Ciro Gomes e as luzes da ribalta

As luzes da ribalta estão acesas. Ciro agora pode mostrar a sua verdadeira cara em seu teatro político. Quer defender a democracia e vencer o golpe? Retira a sua candidatura. Quer dividir a esquerda e bater no PT, chamando o Haddad de “candidato poste”, depois de afagar tanto a direita, incluindo Bolsonaro...? OK... A História e seus próprios eleitores reunirão condições de julgar e tirar suas próprias conclusões

Ciro Gomes e as luzes da ribalta
Ciro Gomes e as luzes da ribalta (Foto: José Cruz/Agência Brasil)


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A grande imprensa e o mercado preferem qualquer candidato, menos Haddad. Isso é lógico. Qualquer um sabe.

A aposta da vez é Ciro Gomes, usado em projeções farsescas do segundo turno, para tentar se criar a pseudo ideia de que ele seria o grande “nome forte” e o “único capaz de vencer Bolsonaro”.

Ainda que aceitássemos a precária tese de que esse candidato representa a centro-esquerda ou setores progressistas, sua vitória fariam as garrafas de champanhe estourarem nas Bolsas de Valores.

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Isso por uma série de razões, começando pela mais simples: Ciro além de não ter bancada significativa (nem no Congresso e nem no Senado) não possui qualquer capilaridade nos movimentos sindicais e nos movimentos sociais como um todo. E por essa razão, terá que fazer não uma coalisão com a direita... mas dar - na prática - o poder para a mesma.

Agora há outras razões: Ciro defende um modelo neoliberal pautado nos valores que lhe ensinaram nos bancos escolares de Harvard.

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Com Mangabeira Unger escreveu dezenas de artigos e até mesmo um livro onde defende a “desideologização das estatais” e sua privatização em benefício de uma poupança estatal; defende que os salários (inclusive o mínimo) deveria ser determinado pelos empresários, acredita que o Estado não deve intervir no currículo escolar e pensa em uma reforma previdenciária onde o próprio Estado jogaria as colaborações dos trabalhadores no cassino do mercado financeiro.

Mas alguns poderiam dizer que esses ideais “são antigos, escritos há longos 12 meses atrás...” Mas vejam como Ciro em nada mudou: agora ele surge como o “candidato que vai limpar seu nome do SPC". Muito simpática a ideia... Mas como? Fazendo com que os débitos (bad loans) sejam refinanciados pelo Estado em conjunto com os bancos...

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Ora... Mas é exatamente esse tipo de operação que adoça a boca dos banqueiros e é um mecanismo ordinário de operação no sistema financeiro, quando os Bancos vendem pacotes de débitos de inadimplentes para empresas de cobranças que atormentam a vida dos trabalhadores propondo renegociação com descontos.

O “bom coronel”, que vai tirar o seu nome do SPC, quer se tornar apenas no chefe de uma grande empresa de agiotagem para negociar débitos vencidos com os Bancos... Nada mais conveniente para os banqueiros.

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Caso Ciro falasse em reestruturar as leis de crime contra a economia popular, impedindo que os bancos aplicassem juros astronômicos no crédito do trabalhador e na sua dívida, aí estaríamos começando a falar em um (ainda discreto) enfrentamento com os bancos.

O povo está inadimplente. O certo é alavancar a economia, criar mais empregos e fortalecer os bancos públicos. E nada disso passa pelo programa de Ciro. Assim como nada passa no quesito da reversão da reforma trabalhista e previdenciária, na DRU, nas privatizações, na ingerência do judiciário, etc...

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O que são feitas são retóricas de ocasião. Mas o Ciro Gomes verdadeiro é aquele que em maio, para tentar uma aliança com o DEM, pediu ao seu presidente para apontar a quem ele deveria pedir perdão, que o faria imediatamente. No mesmo mês chamava uma aliança com Marina de “um sonho maravilhoso” e no passado um pouco mais remoto (2010) fazia juras de amor ao Aécio Neves, assim como hoje chama o fascista Bolsonaro de “amigo parlamentar”.

Mas nada disso surpreende... Um homem que já foi do ARENA, do PMDB, do PSDB, do PPS, ou seja, todos partidos da direita que hoje governam o país... e que agora se refugia num PDT que não é nem sombra do que era na época do Brizola, nada é esperado além de fazer juras de amor pela manhã para a direita, namorar o centro à tarde e à noite se dirigir para sua militância em tom de esquerda.

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Nas próximas pesquisas Haddad ficará em segundo lugar encostado em Bolsonaro, salvo haja manipulação dos institutos, o que não seria inédito. Aliás, já é bem provável que a última pesquisa já tenha ocultado isso... Mas continuará a se bater na tecla de que Haddad perde no segundo turno... Isso para se tentar evitar que ele acabe o primeiro turno em primeiro lugar.

Mas ainda que fossem verdadeiras as pesquisas e que Haddad experimentasse dificuldades no segundo turno, aqui valeria um movimento político óbvio para alguém que se diz progressista: Ciro retira a sua candidatura e apoia Haddad e a eleição é decidida no primeiro turno. Pronto. O golpe está derrotado. A democracia está salvaguardada.

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Mas Ciro Gomes faria isso? Lógico que não! Porque ele não é contra o golpe, ele é parte do mesmo. Porque ele não é um candidato pela democracia, mas um marionete da ditadura do mercado. Ciro se opôs ao impeachment de Dilma por oportunismo e para ajudar a direita a destruir o seu maior inimigo, o PT, colocando-se como sucessor de Lula e da esquerda. Falhou miseravelmente nessa missão.

Lula sabe disso, todo mundo da esquerda sabe disso... Os únicos que não acreditam nisso e, de uma certa forma, são progressistas, são seus cabos eleitorais que se iludem com sua retórica de confronto nas redes sociais, se prostrando como um intelectual entendido de economia.

Bom... não por acaso o PT tem Haddad, um político que academicamente e por experiência sabe muito mais de economia, filosofia, ciências políticas e História do que Ciro. E não trai a esquerda, os movimentos sociais e nunca pediu para pedir perdão ao DEM.

As luzes da ribalta estão acesas. Ciro agora pode mostrar a sua verdadeira cara em seu teatro político. Quer defender a democracia e vencer o golpe? Retira a sua candidatura. Quer dividir a esquerda e bater no PT, chamando o Haddad de “candidato poste”, depois de afagar tanto a direita, incluindo Bolsonaro...? OK... A História e seus próprios eleitores reunirão condições de julgar e tirar suas próprias conclusões.

Essas mesmas luzes já revelaram quem é Haddad. Ele sim é a vitória da democracia, ele é a liberdade de Lula, ele é a derrota do golpe, ele é a soberana justiça popular triunfando sobre a justiça da Rede Globo e do juiz Moro... E seu número é 13.

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