Cinco lições para derrotarmos Bolsonaro

"Temos que partir para a guerra contra Bolsonaro, falarmos sobre as suas realizações como deputado, mostrarmos seu patrimônio ocultado, sua submissão às reformas de Temer e a ameaça real de ele cortar ainda mais direitos", diz o historiador Carlos d'Incao. "Bolsonaro deve ser visto como o inimigo número um dos trabalhadores. Campanhas como #Elenão apenas junta aqueles e aquelas que já nos apoiam... a campanha deve ser #Eleédosricos e #Eleédopatrão ou #Eleodeiapobre. Desmascarar Bolsonaro é preciso. A guerra vai existir. O Brasil vai se dividir. Mas temos que ir para o ataque e dividir a direita para conquistar o Brasil e entregá-lo de volta ao povo"

Cinco lições para derrotarmos Bolsonaro
Cinco lições para derrotarmos Bolsonaro (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)


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1 - SE NÃO FALARMOS COM O POVO, PERDEREMOS PARA O FASCISMO

O fenômeno fascista não é de hoje. Sempre penetrou nas camadas populares com a facilidade de prometer o novo contra o velho blá, blá, blá dos políticos tradicionais. Esses setores populares, facilmente cooptados pela direita reacionária, por muito tempo ficou nas mãos do Lulismo.

Lula não conquistou essa massa com maestria intelectual e palavras difíceis. Ao contrário, a atingiu com promessas concretas para os graves problemas pelo qual o povo estava atravessando.

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Caso o PT não tenha aprendido com o Lula essas lições, o teto dos 20% estará na cabeça da esquerda e a direita fascista vai ganhar com sobras no segundo turno e com todo o apoio da direita tradicional e do grande capital.

E temos que entender que esse povo vive uma vida dura, está desesperançado e descrente nas soluções e na retórica que apenas fica no entorno do politicamente correto, que na prática soa como discurso do "establishment burguês", o que não deixa de ser verdade. Contra esse "establishment" Trump foi eleito e, se nada fizermos, Bolsonaro será eleito aqui também.

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2 - TEMOS QUE PARAR DE FALAR PARA NÓS MESMOS

Falar para as feministas, os grupos progressistas ligados ao movimento LGBT, os setores de consciência negra, intelectuais, democratas, os experts de direito penal internacional, grupos da Teologia da Libertação, sindicatos e partidos que já nos apoiam... nada disso levará a nada.

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Arrombaremos portas abertas e o máximo que podemos escutar é aplausos mais fortes dependendo da eloquência com a qual falamos.

Mas em nada fará com que cresçamos se não invadirmos de forma progressista e fulminante as áreas do nosso inimigo.

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3 - DEVEMOS LANÇAR UM PLANO EMERGENCIAL DE SEGURANÇA NACIONAL QUE SEJA RADICAL E DIRETIVO - PARA ENFRENTARMOS A QUESTÃO DA VIOLÊNCIA URBANA

Ninguém aqui é ignorante. Todos sabemos que a violência é um problema que só será erradicado com reformas infraestruturais profundas e que passará por um necessário tripé: redução das injustiças sociais, aumento da educação do povo e geração de um estado de pleno emprego.

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Mas não ser ignorante, não significa deixar de ser inocente.

O povo que se volta para Bolsonaro também sabe que tudo isso é necessário e, queiramos ou não, temos que aceitar o ceticismo desses eleitores de que essas reformas de fato não serão implementadas da noite para o dia e muito menos possuiremos maioria no congresso para aprovarmos as mesmas.

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Por essa razão Bolsonaro possui a simpatia com propostas do tipo "armar o cidadão de bem" e ampliar a violência policial.

E nós que somos da esquerda? Nós que já tivemos tantas lutas nacionais e internacionais, não temos um plano emergencial?

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Quando o povo trabalhador sofre a violência urbana cotidiana, vê sua televisão (por vezes sua única forma de lazer ) ser roubada por traficantes, suas filhas e filhos sofrerem abusos de criminosos que se valem da ausência do Estado para impôr sua própria forma de justiça na periferia... não temos nada a dizer além do discurso pequeno burguês dos Direitos Humanos?

Se assim for, devemos admitir que Bolsonaro dialoga com mais humanidade com os trabalhadores quando lhe dá uma esperança de reestabelecer - se não a "plena solução complexa" da criminalidade urbana - ao menos um discurso que tenta alcançar o sentido semântico do que é justiça.

Em épocas de depressão econômica toda a esquerda mundial costuma se atolar no labirinto dos princípios dos Direitos Humanos e tem - no final do dia - um discurso de inversão de valores, defendendo o "lumping proletariado" e os marginais, em detrimento da maioria da classe trabalhadora.

Assim sendo, em tempos de descalabro social a esquerda, se quiser conquistar o poder do Estado, não apenas pode como deve ter planos de emergência, que possuem eficiência limitada, mas restabelece com a classe trabalhadora o sentido semântico do que é "justiça".

Em primeiro lugar a esquerda deve defender a obrigatoriedade da reeducação pelo trabalho aos detentos que cometeram pequenos e médios delitos, desafogando os presídios e fazendo com que metade dos rendimentos dos delinquentes sejam repassados, à título indenizatório, às vítimas ou às suas famílias.

