmeras outras obras eleitoreiras superfaturadas. A brecha, criada pela própria Constituição, até então era usada para realizar alterações técnicas no orçamento, mas o ex-capitão e sua estirpe deram um jeitinho brasileiro de criar um fundo bilionário para comprar apoio de parlamentares.  

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Para se ter ideia, os documentos divulgados comprovam que a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), órgão do governo federal, recebeu R$ 459 milhões oriundos dessa verba para empregar no interior do estado de Pernambuco. Acontece que lá, a companhia é comandada pelo senador Fernando Bezerra Coelho, do MDB.  

Além de utilizar esse recurso para garantir sua reeleição, o congressista ainda destinou parte do valor para empresas ligadas a ele. Deu para entender? Ele aumentou seu eleitorado direcionando verba pública para aquisição de equipamentos e execução de obras e lucrou através das empreiteiras e concessionárias.  

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Ao todo, o jornal Estado de S.Paulo encontrou 101 ofícios que comprovam o envolvimento de 37 deputados e cinco senadores. Nos documentos, esses congressistas determinavam onde e como o dinheiro deveria ser empregado.  

O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) pediu R$ 30 milhões para aquisição de 44 tratores agrícolas, através do Dnocs (Departamento Nacional de Obras contra as Secas. Como se não bastasse o ganho político que o parlamentar obteve com a distribuição do maquinário, ainda foi constatado um superfaturamento de mais de R$ 1,5 milhão na compra. Feito que ajuda a explicar o engavetamento dos 139 pedidos de impeachment. 

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Mas, como já dizia o ministro da propaganda na Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, "uma mentira dita mil vezes torna-se verdade", os envolvidos negam, acusam a mídia de sensacionalismo e dizem que isso é “normal”. 

Nem normal e muito menos aceitável! Faltando dois dias para a votação da PEC dos Precatórios, Bolsonaro liberou quase R$ 910 milhões em emendas para deputados federais votarem segundo seus interesses e o resultado não poderia ser outro além da aprovação da matéria. Pagou, levou! Vale ressaltar que a “PEC do Calote”, como é mais conhecida, também possibilita a criação de outro ‘orçamento paralelo’, numa bola de neve inimaginável que mantém o ex-capitão no poder.  

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Portanto, essa reflexão serve para que fiquemos atentos. Independente do que dizem as pesquisas que sinalizam rejeição e derrota de Bolsonaro em 2022, a guerra ainda não acabou e ele mantém-se firme em tentar alicerçar-se para garantir um bom resultado nas urnas.  

As provas coletadas pelo Jornal Estado de S.Paulo são suficientes para que haja o impeachment, mas Jair segue mais escorregadio que bagre ensaboado. E o Brasil? Coitado, despenca ladeira abaixo.  

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