CNBB fechada com Francisco

A CNBB ainda não condenou a perseguição a Lula e o golpe em Dilma, mas está em sintonia com o Papa Francisco no trato das questões sociais

Papa Francisco durante reunião com participantes da assembleia-geral da Confederação Italiana da Indústria no Vaticano
Papa Francisco durante reunião com participantes da assembleia-geral da Confederação Italiana da Indústria no Vaticano (Foto: REUTERS/Yara Nardi)


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A perseguição jurídica, política e midiática a Lula e o golpe constituído pelo impeachment de Dilma Rousseff foram assim reconhecidos pelo Papa Francisco em entrevista ao canal de notícias argentino C5N. Francisco é um líder progressista, que combate com a força da palavra as injustiças sociais e luta para derrubar dogmas milenares. Não poderia estar do outro lado.

Francisco incomoda não só os poderosos responsáveis pela desigualdade extrema, mas também seus pares conservadores no âmbito da Igreja Católica, que insistem na preservação de uma Igreja cuja única função seria o conforto espiritual dos desesperados. Para o Papa Francisco, a inação diante do sofrimento não condiz com a fé católica, tampouco o silêncio perante a injustiça.   

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Não são poucos os padres bolsonaristas enrustidos, aqueles que dedicam suas homilias a alertar as famílias para o perigo comunista – valha-nos, Deus! Para sorte dos católicos brasileiros em geral, a CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - está fechada com Francisco.

As 100 páginas descritivas da Campanha da Fraternidade 2023 compõem um retrato fiel do Brasil injusto e faminto. E evoca uma fé atuante buscando seu mote no Evangelho segundo Mateus: “Dai-lhes vós mesmos de comer”.

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A fome carrega tanto o caráter de padecimento físico como a simbologia da exploração do homem pelo homem. Não há razão econômica que a justifique. Francisco bem diagnosticou durante as comemorações dos 75 anos da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura: “Para a humanidade, a fome não é só uma tragédia, mas também uma vergonha. Em grande parte, é provocada pela distribuição desigual dos frutos da terra, à qual se acrescentam a falta de investimentos no setor agrícola, as consequências das mudanças climáticas e o aumento dos conflitos em várias regiões do planeta. Por outro lado, descartam-se toneladas de alimentos. Diante desta realidade, não podemos permanecer insensíveis ou paralisados. Somos todos responsáveis”.

O cinismo de quem tenta pespegar cores partidárias em quem denuncia as causas da fome e da desigualdade ampla é eloquente. Não é a ideologia, mas o senso de justiça que chama à indignação quando comida é chamada de commodity. 

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No Brasil, como bem descreve a CNBB no texto-base da Campanha da Fraternidade 2023, a fome não é problema ocasional, mas social, coletivo, estrutural e “reproduzido no curso ordinário da sociedade, que normatiza e naturaliza a desigualdade - é um projeto de manutenção da miséria em vista de perpetuação no poder”. 

Eis mais um trecho do texto-base da Campanha, este de fazer corar os “fiéis” da pátria, da família e da liberdade: “A crise econômica se alia, por exemplo, a uma conjuntura difícil no mercado de trabalho, dada a precarização da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), promovida pela reforma trabalhista de 2017 (Lei n. 13.467). O desemprego e o subemprego, ou trabalho informal, sem as necessárias seguranças institucionais, não podem faltar na lista das causas da fome no Brasil. É o trabalho assegurado e devidamente remunerado que possibilita ao ser humano comer com dignidade”.

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 A CNBB ainda não condenou a perseguição a Lula e o golpe em Dilma, mas está em sintonia com o Papa Francisco no trato das questões sociais.

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