Com lobista na Petrobras, caos no abastecimento era tragédia anunciada
O caos que vivemos hoje era uma tragédia anunciada com um governo inexistente e um lobista à frente da Petrobras
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A greve de caminhoneiros e empresários de transporte de carga no Brasil, que provocou desabastecimento de tudo no país desvenda componentes básicos, estruturais e políticos.
Um país das dimensões do Brasil não deveria basear seu transporte de riquezas, bens e alimentos apenas no transporte rodoviário.
A maioria dos países do mundo tem ferrovias a nível federal que ocupam papel fundamental no escoamento de cargas e passageiros.
O componente político é óbvio: a culpa do caos que vivemos é do total desgoverno que colocou na presidência da Petrobras um tucano para retomar a política de preços do governo FHC - período em que houve o maior aumento do preço da gasolina no país.
Esse negócio de preço de barril no mercado internacional é uma balela. Não existe preço internacional.
O que existe são preços nacionais e todas as nações civilizadas do mundo, que tem produção de petróleo e governos soberanos, protegem seu povo.
É só verificar. Nos EUA a gasolina custa a metade do preço do Brasil, sendo que lá os salários são muito superiores aos nossos e na Venezuela, país que sofre boicote incessante dos americanos, a gasolina custa 0,50 de real.
Outro componente importante a ser identificado nesta greve de caminhoneiros é que foi feita por dois tipos de atores: os caminhoneiros autônomos, verdadeiros escravos; e os empresários do transporte, que querem que o preço do frete seja corrigido trimestralmente.
Ora, em lugar nenhum do mundo acontece isso. Se for corrigido trimestralmente quem é que vai pagar esta conta? O consumidor, obviamente.
Um governo decente teria tomado medidas preventivas para que as rodovias não fossem fechadas: alertado antes aos empresários do transporte que não permitiria a prática do lockout, considerada ilegal no país.
No lugar de tentar sanar sua incompetência convocando o Exército para desobstruir as estradas, o governo Temer deveria ter baixado decreto limitando o percentual de lucro dos donos de postos de combustíveis e das distribuidoras.
Isso foi feito em Brasília na época da CPI dos Combustíveis. Por meio de ação de minha iniciativa o procurador Leonardo Bessa, da Promotoria de Defesa do Consumidor, entrou na Justiça e ganhamos o tabelamento dos lucros. Na época ficou decidido que não poderia ter lucro acima de 15%.
O caos que vivemos hoje era uma tragédia anunciada com um governo inexistente e um lobista à frente da Petrobras.
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