Em segundo lugar, devemos estabelecer a Pena Capital para crimes hediondos. Somos o país que mais possui linchamentos no Mundo. E, verdade seja dita, essa pena capital já existe na prática para estupradores, homicidas, etc. Muitos desses que sofrem essa "pena capital informal" nem tiveram seu direito de defesa. Ignorar isso é uma desumanidade.

Em um plano emergencial de segurança, a Pena Capital pode e deve ser estabelecida de modo a evitar a barbárie da ajustiçamento e ao mesmo tempo estancar os inúmeros casos onde o criminoso é solto em poucos anos para cometer, frequentemente, os mesmos crimes.

Afinal, em qual país socialista dois criminosos estupram uma mulher trabalhadora e depois queimam o seu corpo e são apenas presos? Em Cuba e na China eles são fuzilados e as suas famílias ainda pagam as balas.

Se caminharmos apenas na cultura da esquerda pequeno-burguesa pacifista, seremos devorados pelo fascismo.

No caso de liberação de armas, podemos propor a formação de polícias comunitárias. Onde isso é reacionário? Pelo contrário, esse tipo de policiamento costuma ser melhor gerenciado e dialoga diretamente com as comunidades, evitando a corrupção e a brutalidade da polícia tradicional.

E a guerra ao tráfico, deve ser feita em sua raiz, ou seja: o povo quer ver gente graúda ser presa.

Na questão dos menores infratores, a URSS dos anos 30 teve excelente êxito em seu combate criminalizando também os pais por abandono da paternidade. Na prática significa dizer ao molecão que mata sem dó, que talvez sua mãe poderá ser co-responsabilizada pelo crime. Isso talvez o faça pensar duas vezes antes de matar.

O que o povo não quer, com certeza, é nenhuma proposta ou um cheque pré-datado para o dia de São Nunca para dialogar sobre a concepção de justiça. Lembrando sempre de que se trata de um plano emergencial.

Se nada entregarmos, em nada cresceremos. Se alguém acha esse caminho perigoso, então aceite o caminho do fascismo.

4 - TEMOS QUE PROPOR O EMPODERAMENTO DOS MILITARES DE BAIXA E MÉDIA PATENTE E CRIARMOS UMA GUARDA POPULAR CONSTITUCIONAL PARA MANTER UM NOVO EQUILÍBRIO DE PODERES

Os generais que apoiam Bolsonaro, não sabem e/ou ignoram a situação de suas tropas. A turma da baixa patente precisa ter acesso a sindicatos de classe, isto é, precisa ser proletarizada.

Os oficiais de média patente precisam assumir um protagonismo mais ativo na sociedade, sendo promovidos ao generalato por atos de coragem, bravura e defesa da pátria, outorgados pelo presidente da República.

Ampliar o generalato é fundamental para nos protegermos do golpismo e ao mesmo tempo democratizarmos o nosso exército. Hoje os generais passam por um pente fino do reacionarismo para exercer cargos de alto comando.

Isso precisa mudar.

Revigorar a carreira militar de modo a democratizar essa instituição e, ao mesmo tempo, valorizar as suas carreiras é um plano de fundamental importância.

Pois se um golpe militar é possível, com certeza ele poderá ser desarmado pela base, quando os soldados e tenentes souberem que serão mais valorizados com aqueles que seus generais mandam degolar.

Por fim, devemos criar uma nova Guarda Popular Constitucional com o propósito de defender os valores da constituição federal. Caberá a ela defender os resultados das urnas, o cumprimento da ordem constitucional, podendo ter o poder de prisão sobre qualquer um (de juizes a deputados) que pisotearem sobre a nossa carta constitucional.

Os imperadores romanos tinham sob o seu comando a chamada Guarda Pretória, uma força de elite que respondia aos interesses do Império e possuía um sofisticado sistema de defesa e inteligência para evitar conspirações contra a República Romana. Por mais de 400 anos, centenas de golpes foram tentados contra a República. Nenhum nunca obteve êxito.

Estamos diante de um descalabro constitucional dirigido de cima para baixo. Não tenhamos esperanças de que poderemos evitar a Ditadura da Toga sem criarmos mecanismos democráticos para reestabelecer a ordem constitucional.

E o povo apoia um exército popular e defensor de seus direitos.

5 - DEVEMOS CONVERSAR COM OS ELEITORES SOBRE A REAL FACE SERVILISTA DO FASCISMO DE BOLSONARO

Por fim, temos que partir para a guerra contra Bolsonaro, falarmos sobre as suas realizações como deputado, mostrarmos seu patrimônio ocultado, sua submissão às reformas de Temer e a ameaça real de ele cortar ainda mais direitos.

Bolsonaro deve ser visto como o inimigo número um dos trabalhadores. Campanhas como #Elenão apenas junta aqueles e aquelas que já nos apoiam... a campanha deve ser #Eleédosricos e #Eleédopatrão ou #Eleodeiapobre.

Desmascarar Bolsonaro é preciso. A guerra vai existir. O Brasil vai se dividir. Mas temos que ir para o ataque e dividir a direita para conquistar o Brasil e entregá-lo de volta ao povo.

Seguindo essas 5 dicas é certo que derrotaremos o fascismo e libertaremos o país da ameaça golpista. Mas é preciso seguir tudo isso À RISCA e COM CONVICÇÃO.

POR FAVOR: COMPARTILHEM E FAÇAMOS O NOSSO DEVER.

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