Com ação terrorista, Trump fortalece plano de reeleição, mas joga EUA e mundo no inferno
"A ação terrorista de Trump é um acontecimento de altíssimo significado geopolítico e militar que vergonhosamente não mereceu a condenação enérgica da ONU e tampouco dos governos satélites e capachos dos EUA, como os do miliciano Jair Bolsonaro e os de muitos países europeus", diz o colunista Jeferson Miola
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A ação terrorista de Donald Trump que culminou no assassinato do general iraniano Qasem Soleimani abre um capítulo imponderável de tensões, incertezas e insegurança no mundo.
É preciso se certificar se existe na história mundial um acontecimento de tamanho valor semiótico, em que o comandante da hiperpotência imperial tenha ordenado o assassinato do mais alto comandante militar de um Estado soberano para ser executado no território dum terceiro Estado!
Nunca é demais lembrar que os EUA jamais ousariam incursionar pelo território iraniano, nação que possui poder nuclear suficiente para dissuadir aventuras invasoras.
A ação terrorista de Trump é um acontecimento de altíssimo significado geopolítico e militar que vergonhosamente não mereceu a condenação enérgica da ONU e tampouco dos governos satélites e capachos dos EUA, como os do miliciano Jair Bolsonaro e os de muitos países europeus.
A Rússia, a China e a França, países que integram o Conselho de Segurança da ONU, condenaram o terrorismo estadunidense e alertaram para os riscos que o banditismo imperial representa para o mundo.
É difícil, neste momento, predizer o que poderá acontecer, inclusive porque a vingança prometida pelo Irã deverá acontecer de modo planejado e estratégico; não será uma reação passional, atabalhoada ou improvisada.
O Irã sabe que, dependendo de sua reação, poderá favorecer a reeleição do fascista que o trata como inimigo capital. Por isso a inteligência do país planeja diligentemente o quê fazer.
O certo, de qualquer modo, é que haverá uma resposta. E deverá ser uma resposta contundente, sistemática e duradoura a este ataque que corresponde a uma declaração de guerra permanente.
As alegações para o ato terrorista – a principal delas, a de que Soleimani programava ações contra os EUA – são falsas, como eram falsas as alegações de Bush-filho em relação às armas químicas do Sadam Houssein. O petróleo também não é, em definitivo, o fator essencial para este empreendimento terrorista do Trump e da elite estadunidense.
São farsas escritas num release ditado por Trump para ser reproduzido pela mídia hegemônica e pelos governos servis aos EUA mundo afora. A ação terrorista do Trump foi motivada por cálculos domésticos da política estadunidense em ano eleitoral, não por fatores de segurança nacional ou de qualquer outra índole.
Trump não é o primeiro nem será o último ditador imperial a declarar guerras com objetivos re-eleitorais. Antes de Trump, nas últimas décadas Reagan, os Bush [pai e filho], Clinton e Obama também provocaram guerras contra inimigos imaginários para alavancar seus planos re-eleitorais.
Bush-pai foi o único deles que não conseguiu se reeleger, apesar da mobilização de guerra contra o Iraque em 1991 [aliás, o Iraque e o Oriente Médio estão sempre presentes como textos e pretextos das eleições dos EUA].
Na política doméstica, Trump enfrenta o impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados, de maioria do Partido Democrata.
O discurso do combate ao “inimigo externo”, por isso, é extremamente funcional e eficaz para neutralizar a opinião como a da deputada democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes [deputados], que diz que Trump declarou guerra sem aprovação prévia do Congresso dos EUA.
Nunca houve, em toda história dos EUA, presidente que tenha sido impedido estando em guerra contra um “inimigo”. E não será desta vez que isso acontecerá.
Com a economia dos EUA controlada, Trump precisaria estancar os danos que a ameaça do impeachment poderiam representar ao seu plano de reeleição.
Com sua ação terrorista, Trump poderá fortalecer seu plano de reeleição. Ele poderá colher fruto re-eleitoral no curto prazo, mas deverá jogar os EUA e o mundo no inferno.
Trump é um criminoso que deveria responder no Tribunal Penal Internacional de Haia.
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