Cinema Contra o Golpe

Nesta quarta-feira, 31/8, exatos seis anos depois da conclusão do processo de impeachment de Dilma Rousseff, vou lançar meu site-livro Cinema Contra o Golpe



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Eu identifico três grandes ímpetos políticos no documentário brasileiro moderno. O primeiro foi na fase final do Cinema Novo, quando cineastas como Olney São Paulo, Leon Hirszman, Geraldo Sarno, Joaquim Pedro de Andrade e Vladimir Carvalho atuaram nas brechas da censura para denunciar as desigualdades sociais e fustigar a ditadura. O segundo veio nos começos da redemocratização, com os filmes sobre as greves dos metalúrgicos e, um pouco mais adiante, os sucessos de Silvio Tendler e a efeméride Cabra Marcado para Morrer.

O terceiro ímpeto se deu a partir dos protestos de 2013. Até então, o documentário brasileiro vinha se caracterizando, de um lado, pelos filmes musicais e esportivos que buscavam uma aceitação maior por parte do público e, de outro, pela vertente sócio-antropológica liderada pelos "filmes de conversa" de Eduardo Coutinho. Havia, ainda, o filão da revisita a ocorrências e personagens do regime militar, mas sem maiores repercussões em relação à atualidade do país. 

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As Jornadas de Junho e suas consequências na vida nacional foram responsáveis por estimular uma repolitização do nosso documentário, que se estende até os dias de hoje. 

Não quero dizer com isso que os filmes sócio-antropológicos e mesmo outros não tinham seu teor político. Refiro-me aqui a uma abordagem direta dos fatos políticos e uma postura frontal de intervenção nas narrativas históricas em tempo presente. O conturbado processo político vivido entre 2013 e 2018 foi amplamente escrutinado pelo documentário, num conjunto de filmes majoritariamente vigorosos e críticos das dinâmicas adotadas pelos três poderes, pela mídia e pela sociedade civil.

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encantado
Cena do filme "Encantado - O Brasil em desencanto"

Em meu novo site-livro Cinema Contra o Golpe, eu reúno textos meus e de outros autores sobre 44 filmes que registraram, analisaram, criticaram, denunciaram ou contestaram o que se passava no país naqueles anos. Para marcar o lançamento, eu, a cineasta e midiativista Julia Mariano e o crítico Filippo Pitanga faremos uma live nos canais do Gustavo Conde nesta quarta-feira, 31 de agosto, às 17h30.

Entre filmes de observação, de explanação e de intervenção direta, esses documentários cobrem as Jornadas de Junho, a operação Lava Jato, a perseguição a Lula, o processo de impeachment, o governo Temer, as revelações da Vaza Jato, a ascensão da extrema-direita e a eleição de Jair Bolsonaro. As abordagens incluem os papéis do Congresso, do Judiciário, da mídia, das militâncias e de uma sociedade dividida entre a opção pela democracia e as tentações autoritárias que perpetuam o pensamento escravista e patrimonialista no Brasil.

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​Há produções de várias regiões do país e também algumas oriundas do exterior. Incluem filmes de coletivos e algumas minisséries. Todos os 44 títulos se posicionam contra o autoritarismo e o fascismo, ainda que alguns possam expor críticas à esquerda. Não estão contemplados os filmes produzidos pela extrema-direita, que obviamente se colocavam a favor do golpe de 2016. Da mesma forma, não foram incluídos os filmes realizados a propósito do governo Bolsonaro especificamente quando não remontavam a suas origens nos anos anteriores a 2018.

A cada filme se referem de um a quatro textos de autores diferentes, entre críticos, jornalistas, articulistas, ativistas e cineastas. Tal como os filmes, os textos também variam do simples comentário à discussão crítica e ao engajamento mais explícito.  

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Convido todos a conhecerem o site-livro a partir de quarta-feira neste link e também a assistirem à live de lançamento às 17h30 no canal de Youtube do Gustavo Conde.

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