Cinema: Manobra de craques

“Derrapada” discute em que medida maternidade e paternidade precoces afetam a vida dos jovens, sua condição no presente e seus planos de futuro



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Uma namorada negra, uma mãe que vende bolos e doces, um ídolo skatista brasileiro, uma infância passada em Cataguases, uma escola ocupada pelos alunos que reivindicavam ensino de qualidade em 2016... São alguns ingredientes com que Pedro Amorim, Izabella Faya e Ana Pacheco adaptaram para o Rio de Janeiro o romance Slam, do inglês Nick Hornby (o mesmo autor de Alta Fidelidade e About a Boy). Na Itália o livro já tinha sido levado ao cinema em 2016. A transposição brasileira se mostra agora muito feliz em todos os aspectos, conservando tanto a riqueza temática do livro quanto o seu ritmo veloz e sua combinação de drama e comédia.
O título Derrapada tem um duplo sentido: refere-se às muitas quedas de Samuca (Matheus Costa) enquanto tenta suas manobras no skate, inspirado pelo ídolo Bob Burnquist, e à surpresa de, aos 17 anos, estar à beira de ser pai. Sua namoradinha Alicia (Heslaine Vieira), poeta engajadíssima na ocupação da escola onde ambos estudam, engravida e quer ter o filho.
Samuca se vê repetindo a história de sua mãe (Nanda Costa), que engravidou aos 17 anos. Há também referências à gravidez adolescente na família de Alicia. Ou seja, é uma questão frequente na Inglaterra como no Brasil. O que a face dramática de Derrapada discute é em que medida maternidade e paternidade precoces afetam a vida dos jovens, sua condição no presente e seus planos de futuro.

O foco do romance de formação está principalmente em Samuca, garoto retraído e inexperiente, mais esperto ao falar diretamente com o espectador do que com os demais personagens. Alicia, por sua vez, conduz sua história pessoal com mais autonomia. Pelo menos até a criança nascer e a nova realidade se impor. Além de tudo, Samuca ainda precisa lidar com um pai meio calhorda (Augusto Madeira) e a atração que sua mãe jovem e sensual exerce sobre os amigos dele e especialmente sobre um certo professor de Geografia (Felipe Rocha). 

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Pedro Amorim administra esse cruzamento de pistas dramatúrgicas com a categoria de um exímio skatista. Derrapada tem ritmo impecável, com inserções oportunas de humor em meio aos momentos mais tensos e toques de animação maneiros. O elenco está igualmente irrepreeensível. A maior responsabilidade recai sobre Matheus Rocha, que responde à perfeição ao seu personagem perplexo diante do roldão de acontecimentos que o atinge, dividido entre as demandas da vida adulta que chega de repente e o prazer adolescente das pistas de skate.    
Não faltam clichês simpáticos como as saias justas na mesa dos pais, o amigo irreverente que cumpre quase somente uma função dialógica e a inserção forçada de uma cidade como contrapartida a uma participação na produção. Mas isso está longe de tirar o equilíbrio e a fluência desse delicioso boardslide cinematográfico.

 

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>> Derrapada está nos cinemas.

O trailer:

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https://www.youtube.com/watch?v=1Vr0dRb7SLM

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