Cinco anos depois da facada, Santa Casa de Juiz de Fora é alvo de escândalo

"O MPF e a PF confiscaram celulares de vários funcionários", escreve a colunista Denise Assis em refrência à Santa Casa de Juiz de Fora

(Foto: MP-MG (Divulgação))


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Quase cinco anos depois do episódio da “facada” desferida contra o candidato à presidência, Jair Bolsonaro, em 6 de setembro de 2018, e que impulsionou a sua vitória, o Ministério Público – MG auxiliado pelo MP – RJ apura desvio de recursos públicos recebidos pela Santa Casa de Juiz de Fora (Zona da Mata – MG), hospital para o qual Bolsonaro foi levado em 10 minutos, tão logo houve a movimentação, no Centro. A “facada” aconteceu às vésperas do primeiro turno daquela eleição.

A descoberta do desvio de recursos prevê a indisponibilidade de bens calculados em mais de R$ 8,5 milhões, afastamento de cargos e empregos, sequestro de imóveis, além de mandados de busca e apreensão. O escândalo estourou nesta quinta-feira (15/06), e foi notícia no principal jornal da cidade, o “Tribuna de Minas”.

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O suposto desvio milionário de recursos públicos recebidos pela Santa Casa de Misericórdia está sendo investigado pela 22ª Promotoria de Justiça de Juiz de Fora e da Coordenadoria Regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde da Macrorregião Sanitária Sudeste, que determinou a indisponibilidade de bens, além de mandados de busca e apreensão cumpridos no município e no Rio.

Provas produzidas e apresentadas para o Poder Judiciário indicam que os ilícitos apurados podem ter provocado desvio de verbas da área de saúde de cifras milionárias”, destaca a assessoria do MP, que também contou com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) da Zona da Mata. As ordens judiciais foram expedidas pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Juiz de Fora, com base nas provas apresentadas.

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Conforme divulgado pelo MP, a indisponibilidade de ativos financeiros chegam a R$ 8.679.400,84. Também estão sendo efetivadas medidas cautelares criminais diversas, que incluíram o afastamento do cargo de presidente da instituição, Renato Loures. O MP determinou, ainda, a suspensão de contratos identificados como suspeitos.

A operação, segundo divulgou o MPMG, “visa a estancar o desvio de verbas da área da saúde e arrecadar as últimas provas para demonstrar a individualização da participação e do favorecimento indevido dos envolvidos.” Em nota, a Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora informou que a instituição já vinha colaborando com as investigações e que “isso seguirá sendo feito”.

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Conforme a assessoria do MPMG, as investigações começaram a partir de denúncias encaminhadas ao órgão que “reportavam favorecimentos pessoais e desvio de recursos públicos e privados da área de saúde”.

O processo corre sob sigilo judicial, por isto não foram fornecidos detalhes do caso. O que se sabe, porém, é que Renato Loures estava no cargo na época do episódio envolvendo Jair Bolsonaro. O então candidato recebeu os primeiros socorros e realizou procedimentos cirúrgicos na unidade de saúde após o incidente, durante ato de campanha.

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Em meio a conversas e boatos, correm muitas histórias em torno de Loures.

Segundo declarações em off, o Dr. Renato Loures fugiu na noite de quinta, pela porta dos fundos da área de emergência do hospital, em direção ao Rio, onde sua filha é arquiteta e tem um escritório. Foi preso nesta sexta-feira, nesse escritório que presta serviços de arquitetura para a Santa Casa. Essas informações, no entanto, são extraoficiais, pois conforme dito acima, tudo corre sob sigilo judicial. 

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O hospital é filantrópico e, ainda de acordo com revelações em off, o gerente financeiro está foragido. No lugar de Renato Loures, assumiu o Padre Leles, diretor-secretário da Santa Casa de Juiz de Fora e capelão da Capela Senhor do Passos. O MPF e a PF confiscaram celulares de vários funcionários. Numa tentativa de surfar na onda da “facada”, Loures tentou sair candidato a prefeito, nas eleições seguintes ao episódio, mas a candidatura não vingou.

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