Com ação terrorista, Trump fortalece plano de reeleição, mas joga EUA e mundo no inferno

"A ação terrorista de Trump é um acontecimento de altíssimo significado geopolítico e militar que vergonhosamente não mereceu a condenação enérgica da ONU e tampouco dos governos satélites e capachos dos EUA, como os do miliciano Jair Bolsonaro e os de muitos países europeus", diz o colunista Jeferson Miola

(Foto: Marcos Corrêa/PR | Reuters)


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A ação terrorista de Donald Trump que culminou no assassinato do general iraniano Qasem Soleimani abre um capítulo imponderável de tensões, incertezas e insegurança no mundo.

É preciso se certificar se existe na história mundial um acontecimento de tamanho valor semiótico, em que o comandante da hiperpotência imperial tenha ordenado o assassinato do mais alto comandante militar de um Estado soberano para ser executado no território dum terceiro Estado!

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Nunca é demais lembrar que os EUA jamais ousariam incursionar pelo território iraniano, nação que possui poder nuclear suficiente para dissuadir aventuras invasoras.

A ação terrorista de Trump é um acontecimento de altíssimo significado geopolítico e militar que vergonhosamente não mereceu a condenação enérgica da ONU e tampouco dos governos satélites e capachos dos EUA, como os do miliciano Jair Bolsonaro e os de muitos países europeus.

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A Rússia, a China e a França, países que integram o Conselho de Segurança da ONU, condenaram o terrorismo estadunidense e alertaram para os riscos que o banditismo imperial representa para o mundo.

É difícil, neste momento, predizer o que poderá acontecer, inclusive porque a vingança prometida pelo Irã deverá acontecer de modo planejado e estratégico; não será uma reação passional, atabalhoada ou improvisada.

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O Irã sabe que, dependendo de sua reação, poderá favorecer a reeleição do fascista que o trata como inimigo capital. Por isso a inteligência do país planeja diligentemente o quê fazer.

O certo, de qualquer modo, é que haverá uma resposta. E deverá ser uma resposta contundente, sistemática e duradoura a este ataque que corresponde a uma declaração de guerra permanente.

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As alegações para o ato terrorista – a principal delas, a de que Soleimani programava ações contra os EUA – são falsas, como eram falsas as alegações de Bush-filho em relação às armas químicas do Sadam Houssein. O petróleo também não é, em definitivo, o fator essencial para este empreendimento terrorista do Trump e da elite estadunidense.

São farsas escritas num release ditado por Trump para ser reproduzido pela mídia hegemônica e pelos governos servis aos EUA mundo afora. A ação terrorista do Trump foi motivada por cálculos domésticos da política estadunidense em ano eleitoral, não por fatores de segurança nacional ou de qualquer outra índole.

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Trump não é o primeiro nem será o último ditador imperial a declarar guerras com objetivos re-eleitorais. Antes de Trump, nas últimas décadas Reagan, os Bush [pai e filho], Clinton e Obama também provocaram guerras contra inimigos imaginários para alavancar seus planos re-eleitorais.

Bush-pai foi o único deles que não conseguiu se reeleger, apesar da mobilização de guerra contra o Iraque em 1991 [aliás, o Iraque e o Oriente Médio estão sempre presentes como textos e pretextos das eleições dos EUA].

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Na política doméstica, Trump enfrenta o impeachment aprovado pela Câmara dos Deputados, de maioria do Partido Democrata.

O discurso do combate ao “inimigo externo”, por isso, é extremamente funcional e eficaz para neutralizar a opinião como a da deputada democrata Nancy Pelosi, presidente da Câmara dos Representantes [deputados], que diz que Trump declarou guerra sem aprovação prévia do Congresso dos EUA.

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Nunca houve, em toda história dos EUA, presidente que tenha sido impedido estando em guerra contra um “inimigo”. E não será desta vez que isso acontecerá.

Com a economia dos EUA controlada, Trump precisaria estancar os danos que a ameaça do impeachment poderiam representar ao seu plano de reeleição.

Com sua ação terrorista, Trump poderá fortalecer seu plano de reeleição. Ele poderá colher fruto re-eleitoral no curto prazo, mas deverá jogar os EUA e o mundo no inferno.

Trump é um criminoso que deveria responder no Tribunal Penal Internacional de Haia.

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